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01

• Jéssica ‍Narrando •

Estou quase chegando na faculdade, super atrasada, com certeza, eu não vou conseguir pegar a primeira aula.

Droga, dormi demais!!

Achei estranho a Juliana, não ter me acordado, aliás acho que nem em casa ela estava, isso torna tudo ainda mais estranho.

Aonde a madame passou a noite???

Eu sou uma derrota para escutar o despertador, e a Juliana sempre me acorda. Se não fosse por ela, eu perderia a hora todos os dias.

Eu sou aquele tipo de pessoa que, coloco o celular pra despertar de cinco em cinco minutos e mesmo assim dou conta de não escutar e perder hora.

Sai de casa com tanta pressa, que nem liguei para saber aonde ela havia se metido.

A faculdade não é muito longe do meu condomínio, mas eu sempre vou de carro. E hoje, por ironia do destino, eu estou atrasadíssima e ainda tive que vir para a faculdade a pé.

Sabe por quê?

Porque eu não sei aonde a bendita chave foi parar...

Parece uma coisa... Toda vez que eu tô atrasada, some alguma coisa. As coisas devem estar criando vida própria.

O que me faz lembrar da música do MC Kevinho...

"Se pá ela tem vida própria

Eu tive que reparar

Que ela desce quando o DJ toca

Trava e vai devagar

E se sai, ela fala: Se toca

Pode chegar pra lá

Quer espaço pra bunda gostosa

Acompanha o grave que vai começar

Esse bumbum que faz tumbalatum

Esse bumbum que faz tumbalatá

Esse bumbum que faz tumbalatum

Balatum, balatum, joga ele pro ar. "

Estou igual uma doida, dançando no meio da rua. Eu em, que falta uma baladinha faz. Ainda bem que hoje SEXTOU.

Ignoro os olhares curiosos e continuo andando em direção á faculdade. Como eu ia dizendo pra vocês, como eu estava super atrasada, não pude nem procurar a chave do carro, nem chamar Uber, nem nada. Minha única opção, foi vir quase correndo para não perder a aula de hoje. E ainda consegui me atrasar mais um pouco dançando igual maluca na rua.

Resumindo: Acordei com o pé esquerdo. Já comecei o dia e o final de semana daquele jeito…

Essa semana eu faltei quase a semana toda da faculdade, e hoje em plena sexta-feira, tive que vir. Pois na verdade, essa semana, eu "matei" aula a semana toda.

Eu disse para minha irmã que viria a faculdade, mas na verdade, eu fui ficar com meu "crush".

Quem nunca né??

Cheguei em frente a faculdade, graças a Deus.

Eu não estava mais aguentando andar...

De longe avistei o Gabriel, encostado no muro da faculdade, mechendo em seu celular.

Rezo pra ele continuar mechendo no celular e não me ver, mas para minha tristeza, ele olha em minha direção, fazendo com que nossos olhares se encontrassem.

Droga!!!!

Eu queria sair correndo ou abrir um buraco sobre meus pés agora…

— Aleluia... — diz Gabriel se aproximando — Pensei que não viria, amor.

Amor?

— Perdi hora... — digo revirando os olhos.

— Novidade né?! — diz irônico.

— Bom, vou entrar. Tô mega atrasada e com toda certeza já perdi a primeira aula.

— Ei, calma amor. Sério que tu vai entrar? Vamos lá pra casa... — diz acariciando meu braço.

Se fosse pra transar, eu até iria. Agora pra ficar assistindo filme? Não, obrigado, tô bem aqui.

— Não vai rolar, Biel... Já fui na sua casa todos os dias essa semana! E se eu quiser realmente me formar eu tenho que vir as aulas. E você deveria fazer o mesmo. — digo me virando para entrar na faculdade.

— Espera aí. — diz segurando meu braço, me fazendo bufar — Não mereço nenhum beijo? — pergunta fazendo bico.

— Sinceramente? - pergunto e ele assente — Não! — digo entrando na faculdade.

Eu gosto do Biel, ele é um ótimo amigo. Mas porra, depois que começamos a ficar, ele ficou muito chato.

Eu odeio gente grudenta. Melosa.

Eu gosto de ficar livre, de ser livre.

E o Gabriel é totalmente o contrário do que eu gosto.

Nos éramos melhores amigos. E porra, por que eu fui ficar com meu melhor amigo??

Quando ficamos pela primeira vez a um mês atrás, eu estava carente, e acabou que ficamos. Apenas nos beijamos.

O Biel é muito respeitador, e ele acha que sexo é só depois do casamento.

Esse homem é pra casar.

Ele é carinhoso, amoroso.

