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6

Malu narrando

Eu olho para ele e ele me encara de cima a baixo.

- Pega a sua camiseta – eu falo

- Veste ela – ele fala com raiva – agora que eu estou mandando – eu começo a rir.

- E se eu não vestir, você vai fazer o que? – eu falo sorrindo para ele.

Ele tira a arma da cintura e aponta para mim.

- Veste – ele fala me encarando.

- Pedindo com jeitinho, é claro que eu faço – eu falo colocando a camiseta de volta.

- Não mexa mais nas minhas coisas – ele fala vindo em minha direção e eu ando para trás – O que você falou para Ana?

- Nada de mais – eu respondo – apenas disse que você não tinha me dito que tinha namorada, eu menti? Você me disse que tinha? Ela que levou para outro lado e não me deixou nem explicar – eu bato as costas na parede.

- A próxima vez que você abrir a boca para falar com Ana, eu te mato – ele fala.

- Eu não estou entendendo, eu sou fiel do seu primo. É só você falar isso a ela – eu respondo – você que não conta as coisas para sua namorada e ai a culpa é minha? – eu arregalo os olhos para ele e a gente se encara – você acha que não está muito perto, não?

Ele se afasta.

- O recado está dado – ele fala – você ainda vai me pagar a minha camiseta que você destruiu.

Ele sai andando pela casa e vai para cozinha, sinto uma porta fechar com força e eu fico calma. Eu não baixava a cabeça nem para Perigo que me quebrava na pancada, eu ia abaixar para ele, jamais!

Eu troco a minha roupa, colocando uma calça jeans cintura alta e um outro cropped, eu adorava vestir cropped. Eu era muito bem encorpada e isso chamava atenção de todos, eu tinha peito grande, bunda grande, coxa grande mas a barriga bem sarada. Perigo morria de ciúmes e quase me matava quando usava roupas justas dessa forma, eu coloco umas argolas e solto meu cabelo , passo um batom vermelho, um lápis e um rímel e saio andando pelo morro, era noite e tinha movimento nas esquinas, musica, droga e bebidas nas mãos dos rapazes.

Eu me sento em uma sorveteria e peço um açaí, logo uma menina se aproxima.

- Você é a Malu? – ela pergunta.

- Olha, se veio me cobrar algo coloca na conta do Rd – ela começa a rir.

- Não – ela fala rindo – eu sou Julia , filha da Fernanda.

- Nossa você tão simpática filha daquela ogra? – eu pergunto e ela se senta.

- É a minha mãe não é tão amigável mesmo – ela fala – Ana falou de você para todo morro e está todo mundo comentando de você, uns dizem que é fiel do Perigo e outros que está pegando Rd.

- Rd? – eu falo rindo – eu estou rindo de nervoso, porque não sei qual dos dois é pior.

- Então você é a fiel do Perigo? – ela pergunta.

- A chifruda e humilhada, sim sou eu mesmo. Só que por favor não espalhe – eu falo para ela.

- Minha mãe sempre diz que não posso me envolver com esses traficantes daqui – ela fala suspirando – porque eles sempre trai as fieis, que assume apenas para fazer bonito para os parceiros.

- Eu concordo com a sua mãe – eu falo – eles nos iludem, dizem que nos ama, nos dão o mundo e meses depois te empurram ladeira a baixo e fazem você achar que a culpa é sua e você se pergunta, o que você fez de errado.

- É assim com você? – ela pergunta.

- Até pior – eu falo – era para eu está longe, mas Rd foi atrás de mim e me trouxe para cá a mando dele.

- Você iria fugir? – ela pergunta.

- Tudo que eu queria – eu falo – ainda quero, mas estou vendo que vai ser impossível. O pior Julia é que quando Perigo sair, ele vai querer a minha cabeça rolando escadaria a baixo desse morro.

- O que você fez foi traição – ela fala – eu ouvi minha mãe comentando.

- Então você sabe como funciona as coisas – eu falo para ela – eu não deveria nem conversar com você, vai saber se foi sua mãe que mandou.

- Minha mãe mandou eu ficar longe de você, mas eu sou sozinha aqui – ela fala- quando te vi de longe fui com a sua cara.

- Alguém pelo menos gosta de mim aqui nesse morro – eu falo rindo.

- Eu preciso achar uma maneira de sair daqui antes do Perigo chegar – eu falo. – eu não sei quanto tempo vão demorar para tirar ele da cadeia.

- Julia – Fernanda fala se aproximando e chamando ela – o que está fazendo aqui?

- Tomando sorvete mamãe – ela fala – Com a minha nova amiga – Fernanda me encara e eu a encaro.

- Para casa agora Julia – ela fala – eu estou mandando.

- Calma – ela fala – eu já vou.

- Agora – ela fala e eu encaro Fernanda.

- Fica suave Fernanda – Rd se aproxima dela – Malu não vai fazer nada contra Julia e é até bom que Julia fique perto dela, assim ela não faz merda.

- Escuta ele mamãe – Ela fala para ele.

Fernanda me encara.

- Estou de olho em você – ela fala apontando para mim e vai para o bar ao lado junto de Rd.

- Ela é super protetora assim? – eu pergunto – sempre?

- Até de mais – ela resmunga. – ela não me deixa fazer nada, ela inferniza a minha vida bem dizer.

- E o seu pai? – eu pergunto.

- Ele morreu a alguns anos atrás – ela fala.

- O meu também – eu respondo. – eu sinto muito.

- Eu também sinto por você – ela fala.

Nos pedimos mais açaí e ficamos ali jogando conversa fora até alguma hora, depois eu vou para casa do Rd e quando chego ele está na sala mexendo no celular.

- Perigo quer falar com você – ele fala e eu paraliso.

- Eu não quero falar com ele – eu falo.

- Você vai ter que falar – ele fala e eu nego – Se arruma, você vai ir até ele.

- Eu não vou – eu falo e ele se aproxima.

- O que foi Malu? – ele pergunta me olhando – está com medo? Achei que você era cheia de atitude, toda cheia da razão, agora está arregando?

- Por favor eu faço o que você quiser, mas não me leva até ele – eu falo – como vou entrar lá dentro.

- Se arruma que a visita é intima – ele fala e acende um baseado na minha frente – anda caralho, tu tem 5 minutos no máximo dez, se não tiver te pronta, te levo como você estiver.

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