04
• Jéssica narrando •
Chegamos no mercado, estacionei o carro e descemos.
Entramos no mercado e cada uma pegou um carrinho.
— Vamos se dividir para ir mais rápido! — digo dando a ideia.
— Ok, eu vou nos salgados e refrigerantes. — diz animada.
— E eu pego os doces e bebidas. — digo por fim empurrando o carrinho.
E assim cada uma foi para um lado diferente. Parecíamos duas crianças.
Eu amo fazer compras, sério. Não existe coisa melhor do que gastar gente!!!
A Larissa adentrou o corredor dos salgados saindo da minha vista. E eu segui em direção ao corredor de doces.
Peguei tantos doces, nem sei pra quê tudo isso, mas eu praticamente enchi uma parte do carrinho apenas de doces.
Doce é vida. Eu amo!
Depois de pegar todos os doces que eu queria, fui para a parte mais gostosa de todas.
Bebidas.
Peguei várias bebidas também, eu bato forte em beber, não fico bebada fácil não.
Estou colocando as bebidas no carrinho quando escuto alguém falando atrás de mim.
— Ual… A festa vai ser boa em! — diz Mariana chegando mais perto de mim.
— E aí, vadia. — me viro de frente pra ela e vendo que ela não estava sozinha — Vai ter festa não. Estou apenas garantindo o final de semana.
— Isso tudo é só pra tu? — pergunta o homem que estava com a Mariana.
— Quem é você? — pergunto direta. Nem conheço esse ser e ele já vem me questionar. Eu em.
— Ah, esse é meu amigo Diego! — diz Mariana apresentando seu “amigo” — E essa é a Jessica — aponta pra mim — amiga nova da faculdade!
— E aí, gata. — diz me dando um beijo no rosto.
— E aí — digo retribuindo o beijo.
— Mas me diz, aonde vai ser a festa? — Mariana pergunta sorrindo.
— Tem festa não amiga! Vamos apenas ficar de boa na casa do Gabriel e para aguentar ele, eu preciso beber muito. — digo e rimos.
— Te entendo, amiga.
— Bom, eu tenho que ir agora! — digo me lembrando da Larissa.
— Não esquece do trabalho amanhã. — me alerta pegando uma bebida da prateleira.
— Jamais, gatinha. Eu sei que vou adorar te fazer uma visitinha amanhã. — digo olhando para o amigo dela.
Vamos ser sinceras, essa cara é um gostoso.
Eu pegava, com certeza.
Mariana como uma boa observadora ipercebeu a minha olhada nada discreta para o seu amigo e soltou uma risadinha.
— Pode fazer visitas todos os dias. — diz Diego todo safado — Vai ter baile hoje, cola lá. — me convida.
O olhar dele era estranho, não sei explicar, mas ao mesmo tempo parecia que ele estava tirando minha roupa apenas com o olhar. Eu em.
— Talvez eu vá sim! — digo sem dar muita importância.
O celular do tal Diego começou a tocar. Ele atendeu a ligação e seu celular estava no viva-voz dando para ouvirmos um pouco da conversa.
— E aí, Diego. Porra, vai demorar muito caralho? — esbravejou o homem do outro lado da linha.
Hum, que bravo! Do jeitinho que eu gosto…
— Não, patrão. Já estamos chegando pô. A fila no mercado estava intensa. — mentiu.
— Então bora logo, porra! — diz o tal “patrão” todo bravo.
— Pode crer. — diz desligando o celular e guardando no bolso — Bora logo, Mari. — diz saindo na frente com o carrinho de compras deles.
— Tenho que ir, mona. Qualquer coisa, cola lá no baile hoje. — reforçou o convite do seu amigo e saiu andando rapidamente.
Povo doido né?
Continuei a pegar mais algumas bebidas até a Larissa aparecer no corredor com uma cara de poucos amigos.
— Que demora! — diz reclamando.
