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Capítulo 2

- Vamos fazer o seguinte: em caso de dúvida, remova-o.

Marco Ferraro cobriu a última parte de sua mandíbula com creme de barbear antes de pegar a lâmina de barbear colocada sobre a pia e franziu a testa quando a encontrou já molhada antes mesmo de usá-la.

Ele franziu a testa e, segurando-a contra o rosto, começou a estudá-la de perto, enquanto uma suspeita sinistra batia às portas de sua intuição.

Isso aconteceu novamente. Sua lâmina de barbear, aquela que ele colocava no rosto todos os dias para lavar a barba supérflua, já havia sido usada.

Ele respirou fundo e tentou conter sua crescente irritação.

Ele estava aberto a tudo, a qualquer tipo de compartilhamento que a convivência normal pudesse implicar, mas não à lâmina de barbear. Ele tinha ciúmes de sua lâmina de barbear.

- ALESSANDRA! -

Com raiva, ele deixou a faca sobre a pia e caminhou rapidamente para a sala de estar, onde tinha certeza de que encontraria a namorada.

E ele estava certo.

Alessandra, vestida apenas com uma calça clássica e um sutiã de renda branca, sentou-se de pernas cruzadas no sofá e, segurando um espelho, estudou cuidadosamente as imperfeições de seu rosto.

Ela sempre estava lá para fazer essa operação, e a luz natural que entrava pela grande janela permitia que ela interceptasse até mesmo o ponto preto mais insípido.

- Alessandra! - o homem gritou com raiva: "Por acaso você usou minha lâmina de barbear de novo? -

Alessandra estreitou os olhos e coçou uma pequena mecha de cabelo do nariz.

- Por que está me perguntando isso? - ele perguntou casualmente.

Marco ergueu uma sobrancelha e um espasmo envolveu seu rosto.

- Porque já estava usado quando o comprei e você sabe o quanto isso me irrita - ele rosnou irritado - E, droga, estou falando! Quer parar de pensar em cravos e olhar para mim?

Alessandra virou a cabeça calmamente e finalmente voltou sua atenção para ele.

Marco Ferraro estava a alguns passos de distância dela, com o rosto coberto de creme de barbear e o peito nu, enquanto a encarava.

Ela o olhou de cima a baixo e, naquele momento, foi tomada por uma dúvida; não sabia se ria da careta de raiva dele ou se babava com toda a bondade que encontrou diante dele.

Ele nunca se acostumaria com toda a sua beleza surpreendente.

Marco interceptou o olhar dela e, percebendo que a atenção da namorada estava voltada para o seu abdômen e que ela estava deliberadamente ignorando as suas repreensões, suspirou exasperado.

- Pare de olhar para os meus abdominais! Estou falando de algo sério! - ele a advertiu, fazendo-a sorrir maliciosamente - Você usou minha lâmina de barbear ou não? -

A expressão de Alessandra era maliciosa e seus olhos, agora maiores, assumiram uma aura angelical.

- Mas quem, eu? - perguntou ele com franqueza.

- Alessandra, largue a sopa! Estou perdendo a paciência", ameaçou Ferraro de forma inflexível.

- Tudo bem, tudo bem! - exclamou ele, empurrando as mãos para a frente: "É possível que eu tenha usado sua lâmina de barbear", confessou ele com um sorriso torto!

Marco prendeu a respiração por alguns segundos e tentou não perder o controle de si mesmo. Essa menina o exasperava, ela e sua propensão inata de fazer o oposto do que lhe era dito.

- E quantas vezes eu já lhe disse para não usá-la? - ele sibilou por entre os dentes - Você percebe que a lâmina de barbear que você colocou sabe-se lá onde, eu a coloquei no meu rosto? - ¡

Alessandra estufou as bochechas e levantou o queixo em sinal de irritação.

- Marco, eu tive que me barbear", ele especificou, "A menos que você queira fazer sexo com um macaco!

Marco Ferraro colocou a mão na testa e grunhiu de frustração.

- Vou cortar sua língua, nem que seja a última coisa que eu faça! -

Alessandra inclinou o tronco na direção dele e sorriu maliciosamente.

- Isso não lhe traria nenhum benefício", disse ele, arrancando um sorriso exasperado do homem. "Eu faço coisas com esse idioma...", insinuou com uma voz persuasiva.

Marco lançou-lhe um olhar furioso quando, de repente, uma ideia passou por sua mente. Ele abriu um sorriso malicioso e suas íris azuis se iluminaram com um sadismo sinistro.

-Tudo bem, você queria.

Em um instante, ele se lançou sobre ela, sem se importar em sujá-la com a espuma branca, dominando-a com seu corpo bloqueando seus membros.

Seus dedos atacaram os quadris de Alessandra, determinados a puni-la com uma onda de cócegas e logo a garota se viu gritando como uma louca, enquanto se contorcia como uma enguia para escapar da emboscada nas mãos de seu homem.

- Com licença! - ordenou Marco, rindo.

Alessandra continuou a se rebelar e, embora sentisse cócegas desproporcionais, seu orgulho a impedia de desistir.

- Nunca! - ele gritou com uma voz sufocada.

