Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 7

Ele assentiu com a cabeça, mordendo o lábio inferior. Meu coração começou a bater muito rápido e eu não conseguia respirar, mas não eram aqueles sintomas típicos de pânico, que eu conhecia bem. Era diferente do normal. Em meu estômago, senti algo frio se mover. Tentei não pensar nisso. -Tudo bem, não tenho nada para fazer mesmo.

Ele voltou para o carro, molhado da cabeça aos pés. Na verdade, a chuva caía incessantemente sobre nós e seu cabelo molhado conseguia deixar sua figura ainda mais atraente. Ele passou as mãos por eles e inalou. Tive de desviar o olhar para não babar em cima dele. -Mas sua namorada não vai ficar brava se souber que estou aqui com você?

-Não estamos transando.

Ao ouvir essa palavra, engasguei com minha saliva e comecei a tossir. Ele certamente não tinha vergonha de dizer certas coisas na frente de pessoas que não conhecia. -O que isso tem a ver com o assunto?

-Ele não vai descobrir, porque Ryley não é tão estúpido assim, e se ele contar, eu o mato", ele deu de ombros, como se tudo o que ele disse fosse a verdade absoluta. Franzi a testa. -Você tem medo do que ela possa pensar? Ele balançou a cabeça, virando depois de um semáforo. -Não quero brigar por bobagem", mordi a parte interna da bochecha, fechando as mãos entre as coxas.

-Como vocês se conheceram?", perguntei, depois de cinco minutos de um silêncio de pedra. Ele inclinou a cabeça para trás no encosto de cabeça e engoliu saliva, enquanto sua noz balançava para cima e para baixo. -A história é longa.

Olhei pela janela enquanto as gotas de chuva caíam no chão, de fato não era da minha conta saber como os dois se conheceram. Na verdade, eu não conseguia entender por que perguntei. Vou levá-la para casa de qualquer forma", disse ele de repente. Eu me virei para ele, entendendo que tínhamos que ir buscar gasolina bem longe. Por que a mudança de planos? Talvez ele tenha se cansado de me ouvir falar e não via a hora de se livrar de mim. Era plausível, ninguém gostava de mim.

-Oh bem.

Diga-me onde você mora e eu o levarei até lá.

Eu ditei o endereço e o ajudei a seguir o caminho. O telefone dele tocou umas dez vezes e era sempre a Megan, que eu tinha salvo com um emoji de demônio. -Linda foto dela. Eu queria costurar minha boca com agulha e linha. Por que eu nunca calava a boca quando tinha que calar? -Oh, Deus, me desculpe. Eu não queria ver isso, mas é que eu estava aqui... Vi a foto de um cachorro e, por engano, era a foto que estava atrás dele.

-Cristo, ele ainda está aí? Com uma das mãos, ele procurou o porta-luvas e o tirou da outra foto. Ele bateu no volante com os punhos e xingou. Sua reação me assustou. -Já lhe disse centenas de vezes que não quero a foto do seu pênis no meu carro", ele a tirou com dois dedos e a jogou pela janela. Observei a cena com a boca aberta. Não imaginei que provocaria tal reação. -Passe-me o telefone.

-Seu... seu? gaguejei. Eu estava com muita raiva.

-Claro, o que diabos eu faço com o seu? Assenti com a cabeça e lhe entreguei o telefone. Ele discou rapidamente e aumentou a velocidade. Agarrei meu cinto de segurança com medo na garganta. Esperamos em silêncio que a outra pessoa atendesse, os "bipes" não duraram muito. O volume do telefone estava tão alto que eu podia ouvir toda a conversa. -Diga-me por que diabos sua foto está sempre no meu carro?

-Onde você está, Carlos? A voz de Megan parecia tão irritada quanto a dele. Dei de ombros, pois senti que estava violando a privacidade deles ao ouvi-los. E, na verdade, era isso que eu estava fazendo.

-Responda à minha pergunta, porque juro que vou desligar o telefone na sua cara.

Ela suspirou. -Porque eu sei que você está levando suas vadias para o carro e vai fazer sexo sabe-se lá onde.

Ele riu, mas não achou graça. -Você é louco.

Ele desligou e deixou o telefone cair no chão, xingando. Ele passou a mão livre pelo cabelo e estreitou os olhos. Seu peito estava subindo e descendo insistentemente, ele estava nervoso, isso era visível. Ele batia os dedos no volante, incessantemente. Tudo o que ele fazia era acariciar e tocar o cabelo dela. Eu queria dizer algo a ele, mas não o conhecia bem e não sabia como tratá-lo. Ele entrou na minha garagem e estacionou perto do meio-fio. Limpou a garganta e desligou o motor. -Ele chegou bem.