Faz tudo para me ver bem. Mas sabe que ainda falta algo?

Eu não sinto por ele um carinho, além de amizade.

E isso é foda, pois eu acho que ele sente algo á mais por mim. Algo que eu não vou poder corresponder.

Sem que eu perceba já estou em frente minha sala, respirei fundo e adentrei a mesma, fazendo todos me olhar.

— Atrasada, Senhorita Duarte? — pergunta dona Kátia.

Porra, eu odeio quando ela me chama assim.

Mano, meu nome é Jéssica.

Será que ela consegue me chamar pelo meu nome apenas?

— É o que parece né?! — digo sem paciência indo para meu lugar.

Meu lugar é o último da fileira ao lado da janela.

Jogo minhas coisas em cima da mesa, e me sento na cadeira. Ainda com todos me olhando.

— Que foi? Perderam o cú aqui? — pergunto brava.

— Por favor, senhorita Duarte, respeite seus colegas. — diz me repreendendo.

— Senhorita é meu pau. — digo baixo.

Todo dia nessa sala é um verdadeiro inferno. Na boa mesma, eu amo a medicina. E eu tenho certeza que é isso que eu quero pro meu futuro. Mas os alunos daqui são um porre. Tudo playboy e patricinhas. Se a Lari estivesse aqui, tudo seria mais de boa. Mas como eu amo a medicina, ela ama a psicologia. E cada uma estuda em salas diferentes. E é horrível, estudar em sala separada da nossa melhor...

— Como eu ia dizendo... Agora teremos uma nova colega de turma,

Mariana. — diz dona Katia chamando a tal aluna nova.

E então percebo que essa "aluna nova" estava sentada bem na minha frente e eu não tinha a notado, até agora.

— Bem vinda, Mari! — todos falaram, menos eu.

Que isso gente? Parece jardim de infância! Voltei para o primário e não sabia...

Depois de apresentação, e muito blá blá blá, por parte da dona Kátia, enfim deu hora de irmos comer alguma coisa.

Aleluia pai.

Eu tô morta de fome!

Nem tomei café da manhã hoje.

Vou em direção a lanchonete da faculdade.

Comprei quatro coxinhas e uma Coca-Cola.

Todos me olham com espanto, qual é o problema desses ridículos?

Não posso mais comer coxinha?

Ignoro todos e vou atrás de um lugar para sentar.

Acho um lugar vago, e me sento para poder comer em paz.

Estou comendo minha deliciosa coxinha, até tamparem o meu olho.

Que palhaçada.

— Seje lá quem for que esteja fazendo isso, vou adiantando para parar, ou eu vou ser obrigada a te socar! — digo brava.

— Alguém aqui está de mal humor. - diz minha melhor amiga se sentando ao meu lado.

— Vaaaaaaaaadiaa! — grito abraçando ela — Pensei que você não iria vir hoje.

— Eu que pensei que tu não ia vir. Fiquei te esperando na entrada e não te vi chegar. — respondeu olhando o movimento dos outros estudantes.

— Perdi hora. — resmungo.

— Como sempre... — diz o óbvio — E posso saber por que desse mal humor?

— Acordei atrasada. Juliana não estava em casa. Perdi a porra da chave do carro. Tive que vir a pé, e pra variar, encontrei com o Biel na entrada. — digo revirando os olhos.

— Qual o problema de encontrar o Biel na entrada?

— Quer mesmo que eu te responda? — ela assentiu — Ah amiga, eu amo ele, como meu amigo é claro. Mas ele tá muito grudento. Me chamando até de amor, vê se pode isso...

— Da uma chance pra ele ué. Ele é super fofo. Um amor.

— Então fica você com ele. — digo sem paciência.

— Mas, ele gosta de você amiga. Poxa, não quebra o coração dele.

— Eu não quero quebrar o coração de ninguém não. Mas como vou por um fim sem alguém sair machucado? É difícil amiga. Todo final alguém sai ferido...

— Você tem que dar uma chance para o seu coração amiga. — me aconselha.

— Já vai começar?

— 4 coxinha? - pergunta olhando as coxinhas e mudando de assunto para não começarmos uma discussão.

— Tô morta de fome nega. — digo mordendo minha deliciosa coxinha.

— Divide comigo então. — diz pegando uma.

— Depois diz que eu não te amo. Como você ousa falar isso? Eu tô dividindo minha coxinha com você. Isso é a maior prova de amor que existe!

— Hahaha... E me diz aonde a Juliana foi? — pergunta curiosa.

— Boa pergunta amiga, nem sei...

— Seeeextou - diz animada - Aonde vai ser o rolê hoje?