— Foi mal amiga! Acabei encontrando a Mariana aqui e me atrasei um pouquinho. Mas pronto, ja peguei tudo! — digo olhando o carrinho que estava do jeito que eu gosto.
— Ótimo!
Fomos ao caixa, passamos toda a compra e pagamos. O mercado irá levar as compras para o apartamento da Lari e as do apartamento do Gabriel também.
Saímos do mercado e dei partida voltando ao apê do Gabriel, antes de descermos do carro eu segurei o braço da Larissa fazendo a mesma me olhar sem entender.
— Endoidou foi? — pergunta.
— A Mariana mora em uma comunidade… — digo direta.
— MENTIRA! — grita surpresa.
— Seríssimo, amiga. E hoje tem bailão lá, eu queria tanto ir… Bora?
— Você ficou maluca? — pergunta em choque — Jéssica, meu Deus, é uma favela! — diz nervosa.
Eu assenti pra ela que continuou a falar:
— Tem traficantes… Drogados… Armas… — diz tudo que eu já sei.
— Em todo lugar tem isso… Por acaso, você está com preconceito Larissa? — pergunto já ficando brava.
Eu juro que, se a Larissa me disser que tem preconceito eu vou esbofetear a cara dela.
— Claro que não, Jéssica! Não viaja nessas coisas não.
— Otimo! Eu vou, você vai? — pergunto sem enrolação.
— Não! — diz rapidamente — E você, também não vai! Poxa… Vamos ficar de boa por hoje? Apenas nós três…
Pensei rapidamente e acabei concordando.
Amanhã eu iria fazer o trabalho na casa da Mariana e já iria ao baile. Então hoje, eu vou ouvir a Lari e ficar de boa aqui.
— Mais uma coisa — digo antes de saírmos do carro — Não comenta nada disso com o Gabriel. Do jeito que ele é surtado, é capaz de não me dar paz. E ainda tentar me impedir de fazer o trabalho amanhã.
Não que ele mande em mim, isso JAMAIS!
Eu nunca vou deixar nenhum homem mandar em mim.
Mas eu quero evitar falatório na minha cabeça.
A Larissa não falou mais nada, ela apenas assentiu e saiu do carro.
Sai logo atrás e fomos até o apartamento do Gabriel.
Ao chegar no apartamento, a porta já estava aberta.
Entramos no mesmo e as compras já haviam chegados.
Mais rápido do que pensei!
Gabriel estava tirando as coisas das sacolas e então fomos diretamente ajudá-lo.
Depois de tudo guardado e organizado, comecei a preparar nossa comida. Uma deliciosa lasanha.
Eu amo lasanha. Tem comida mais deliciosa que essa? Eu desconheço!
Larissa estava ainda de cara fechada e sem falar uma só palavra.
Terminei de fazer a lasanha e tirei a mesma do forno.
— Ta pronta! — gritei.
— Aleluia — diz Gabriel aparecendo na cozinha.
Enquanto eu fazia a comida, Gabriel arrumou a mesa.
Então eu coloquei o recipiente que estava a lasanha em cima da mesa e começamos a nos servir.
— Está uma delícia, amor. — diz Gabriel saboreando a lasanha — Está pronta pra casa já. — me solta essa.
Seria uma indireta?
— Nem penso nisso. — digo comendo minha deliciosa lasanha.
Terminamos de comer entre uma brincadeira e outra por parte do Gabriel e a Larissa foi lavar a louça.
Aqui é assim. Cada um faz uma coisa!
Larissa ainda estava sem falar comigo.
Eu não sei o que diabos eu fiz pra ela?!
Não sou de correr atrás das pessoas, meu orgulho não deixa.
Mas eu preciso saber o por que essa pessoa, vulgo minha melhor amiga, virou a cara comigo.
Observei o Gabriel adentrar o banheiro e fui até a cozinha para conversar com a Larissa.