- Resposta errada

- Marco estava convencido de que Alessandra era a prova tangível de que as boas maneiras não funcionavam. Ele aumentou a dose, determinado a quebrar a obstinação dela, mesmo ao custo de fazê-la chorar.

- Você está me sujando toda! - gritou a garota, ofegante.

- E você pede desculpas

- Alessandra tentou chutá-lo, determinada a vencer essa batalha lutando, mas Marco rapidamente se esquivou e, com o braço livre, bloqueou suas pernas.

- Má jogada, garotinha", ele a advertiu violentamente, beliscando sua pele com firmeza.

Alessandra pulou com um espasmo e, entre gemidos e risadas, murmurou uma série de insultos ininteligíveis.

- Implora para parar.

- Vá se foder!

- Ah-ah, eu não ouvi direito! O que você disse? -

- Por favor, pare! - murmurou a garota exausta.

Marco sorriu vitorioso e finalmente pôs fim à tortura, enquanto Alessandra, chocada e ofegante, colocou a mão no peito para se recuperar da emboscada.

- Meu Deus, estou prestes a ter um ataque cardíaco! - exclamou ele, relaxando tranquilamente no sofá.

Marco a imitou, inclinando a cabeça para trás e, depois de respirar fundo, soltou uma risada leve.

- Viver com você é um segundo emprego", admitiu ele, lançando-lhe um olhar divertido.

- Admita, nós nos divertimos muito", comentou Alessandra com entusiasmo, dando-lhe um soco no ombro em sinal de compreensão.

Marco riu e olhou para Alessandra com olhos cheios de amor. Esses eram os momentos em que ele abençoava o dia em que ela entrou em sua vida, quando, com um sorriso nos lábios, ele se deixava levar pela espontaneidade dela.

Alessandra o havia introduzido diretamente em sua vida cotidiana e arrogantemente criou um lugar para si mesma, violando tudo em que ela sempre acreditou. Entretanto, desde que ele finalmente se rendeu à sua incursão brutal, não houve um único dia em que ele tenha se arrependido de permitir que ela o fizesse.

O azul das íris de Ferraro era mais intenso, repleto de uma felicidade tão duramente conquistada que o encheu de gratidão àqueles que, apesar de sua resistência e das inúmeras forças despendidas para pisoteá-lo, ainda lhe concederam o benefício de uma segunda chance.

Se ela se lembrava de todo o seu passado, de como ele a havia rejeitado e de como, apesar de tudo, ela ainda havia lutado para conquistar seu coração, ela sempre acabava se considerando uma idiota.

Somente um idiota poderia ter sido cego o suficiente para rejeitar a mulher que sorriu para ele por uma questão de princípio.

Ele passou o braço em volta dos ombros de Alessandra e a puxou para seu peito, abraçando-a. Ele adorava a sensação do peso do corpo dela sobre ele, especialmente quando era a pele nua que ele estava tocando.

Bastava sentir a carne macia dela tocar a sua para que o desejo invadisse seu sangue.

Com o dedo indicador, ele acariciou lascivamente o ombro de Alessandra, que estremeceu imperceptivelmente com o toque quase imperceptível, mas sensual.

Marco também adorava isso no relacionamento deles: viver a intimidade como se fosse sempre algo novo, fora do alcance do hábito.

Alessandra ainda derretia sob seu toque, como se sua pele não estivesse mais moldada ao formato de sua mão, e Marco suspirava de prazer a cada vez, como se fosse sempre a primeira vez que ela se mostrava a ele em toda a sua nudez.

- Por falar em linguagem", murmurou o homem persuasivo, "devo estar com problemas de memória. Acho que preciso de uma atualização.

O tom vibrante de sua voz causou arrepios na espinha de Alessandra e a garota, com as íris brilhando de desejo, sorriu maliciosamente.

- Que horas são?

- Sete e meia da noite.

Alessandra soltou o rabo de cavalo bagunçado com uma das mãos e deixou o cabelo cair sobre os ombros.

Então ele sorriu maliciosamente.

- Bem, Dr. Ferraro. Vamos tentar preencher essas lacunas. - Eram nove e meia quando Alessandra entrou no escritório do promotor e, embora já tivessem se passado quase dois meses desde que ela entrou como estagiária, ela ainda estava cheia do mesmo entusiasmo.

Não era difícil para alguém como ela, não era preciso muito para ficar animada, mas saborear a profissão que sempre foi seu sonho era uma fonte inesgotável de incentivo.

Quanto mais ela frequentava esses escritórios, mais se apaixonava por eles, mais vivenciava o papel do promotor e mais ficava impaciente para um dia se tornar um de seus representantes.

Quando entrou na sala do promotor Castiello, ele tinha um largo sorriso no rosto. Cumprimentou calorosamente sua colega estagiária Roberta e sentou-se em seu posto, diante de quilômetros de arquivos, quando, pouco depois, a figura esboçada de seu magistrado designado entrou.

O promotor adjunto Vincenzo Castiello entrou em seu escritório em um ritmo acelerado e, ao encarar suas estagiárias, exibiu um sorriso ensaiado. As feições levemente delineadas e a força excessiva com que ele segurava a grande pasta debaixo do braço revelavam uma preocupação que não escapou ao olhar atento das duas moças.

- Bom dia! -

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