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4- Mirella

— Aqui já está tudo arrumado Pene... Meu Deus eu nem acredito que amanhã vamos dormir em uma casa nova, respirar ares novos e o meu bebê vai ter o seu próprio quartinho. — Digo empolgada já nos imaginando no novo apartamento.

— Minhas malas também já estão prontas Milla... E esses móveis velhos? O que vamos fazer com eles? Não podemos deixar aqui, o dono do apartamento vai jogar tudo fora, aquele velho ignorante. — Pergunta ela olhando de um lado para o outro encarando os poucos móveis que temos.

— Podemos doa-los... Tem um monte de gente aqui na comunidade precisando de uma coisa ou outra, os moveis são velhos mas estão bem conservados. — Sugiro também olhando a minha volta. — Mas eu só vou ter tempo para te ajudar na distribuição no final de semana Pene, eu não posso correr o risco de perder o meu emprego ou estaremos ferradas mesmo na casa nova... Eu quero evitar o máximo que eu puder em aceitar ajuda do seu namorado, ou ele vai achar que estamos o explorando. — Falo pensativa e ela se aproxima segurando as minhas mãos.

— Não se preocupe tanto por favor...? Relaxa um pouco Milla, se estamos tendo essa oportunidade de sair daqui então vamos sair, se estamos tendo ajuda é porque merecemos e nós vamos aproveitar minha irmã... Depois quando nós duas tivermos um bom emprego, quando estivermos bem financeiramente podemos devolver tudo que nos for emprestado, está bem assim? Vai ser um empréstimo assim como você já combinou com Emílio e vou te ajudar a pagar, porque eu não quero que ele me veja como uma interesseira. — Diz também pensativa e agora é a minha vez de animá-la um pouco.

— Eu concordo com você, não vamos pensar nisso agora, vamos pensar apenas em terminar de arrumar essa bagunça ok? — Arrasto-a até a cozinha para terminar de empacotar algumas coisas que talvez não tenha no novo apartamento, o que eu acho bem difícil já que se trata de um apartamento de luxo, digamos assim.

Pelo que Pene me contou o apartamento tem três suítes, sala de estar, sala de refeições, cozinha, área de serviço e uma pequena sacada que por mim nem precisava ter, já que aparentemente o apartamento é imenso, o aluguel desse lugar deve ser o olho da cara mas não vou me preocupar com isso agora, ou eu vou acabar arrancando os meus lindos cabelos ruivos de tanta preocupação.

Depois de terminar de arrumar tudo que vamos levar para o novo apartamento finalmente nos deitamos para descansar um pouco, amanhã o Emílio vira buscar as nossas coisas e eu nem vou poder ajudar, ou eu realmente serei demitida se faltar mais um dia se quer de trabalho, mas estou tranquila por não termos muitas coisas para levar.

Depois de alguns minutos na cama pensando sou vencida pelo cansaço e apago me fundando em um sono profundo, estou tão empolgada em me mudar daqui que sonhei com a nossa casa nova, mesmo que ela não seja nossa de verdade, morar de aluguel é assim, hoje você está dormindo dentro de uma casa e amanhã você pode dormir em outro lugar totalmente diferente, podemos estar indo para um lugar bom ou um lugar ruim, assim como também podemos sair de uma casa confortável sem nem ao menos ter para onde ir.

Acordo na manhã seguinte dentro do meu horário de sempre e vou fazer a minha higiene pessoal, tomo um banho caprichado e vou me arrumar para o trabalho, depois de pronta eu me despeço do meu filho que dorme tranquilamente e vou até a cozinha beber um copo d'água antes de sair, mas como sempre encontro Pene terminando de fazer o nosso café da manhã.

— Nem pense em sair de casa sem tomar o seu café, ouviu bem dona Mirella? — Me alerta assim que me vê entrar na minúscula cozinha e eu sorrio por ela sempre se preocupar comigo.