— O que está pegando? — pergunto direta me aproximando dela.
— Nada. — diz apenas ainda sem me olhar.
Eu conheço a Larissa até melhor do que ela mesma e ela insiste em tentar me enganar? Larissa não consegue mentir e muito menos disfarçar quando está brava com alguma coisa.
— Quem você quer enganar? — pergunto cruzando os braços e me encostando ma pia da cozinha.
— Você sabe que aquele lugar é perigoso… Eu não tenho preconceito. Mas lá, não é lugar pra você e pra mim. — diz com a voz fraca.
Larissa é muito sentimental e chora por exatamente TUDO.
— Ta bom — digo respirando fundo procurando a paciência que nem tenho — Se isso não é preconceito é o quê então?
— Você não entende, Jéssica! — suspira.
— Larissa, você que não entende porra nenhuma. Por mais que lá seje uma favela, somos todos iguais merda!
— Você sabe que a Juliana jamais deixaria você subir em um morro…
— A Juliana está aqui? — pergunto irônica — Para de neurose pô. Não acredito que tô tendo esse papo contigo não. Quer saber? Tchau! — digo me virando para ir embora.
— Espera! — me chama segurando meu braço — Me desculpa, amiga? Eu sei tudo o que você pensa sobre isso e eu não estou sendo justa com você. Vamos juntas!
— Pode ser perigoso, mas eu amo o perigo tu sabe. E também, perigo é meu segundo nome bebê.— digo rindo — Mas sério, relaxa amiga, a Mariana me disse que lá não é um bicho de sete cabeças também e que é mais de boa do que pensamos.
— Meu Deus, eu nunca me imaginei subindo um morro antes… — diz pensativa.
— Amanhã a gente vai!
— Aonde? — pergunta o Gabriel aparecendo na cozinha.
Ops.
— Em lugar nenhum! — digo rapidamente.
— Eu ouvi muito a conversa das duas sem vergonha, por que você está mentindo pra mim?
— Gabriel, eu não te devo satisfação não. — digo ja sem paciência.
— Porque você não quer! — responde.
— Exatamente! Isso já diz tudo… EU NÃO QUERO! — digo com raiva.
Odeio cara emocionado. Deus é mais!
— Eu não vou deixar vocês duas subirem um morro! — diz sério.
Ops, acho que ele ouviu um pouco demais!
— Você não manda em mim! — esbravejo.
— Não abusa da minha paciência, Jéssica! — diz Gabriel todo bravo.
— Pode parar vocês dois! — Larissa diz se intrometendo na nossa mini discussão — Gabriel, é um trabalho da faculdade e a Jessica precisa ir.
— Manda a menina vir aqui ué… — diz como se fosse o óbvio.
— Vai se ferrar! Gabriel, na boa, cuida da tua vida mano. — digo brava e louca pra meter o pé para minha casa.
— Vamos beber! — Larissa grita indo até a geladeira.
— Eu vou embora! — me viro para pegar minhas coisas e vazar daqui.
— Não, amiga. A gente comprou todas as coisas para nos divertimos juntos. Então bora esquecer os problemas e partiu beber! — diz pegando a bebida.
Ignorei os olhares do Gabriel sobre mim e virei meu primeiro copo de tequila.
É claro que, o primeiro copo foi apenas uma degustação, depois dele foi um atrás do outro.
Hoje é dia de judiar do figado!
Beber nem é tão difícil, o difícil mesmo é parar!
Já até perdi as contas de quantos copos eu virei, nem lembro meu nome, quem eu sou ou de onde eu venho… E aliás, o que eu tô fazendo aqui? Quem são essas pessoas?
Acho que cai do sofá, que dor na minha buuunda!
Minha cabeça está girando, levanto a cabeça e a sala está de ponta cabeça. Que viagem é essa meu irmão?
“Álcool, porque nenhuma história engraçada começa com “um dia eu bebi água”…”