— Acho que vou ficar em casa mesmo... — digo para ver sua reação.

— Não tô ouvindo direito... Pera... Você? Em casa? Em plena sexta-feira?

— Qual o problema? — pergunto — Eu sou uma mina pra casar fia... — digo por fim.

— Da pra contar nos dedos os dias que você fica em casa Jéssica!

— Aonde é o rolê hoje? - devolvo sua pergunta.

— Não sei, vou ver com o pessoal. — diz apenas comendo sua coxinha logo em seguida.

Antes que eu responda qualquer coisa, meu celular começa a tocar.

Olho no visor e vejo o nome da Juliana. Atendo sem pensar duas vezes. Tô doidinha pra saber aonde a madame se meteu.

•Ligação on •

— Diga. — falo ao atender a ligação.

— Sempre educada... — suspira.

— Aonde você tá em dona Juliana? Acordei e você não estava em casa... Dormiu fora né safada?! Com quem? — pergunto tudo de uma vez. Curiosidade é meu segundo nome.

— Me respeita, Jéssica! - diz envergonhada.

Tenho certeza, que nesse momento, ela está corada. É inacreditável nossa diferença, eu sou toda sem vergonha, e ela toda tímida... Vai entender.

— Se ficou com vergonha é porque tá devendo emmm... — dou aquela zoada de leve só para não perder o costume.

— Jéssica, eu vou desligar na sua cara! — diz brava.

— Você não é nem louca!!! Mas, voltando ao assunto... Aonde você está?

— Por isso que te liguei maninha. Tive alguns problemas no serviço, tive que viajar pro exterior com urgência. Vou ficar um mês fora.

Confesso, que eu não gostei disso.

Tipo, eu sei me virar muito bem sozinha, mas a gente nunca ficou mais de uma semana longe uma da outra... E ela vai ficar um mês no exterior... UM MÊS!!

— Tá me ouvindo Jéssica? — pergunta chamando minha atenção.

— Fala mulher... — digo pensativa.

— Promete que vai se cuidar? Não faça besteira, use camisinha. Se alimente corretamente. — começou com o sermão "mãe".

— Ok Ju, pode ficar tranquila. Sei me cuidar.

— Eu sei que sabe. Vou sentir saudades maninha... — diz com a voz embargada.

Ela está chorando, com certeza.

— Eu também vou sentir muita saudades Ju... Mas vem cá, aproveita que você está aí e da uns pega no Rodrigo, pelo amor de Deus!!!

— Para com isso, Jéssica!!! — me repreende — O telefone estava no viva voz e ele acabou de ouvir tudo que você falou... — diz brava — Aí meu Deus, que vergonha!

— Rodrigo, pelo amor de Deus, tira a vergonha dessa mulher... — digo fazendo a Larissa rir.

— Vou tirar, pode deixar... - diz Rodrigo no fundo.

Senti segundas intenções nessa frase?!

— Tchau, Jéssica. E para de me fazer passar vergonha!!!

— Tchau, maninha — digo irônica — E usem camisinha.

• Ligação off •

Desligo a ligação rapidamente antes que minha irmã me mate.

Eu amo encher o saco dela!!!

Olho para a Larissa, que está rindo.

— Que foi? — pergunto.

— A Juliana deve estar querendo te matar agora — rimos.

— Com certeza, mas não tem coisa melhor do que irritar ela! — digo ainda rindo.

— KKKKKKKK, sem comentários vocês duas.... Mas então, me diz, o que aconteceu?

— Nada demais, eu acho. Parece que teve algum problema no trampo dela e teve que viajar as pressas para o exterior... — explico.

— E quanto tempo ela vai ficar lá?

— 1 mês...

— 1 mês? — pergunta e eu apenas assenti — Você deveria ficar feliz! Vamos fazer muitas festas. — diz animada.

Não, que eu esteja triste... Mas, sei-lá, é estranho. Eu nunca fiquei uma semana longe da minha irmã.

— É que... nunca ficamos tanto tempo longe sabe?! Não sei como vai ser, mas daqui um mês ela estará aqui novamente com a gente..

— Tomara que ela agarre aquele chefe gostoso dela. — diz com uma cara de safada.

— Verdade... — concordo — E depois quero saber os detalhes e ainda saber se o Rodrigo Junior é grande kkk. — digo e gargalhamos alto.

— Você não presta. — diz rindo.

— Você pega o bonde junto nega. — digo abraçando ela.

Logo deu a hora para voltarmos a aula.

"Ela é o tipo de pessoa que prefere morrer sufocada, ao invés de falar o que sente " — William Leal.

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