— Tudo bem, eu tomo o meu café, afinal ele foi preparado com tanto carinho que seria uma audácia da minha parte recusar. — Me aproximo dela lhe dando um beijo e um abraço de agradecimento. — Bom dia! — Cumprimento-a ainda abraçada a ela mas logo nos soltamos.

— Bom dia...! Sente-se e vamos tomar o nosso último café nesse apartamento... Porque no jantar vamos ter algo mais especial em um lugar mais especial ainda. — Diz bastante empolgada e a sua alegria me contagia.

Tomamos o nosso café enquanto conversamos e fazemos planos para quando estivermos no nosso novo lar doce lar, depois do café eu dou mais um beijo no meu filho e peço a Pene para me avisar assim que o colocasse na creche, perdemos tanto tempo conversando durante o café da manhã que quase perco a minha hora de sair, me despeço dela e pego a minha bolsa saindo de casa. Me apresso para chegar no ponto de ônibus já rezando para não encontrar aquele maldito homem outra vez, mas quebrei a minha cara quando o encontro assim que viro duas esquinas depois da minha casa. Mas o que esse diabo faz aqui tão cedo?

— Bom dia princesa! Será que podemos conversar por um minutinho? — Pergunta se aproximando de mim mas eu me esquivo saindo de perto dele.

— Eu estou com pressa, já estou atrasada para o trabalho. — Me justifico sem parar de andar mas sinto quando ele me segura pelo braço.

— Espera princesa! Eu posso te dar uma carona se você quiser, eu te deixo no seu trabalho minha linda. — Sugere sorrindo enquanto se aproxima mais de mim.

— Não precisa, obrigada... Eu prefiro ir de ônibus... Com licença. — Digo nervosa e com medo por tê-lo segurando o meu braço, tento me soltar mas ele não me deixa ir.

— Eu insisto meu anjo, eu só quero conversar com você... Eu estou te notando já faz um tempo, você é tão linda, digna do título de princesa. — Diz me puxando pela cintura encarando a minha boca, mais uma vez tenro me soltar mas ele não deixa e ao invés disso tenta me beijar.

— Me solta por favor...! Me solta! — Peço me desesperando e o empurro com força começando a correr para longe dele.

— Pode correr o quanto quiser princesa, mas você ainda vai ser minha sua gostosa! — Ouço ele gritar e isso foi só mais um incentivo para que eu não parar de correr.

Meu Deus me livra desse monstro por favor, se ele cismar mesmo com a minha cara eu estou ferrada, eu não quero ter problemas com esse cara eu já ouvi histórias terríveis sobre o que ele já fez com algumas mulheres, eu só espero não ser mais uma de suas vítimas.

Chego no ponto de ônibus ofegante de tanto correr e com o coração batendo na boca tamanho foi o meu medo, algumas pessoas até me encaram estranho por me verem nessa situação mas não me importo com isso, apenas fico na minha esperando o bendito ônibus que graças a Deus não demorou muito. Segui para o trabalho me segurando para não chorar de tão nervosa que ainda estou por passar por uma situação dessas, mas enfim, não deixo que o medo me faça passar uma vergonha dessas de chorar na frente das pessoas, não quero parecer fraca diante de ninguém mas a verdade é que não sou tão forte o quanto pareço.

Depois de alguns longos minutos naquele ônibus finalmente cheguei no trabalho já em cima da hora, entro correndo no prédio e subo para o meu andar, e para o meu azar o meu chefe já está em sua sala, jogo a minha bolsa em cima da mesa e vou cumprimenta-lo.

— Bom Sr. Sampaio! Deseja alguma coisa? Um café? — O cumprimento parada na sua porta e ele me encara com a mesma cara emburrada de sempre.

— Chegou em cima da hora Srta. Albuquerque, pelo visto a sua noite foi boa... Por mais um minuto e você chegaria atrasada. — Diz esse velho cretino me encarando de cima abaixo fazendo o meu estômago revirar de nojo.

