Cap. 2
— Ivy, você tá bem? - Amber encarou o rosto que ia ficando branco a cada momento quando ela levantou. Levantou-se também olhando para os garotos, e eles para ela e só assim, puderam notar perfeitamente o momento em que os olhos do cara novo subiram para Ivy e se arregalaram. Ele travou no lugar enquanto sua boca crescia como os olhos. Estava tão surpreso quanto Ivy. — Eu acho que acabamos de formalizar um encontro do século.
Madison olhava de um para outro, o que chamou atenção também dos meninos que pararam no meio do caminho, sem entender aqueles olhares.
— Me diga que vocês não são ex-namorados que se mudaram para esquecer um ao outro e agora vão ter que conviver junto, porque eu vou adorar contar isso para as próximas garotas que um dia viram para essa cidade. - Madison comentou.
O garoto pareceu acordar depois de um chamado dos meninos e voltou a andar parando na mesa.
— Oi Apollo, seja bem-vindo. Sou a Madison Diaz.
— Prazer. - Apertou a mão dela, ainda que seus olhos tivessem em Ivy.
— Eu sou Amber Block, e essa é a Ivy Olivares que tenho quase certeza que você já sabe. - Ele apertou a mão da outra e realmente, não conseguia tirar os olhos da garota do meio. — Meninos essa é a Ivy Olivares, ela é incrível.
— Oi Ivy - O primeiro, Josh chamou sua atenção empurrando Apollo para o lado. — Confesso que quando vi sua foto achei que você era bonita, mas vendo pessoalmente, tenho que confessar que você é particularmente uma das garotas mais maravilhosas que já pisou naquele apartamento. - Ivy sorriu acordando daquele pesadelo, ao menos uma coisa boa tinha no meio de um tornado que logo iria começar.
— Obrigada.
— Eu sou Jones e concordo com meu amigo Josh - beijou a costa de sua mão e Ivy não conseguiu esconder o sorriso. Os garotos eram educados e bonitos, e então, parou os olhos em Apollo que agora, de braços cruzados, a olhava mais fixamente com os olhos cerrados e os lábios prontos para… — Vai Apollo diz oi pelo menos. - Jones mandou batendo em suas costas.
— Oi. Se soubesse que iria me seguir tinha te esperando, podíamos ter vindo juntos. - Ivy respirou fundo. Já estava passando mal.
O mundo em que ela criou em sua cabeça, a vida nova que tanto sonhou em ter naquela cidade tinha acabado. Ela saiu de casa para não ter que olhar justamente para Apollo, a única pessoa que fez dos seus dias na escola os piores dos piores.
Quando achava que não podia piorar, lá estava ele quebrando seus encontros, destruindo seus trabalhos, acabando com sua reputação e tirando seu nome da lista dos três primeiros alunos mais inteligentes.
— Eu não acredito que isso está acontecendo. - O sorriso dela morreu por um momento e ela sentou procurando água para beber.
— O que é isso? Vocês já namoraram? - Amber sentou convidando todos a sentarem também enquanto sedia seu copo de água para a garota que passava mal.
— Eu nunca conseguiria namorar com ela. Ela sempre me bate. - Acusou logo, vendo a outra se irritar.
— E eu prefiro desistir da faculdade e dessa cidade, dessas quatro pessoas maravilhosas só para não ter que olhar para a sua cara. - Disse tentado manter o controle, porque tudo dentro do seu paraíso estava desabando. — Vocês estão vendo esse sorriso ridículo na cara dele? Não se enganem! Ele é a pessoa mais cruel do universo e eu me recuso a ter que sentar aqui e comer te olhando. - Levantou novamente pegando sua bolsa. — Eu vou embora!
— Espera… Ivy - Amber levantou junto de Madison, mas Apollo foi mais rápido as impedindo que fossem atrás dela. — Que tipo de pessoa você é para ela ficar assim?
— Sou uma pessoa legal. Só tivemos alguns problemas. Deixa que eu falo com ela. - Avisou e saiu da mesa.
Atravessou todo o restaurante que tinha achado bonito, tinha o mesmo cheiro da casa da vizinha. Achou que poderia ir ali mais vezes quando sentisse saudades de casa, nem em um milhão de anos ele imaginaria ver Ivy sentadinha naquela cadeira com seu cabelo jogado para o lado mostrando aqueles peitos bonitos. — Se concentra - mandou para si mesmo. A encontrou do lado de fora, escrevia alguma coisa no celular. Apollo riu se aproximou o suficiente para lhe tomar o aparelho e conseguir aqueles olhos verdes em sua direção. — Perdeu garota!
— Ah não. - Ivy bateu o pé virando para o outro lado. Não queria ter que olhar para ele. — Porque você sempre estraga tudo? Quando meu Deus, eu vou parar de ser castigada por esse filho do demônio? ESSA PRAGA!
— Eu não sou tão ruim assim, garota - Ivy virou para ele rapidamente. — Me desculpa! Mas eu não sabia que encontraria você por aqui, e se estamos com as mesmas pessoas, certamente estamos também no mesmo apartamento, e prédio e faculdade. - Cruzou os braços para acalmar o coração que batia forte dentro do peito.
