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Eu ainda estava tremendo quando entrei no meu quarto depois do meu primeiro encontro com Cassio. Ele tinha sido intenso e frio, para não mencionar dominante. Mandando que eu trocasse de roupa?

Como ele ousa?

"Aí está você! Onde você estava?", perguntou minha mãe, me conduzindo em direção ao meu closet. "Precisamos te arrumar . Pelo amor de Deus, Giulia, o que você está vestindo?"

Ela puxou minhas roupas até que eu comecei a me despir, ainda em transe. Minha mãe me lançou um olhar curioso. "O que há com você?"

"Nada", eu disse baixinho.

Minha mãe se virou para a seleção de vestidos que ela deve ter espalhado no banco antes de eu chegar. "Não acredito que você não tem um único vestido decente."

Eu sempre evitei ir a eventos oficiais porque odiava a atitude insincera de bajulação e traição daqueles que compareciam. "O que há de errado com os vestidos que eu tenho?"

Minha mãe tinha escolhido os três vestidos menos peculiares da minha coleção. Todos eles estavam no meu estilo retrô favorito de Audrey Hepburn. Mamãe pegou um vestido azul-celeste com bolinhas brancas. "Você não tem nada de cor sólida?"

"Não", eu disse. Ela nunca tinha prestado atenção nas minhas roupas?

Eu tinha que agradecer ao papai pela liberdade de usar o que eu gostava.

Embora ele fosse conservador, ele tinha dificuldade em dizer não para mim.

Mamãe não teve escolha a não ser se curvar ao seu comando.

Mamãe suspirou e então me entregou o vestido azul. "Isso combina com seus olhos. Vamos torcer para que Cassio não se incomode com o estilo ridículo."

Coloquei o vestido sem dizer uma palavra, lembrando das palavras de Cassio sobre minhas roupas e minha franja.

"Passe maquiagem, Giulia. Você precisa parecer mais velha."

Dei a ela uma expressão exasperada, mas ela já estava saindo. "E use saltos!"

Respirando fundo, pisquei para impedir que as lágrimas caíssem. Eu tinha tido sorte até agora. Eu preferia fechar os olhos para as realidades da vida da máfia, mas eu sabia o que acontecia a portas fechadas. Nosso mundo era cruel. Papai tinha sido bom para mim, mas eu tinha visto quantos dos meus primos tinham sido abusados pelos pais, como meus tios tratavam suas esposas.

Meu último noivo tinha quase a minha idade, um garoto quieto, quase tímido, que papai tinha escolhido para me proteger. Eu poderia ter me mantido firme contra ele em um casamento. Essa seria uma tarefa difícil com Cassio. Eu não gostava de ceder a emoções negativas, mas meu medo era uma dor aguda no meu peito.

Pegando saltos azuis, fui para minha penteadeira. Meus olhos estavam vidrados quando verifiquei meu reflexo. Coloquei mais maquiagem do que o normal, mas ainda muito menos do que mamãe e Cassio provavelmente esperavam.

Quando desci as escadas para as apresentações oficiais , consegui me acalmar. Meus olhos ainda estavam muito quentes de quase chorar, mas meu sorriso não vacilou quando desci as escadas em direção ao papai, Cassio e seu companheiro Faro.

Papai pegou minha mão, apertando-a enquanto me levava em direção ao meu futuro marido. A expressão de Cassio era uma obra-prima de polidez controlada enquanto ele me olhava. Seus olhos eram azuis escuros, como a profundidade do oceano, e davam a impressão de que poderiam engolir você tão facilmente quanto o mar sem fundo. Desaprovação brilhou em seu rosto quando ele viu meu vestido.

"Cassio, conheça minha filha, Giulia." Um toque de advertência soou na voz do papai, que ricocheteou no comportamento estoico de Cassio.

"É um prazer conhecê-la, Giulia." Sua boca se abriu em um sorriso quase inexistente quando ele pegou minha mão e a beijou. Eu tremi.

Olhos azuis escuros brilharam para os meus, e eu endireitei minha espinha. "O prazer é todo meu, m—Cassio."