— Como o senhor mesmo disse, eu estou na minha hora, se não precisa de nada com licença. — Respondo antes de sair fechando a porta para não enlouqueça de vez e mandar esse infeliz ir se ferrar longe de mim.

Me acomodo na minha mesa e me ocupo do meu serviço, me afundo em alguns relatórios que me esperavam em cima da mesa e assim a minha manhã passa mais lenta que uma tartaruga. Pene me avisou que já tinha deixado Biel na creche e já está levando as nossas coisas para o novo apartamento, me apego a essa boa notícia para não surtar me lembrando daquele cara asqueroso me segurando contra o seu corpo, eu tenho pena das mulheres que passam pelas mãos daquele nojento.

Por incrível que pareça a minha tarde está sendo bem tranquila e meu chefe me deixou em paz pelo resto do dia, mas como é de praxe ele me infernizar já na minha hora de sair, ele me pede para organizar alguns processos em sua sala. Começo a fazer o que ele me mandou mas não deixo de reparar na maneira como ele está me encarando, mas prefiro pensar que é coisa da minha cabeça.

Depois de meia hora organizando aqueles processos finalmente termino o que estava fazendo, estou de costas para a porta mas quando me viro vejo Sr. Sampaio de pé encostado na mesma.

— Bom Sr. Sampaio, eu já terminei por aqui... Agora se me der licença eu já vou indo. — Aviso me aproximando dele mas ele não sai da porta impedindo a minha passagem.

— Porque você é tão difícil Srta. Albuquerque...? Você é uma mulher tão linda, tão atraente... Eu poderia te dar o que você quiser se aceitar ficar comigo, talvez você nem precisasse mais trabalhar. — Diz saindo da porta vindo na minha direção me fazendo dar alguns passos para trás.

— Eu preciso mesmo ir embora Sr. Sampaio... Eu preciso ver o meu filho, com licença. — Falo nervosa e me apresso para passar por ele mas o mesmo entra na minha frente fazendo eu me chocar contra ele.

— Não quer pensar melhor na minha proposta, Mirella? Eu posso te dar tudo que você quiser se aceitar ser minha. — Diz segurando minha cintura me prendendo contra seu corpo e tenta me beijar.

— Seu velho asqueroso me solta...! Seu nojento me solta! SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA! — Peço me desesperando tentando me soltar dele mas por ser um homem é mais forte que eu.

— Eu estou te desejando a mais de dois anos Mirella... Eu preciso ter você e eu vou ter agora. — Esbraveja me empurrando contra a sua mesa mais uma vez tentando me beijar.

— Por favor não faz isso...! Por favor...! SOCORRO! SOCORRO ALGUÉM ME AJUDAAAA! — Grito me desesperando ainda mais e já sinto minhas lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Tento o empurrar mas ele joga o seu peso sobre mim imobilizando os meus movimentos, e isso só me deixa ainda mais apavorada por sentir que ele está excitado. Meu Deus me ajuda! Ele vai me violentar!

— SOLTA ELA SENHOR! SOLTA ELA O SENHOR NÃO PODE FAZER ISSO! — Ouço a voz de Paulo o segurança do prédio.

— ME AJUDA PAULO POR FAVOR! ME AJUDA! — Suplico ainda chorando e sinto quando esse canalha miserável é tirado de cima de mim.

— O senhor perdeu o juízo Sr. Sampaio? Como teve coragem de fazer uma canalhice dessas com a garota? O senhor pode ser processado sabia disso? — Esbraveja Paulo enquanto eu saio correndo pela porta e só tenho tempo de pegar a minha bolsa em cima da minha mesa.

Não espero o elevador, desço as escadas correndo querendo sair o mais rápido possível dali, desço cinco lances de escadas e nem percebo quando chego na recepção, saio do prédio ainda chorando muito pelo susto de quase ter sido estuprada pelo meu chefe, não tinha mais ninguém no prédio e por sorte Paulo estava naquele andar, ou eu teria sofrido o abuso daquele desgraçado.