— De todas as cidades do mundo, porque justamente veio para cá? Até quando você vai me seguir e destruir minha vida? - Falou mais alto e as pessoas que passavam no momento olharam para o casal.
Ele mal tinha aparecido e toda a imagem daquela linda cidade havia caído por terra.
— Olha aqui minha filha, eu não estou te seguindo não. Meu pai e minha madrasta moram aqui, temos um bar muito famoso, e eu resolvi vim fazer faculdade aqui. E eu poderia ir morar com ele? Sim. Mas…
— Mas você escolheu destruir até mesmo o meu sonho, depois do colegial? Seu escroto filho da puta, eu te odeio. Eu te odeio de verdade. Eu quero que você vá embora, ou não, eu posso ir embora porque você é uma pessoa ruim e está aqui apenas para me destruir, confessa. - Mandou.
— Você não é o centro do mundo Ivy, para de se achar garota. Tá pesando que é o último sol do amanhecer? - Ele bradou mais sério, se aproximou devagar estendendo o celular para ela. — Eu também sempre quis sair daquela cidade, e se você tivesse reparado melhor em mim, tinha descoberto. - Apontou para si mesmo enquanto Ivy apenas calculava como iria chegar naquele apartamento arrumar suas coisas e ir embora no mesmo dia. — Não posso morar com meu pai porque ele é um babaca, mas um cara legal.
— Eu não me importo com você ou com sua família, e claro que não vou reparar em nada em você, porque você não tem nada de interessante - Disparou de uma vez, e o outro fez pouco caso. — Nós não somos mais crianças.
— É, eu sei que não somos. Então fica tranquila baixinha invocada - Tentou abraça-la de lado, mas recebeu um soco no estômago. Abraçou a barriga novamente quase perdendo o ar. — Eu não senti saudade dos seus socos. Nossa Ivy!
— E eu de nenhuma das suas piadas sem graça. SEU BABACA!
— Olha Ivy, eu não quero que desista da faculdade por minha culpa. Apesar de ter adorado saber que eu te afeto tanto a ponto de parar o seu mundo por minha causa. - Sorriu enquanto se erguia novamente. Ela o olhou dos pés a cabeça e claro, claro, ela não podia perder a cabeça por causa daquele babaca. Iria sim seguir a diante.
Voltar agora para casa também era uma prova de que não saberia lidar com nada que fugisse do seu controle na vida adulta, só tinha que entender que nem tudo na vida era como planejou.
Engoliu a seco e subiu o olhar para os daquele idiota.
— Eu não vou desistir do meu sonho por uma pessoa escrota como você. - Apollo se ofendeu — Eu tenho um emprego aqui, meio período, mas será perfeito. Também moro num apartamento bonito e meu quarto falta apenas flores para decorar e as meninas são legais e os garotos são bonitos, menos você. - Contou logo fazendo o garoto rir em deboche — Eu sou uma mulher adulta agora, não vou mais me importar com o que você falar. - Passou por ele de cabeça erguida, pronta para entrar no restaurante de novo.
— Ainda bem. Porque agora que você disse que é adulta… - Ele virou para ela, se encararam, Apollo sorriu — Quero ver você fugir de tudo que acabei de planejar na minha cabeça. - Passou por ela entrando primeiro.
Ivy engoliu a seco e também todo o seu ódio e entrou, e assim que fez, travou no mesmo momento quando encontrou o sorriso de Apollo. Ele parou ao seu lado e gritou chamando atenção:
— Aí pessoal. - Todo mundo daquele restaurante olhou para os dois. — Essa é Ivy Olivares, é a minha melhor amiga desde a infância - as meninas da mesa arregalaram os olhos e os meninos se entreolharam, confusos. — Só quero anunciar que ela é uma das pessoas mais bravas que conheci, mas está em busca de alguém para domar seu coração. Inclusive, tirar sua virgindade.
Amber que tomava um suco fresco depois de tanta treta cuspiu todo no rosto de Josh que era o mais próximo. Madison apenas sorriu sabendo que aquela historia de ter perdido com fulaninho e bichaninho no aniversario era pura lorota.
As pessoas do restaurante riram, além de jogar cantadas de longe. Ivy olhou para cada pessoa presente ali parando em Apollo que se aproximou e abaixou-se um pouco para alcançar seus ouvidos.
— Você não tem ideia do quanto eu consigo ser escroto. Ainda mais longe do seu irmão. - Foi se afastar para voltar à mesa quando sua mão foi puxada, virou para ela a tempo de levar a primeira tapa da sua vida no rosto. Ele colocou a mão no lugar, incrédulo, surpreso, e mais surpreso ficou quando ela riu. ELA TAVA RINDO DO QUÊ? — Quê, que isso?
— E você não tem ideia de quantas tapas eu vou te dar todas as vezes que você querer causar para meu lado. - Ele ainda estava incrédulo. — Eu posso ser virgem, mas com certeza a mais gostosa de todas as garotas que vai conhecer durante toda a droga da sua vida. Se você tem algum problema com isso, guarda para você.
Passou por ele desfilando até a mesa. Recebeu mais algumas cantadas e cumprimentos de homens e mulheres. Apollo abaixou sua mão encarando aquela nova Ivy.
— Então a brincadeira vai começar… Meu amor.