Papai olhou entre Cassio e eu, preocupado. Talvez ele finalmente tenha percebido que tinha me jogado para um lobo. Papai tentou intimidar meu futuro marido com um olhar sombrio, mas uma ovelha não se torna um predador vestindo uma pele de lobo, e papai nunca foi mais do que uma presa entre os monstros sedentos de sangue em nossos círculos.

Cassio se endireitou, ignorando papai, e gesticulou em direção ao seu companheiro. "Essa é minha mão direita e Consigliere, Faro."

Eu estendi minha mão, mas Faro não a pegou e apenas inclinou educadamente a cabeça. Soltando meu braço, me aproximei de papai, que examinou meu rosto. Ele parecia dividido, e eu senti uma satisfação doentia por seu conflito óbvio.

"Vou mandar um novo guarda-roupa para Giulia. Por favor, diga à sua esposa para tirar as medidas da sua filha", disse Cassio. "Eu preciso de uma mulher ao meu lado, não de uma garota."

Isso foi demais para papai. "Talvez isso tenha sido um erro, e eu deva cancelar nosso acordo."

Cassio se moveu na frente do papai, olhando para ele com um olhar que revirou meu estômago. "Nós apertamos as mãos no noivado, Felix. Nós acertamos as coisas com Luca.

Tudo está combinado. Considerando que decidimos contra um noivado separado, isso faz de Giulia minha noiva, e eu estou lhe dizendo agora que ninguém, muito menos você, impedirá esse casamento."

Talvez Cassio não me quisesse, mas ele certamente não permitiria que ninguém me tirasse dele.

Prendi a respiração. Esta era a casa do papai, e ele governava esta cidade. Ele apenas se curvou para Luca, certamente não para outro Underboss.

Pelo menos, era assim que deveria ter sido.

No entanto, papai limpou a garganta e baixou os olhos. "Não tenho intenção de cancelar nosso acordo. Eu estava apenas fazendo uma observação."

Que observação?

A expressão de Cassio fazia a mesma pergunta. Mamãe entrou naquele momento, completamente alheia ao que estava acontecendo. "O jantar está pronto!"

Seu sorriso caiu quando ela nos viu.

Cassio estendeu o braço para eu segurar. Olhei para papai, mas ele evitou meus olhos. A mensagem era clara: daquele dia em diante, Cassio lideraria o caminho.

Coloquei minha palma no antebraço forte do meu noivo. Se papai não pudesse mais me proteger, isso significava que eu teria que me proteger. Cassio me levou para a sala de jantar, seguindo mamãe, que estava balbuciando sobre possíveis esquemas de cores para o nosso casamento. Cassio provavelmente não se importava nem um pouco. Como homem, ele nem teria que fingir o contrário — diferente de mim, a futura noiva feliz.

Quando chegamos à mesa de jantar, ele puxou a cadeira para mim.

"Obrigada." Eu afundei, alisando meu vestido.

Cassio sentou-se na minha frente. Seus olhos permaneceram na minha franja antes de se moverem para meus brincos de flor, provavelmente decidindo que novo corte de cabelo ele me mandaria fazer e que joias compraria para mim.

Ele queria me transformar na esposa que ele queria, me moldar como argila. Talvez ele pensasse que minha idade me tornava uma marionete covarde que se curvaria ao seu mestre ao menor puxão em suas cordas.

Eu encontrei seu olhar. Eu tinha aprendido a arte sutil de conseguir o que queria com um sorriso e gentileza, a única maneira de uma mulher conseguir o que queria em nosso mundo. Isso funcionaria com Cassio? Papai sempre derretia quando eu piscava meus cílios, mas eu tinha a sensação de que Cassio não seria facilmente influenciado.

Uma semana depois, dois pacotes cheios de vestidos, saias e blusas chegaram à nossa porta. Mamãe mal conseguia conter sua excitação enquanto desempacotava roupas da Max Mara, Chanel, T ed Baker e muitos outros de seus designers favoritos. Os vestidos eram bonitos e elegantes. Eles não eram eu de forma alguma.

Eu entendi a necessidade de Cassio de retratar uma certa imagem para o público, e em eventos oficiais eu definitivamente não teria usado meu vestido de girassol, eu só queria que ele tivesse me pedido para comprar algumas roupas elegantes e não as tivesse comprado para mim como se ele não valorizasse minha opinião — o que era, claro, o caso.