Tirei o cinto de segurança e abri a porta, mas antes de fechá-la, virei-me para ele. -Desculpe pela foto, não queria que você discutisse.

Ele respirou fundo e agarrou o volante; os nós de seus dedos ficaram brancos. -Você não teve nada a ver com isso, nós nem o conhecemos", respondeu irritado, olhando para frente novamente. Assenti com a cabeça, fechando a porta. Freia tinha razão, afinal de contas: ele era um maldito rabugento.

-Nunca o levei lá porque não é o lugar certo para você", disse Freia pela enésima vez, batendo as folhas na mesa do refeitório. Revirei os olhos. -Eu entendo, mas você poderia pelo menos ter mencionado isso para mim. Assim como você não me disse que deixou meu número com a Ryley", minha amiga ficou muito vermelha e um único suspiro envergonhado escapou de sua boca. -Eu queria saber o número da Megan e ele pediu o seu em troca.

-gritei, balançando a cabeça. Ao conviver com ela, aprendi que a confiança era muito difícil, ela adorava bancar o cupido nos relacionamentos e, nesse caso, estava claramente do lado de Ryley. Sabe-se lá o que ela disse a ele. Talvez tenha sido ela quem o forçou a sair comigo.

-Como você pode dizer que ela gosta de mim? Talvez ele diga isso mesmo assim.

Ela bufou, como se tivesse acabado de dizer algo estúpido. -Ele gosta de você. Ela olhou para mim com um olhar curioso. -Quem a fez pensar o contrário? Quem estava na Five Disco além dele? O tom de voz dela mudou rapidamente para inquisitivo, de modo que quase senti como se estivesse sendo duramente julgada por ele. Engoli em seco, tentando não contar a ele que seu inimigo número um havia me trazido para casa. -Ninguém importante.

-Seu rosto estava agora a milímetros de distância do meu e seus olhos eram tão grandes quanto duas bolas de discoteca. Senti o suor frio em minha testa e ela percebeu rapidamente. -Eu sabia!

Tentei negar, mas minha expressão dizia claramente o contrário. -Concordo com você, ele é um babaca certificado.

-E, desculpe, você falou conosco?

-Ele me acompanhou até em casa.

Minha amiga ficou paralisada com as mãos no cabelo. Ela estava prestes a me dar uma de suas repreensões mortais, mas a surpresa em seu rosto foi mais forte. -O que meus pobres ouvidos acabaram de ouvir?

Levantei meus olhos para o céu. -Não se preocupe, não vou mais lá em cima.

Ele tentou estuprá-la?

Franzi a testa. -Claro que não! Ela deu um suspiro de alívio. No começo, eu não entendia todo esse ódio que Freia tinha por Adrian, mas depois do que aconteceu na noite anterior, comecei a entender. Ele sempre era reservado e, quando falava, era para fazer piadas sarcásticas ou dizer um palavrão. Ele era insuportável, eu não conseguia entender como Megan conseguia ficar com ele. Mas então pensei que, afinal de contas, ela também era uma grande vadia.

-De qualquer forma, Megan tem alguns problemas", continuei. Freia tomou um gole de seu suco e arqueou uma sobrancelha. -Mas o Adrian é normal", comentou ela. Sua boca mostrou toda a repulsa que sentia por ele.

-Não estou dizendo que ele é normal, estou dizendo que ela é irritante. Ela ligou para ele umas vinte vezes em meia hora e o acusou de perseguir garotas.

Freia acenou com a cabeça. -Ele estava realmente com uma garota, você.

Abaixei os braços e estreitei os olhos. Nós certamente não estávamos fazendo sabe-se lá o quê, pelo contrário...

-Não mencione isso! No mínimo, a amizade acabaria.

Aquela declaração doeu, um pouco como um soco no olho ou uma facada no peito. Eu não sabia por que me incomodava tanto ouvir aquilo, mas realmente não gostei daquelas palavras. Tentei não demonstrar minha decepção. Eu estava realmente com medo de perder a amizade dele, era a única coisa real que me restava e não estava pronto para sentir mais dor. Decidi deixar para lá e dei uma mordida no meu sanduíche já frio. Pensei em como Carlos tinha sido ruim comigo, por que ele estava sendo ruim com pessoas que eu não conhecia? Ryley, em comparação, era muito gentil e prestativo. Claro, se ele não tivesse me deixado no meio de um estacionamento em uma festa ilegal, teria sido melhor. Aquela Megan causou mais problemas do que qualquer outra coisa. -Tenho de ir, hoje vou trabalhar à tarde e você sabe como é o chefe", Freia assentiu, balançando a cabeça. -Ainda não entendo por que você não sai desse lugar tóxico.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.