Começo a andar sem rumo ainda desnorteada pelo que aconteceu e percebo que havia passado do ponto de ônibus, olho de um lado para o outro e não vejo nada e nem ninguém, a rua está deserta e escura, pego o meu celular na bolsa para ver a mensagem que Pene me mandou com o nosso novo endereço, mas nesse momento ouço vozes se aproximando e isso me assusta, olho a minha frente e vejo um grupo de homens se aproximando e isso me causa medo, tento me apresar para voltar na mesma direção que vim mas percebo que aquele homens avançam rápido na minha direção, entro em uma rua qualquer afim de fugir deles e começo a correr.

— Não corre não gatinha! Nós já te vimos e só queremos brincar um pouquinho com você boneca. — Diz um deles gargalhando enquanto corre atrás de mim.

Tento entrar correndo na próxima esquina mas foi inútil, sinto quando sou agarrada por trás e mais uma vez naquela noite eu entro em desespero.

— SOCORRO! SOCORR... — Tenro pedir ajuda mas sou impedida de grita quando aquele cara tampa a minha boca com uma de suas mãos.

— Não grita ou vai ser pior gatinha... Porra você é muito gostosa viu...? Eu te comeria de todas as maneiras possíveis minha linda. — Sussurra no meu ouvido e chupa o meu pescoço me fazendo chorar ainda mais. Porque eu estou sendo tão castigada desse jeito meu deus? — Vem comigo! Tem um amigo meu que vai adorar pegar você de jeito, sabe ele não está nada bem então eu vou dar a sua boceta de presente pra ele. — Diz sorrindo enquanto me prende mais ao seu corpo e me arrasta de volta de onde eu vim.

Tento me soltar, tento gritar mas é em vão, ele pressiona a sua mão na minha boca com força o suficiente para me impedir de gritar, estamos caminhando de volta para o lugar de onde eles vieram, olho a minha volta e não tem ninguém na rua além de mais três homens parados ao lado de um carro preto todo filmado completamente escuro, assim que nos aproximamos dos demais eles sorriram me encarando de cima abaixo me causando um medo mortal.

— Cara ela é gostosa mesmo hein? Porra se o Nick não quiser eu pego pra mim. — Diz um deles me fazendo arregalar ainda mais os olhos apavorada e temendo o pior, tento me soltar mais uma vez mas não consigo. Quatro contra um, eu não consigo ver vantagem nenhuma a meu favor, dessa vez eu não vou conseguir escapar do pior!

— Cara vocês são loucos ou o quê? Não é assim que eu pego mulher seus viados... Solta a garota! — Diz o tal Nick encostado no carro de braços cruzados.

— Fala sério meu irmão? Eu peguei a gostosinha aqui pra você e você não quer...? Então eu vou ficar com ela pra mim cara, ela parecer deliciosa. — Diz afrouxando a mão na minha boca só então eu consegui respirar direito.

— Por favor me deixa ir embora...? Me solta por favor...? Por favor...? — Imploro aos prantos sentindo a minha visão embaçada pelas lágrimas.

— Eu quero ouvir você implorar por favor quando eu estiver metendo em você ruivinha... Eu já estou ansioso para saborear essa bocetinha que deve ser uma gracinha além de gostosa. — Diz um outro se aproximando e passa a mão na minha intimidade apertando com força.

— Para...! Me solta por favor...? Me solta... SOCORRO! SOC... — Tento gritar mas novamente aquele infeliz cala a minha boca com a sua mão.

— Porra vocês estão passando dos limites caralho! Solta a garota! Eu não preciso pegar uma mulher a força, se eu quiser elas veem até a mim... Porra a garota parece um bichinho assustado, é assim que vocês pegam mulher? A força...? Não fode porra solta a garota! Eu estou mandando Rafael! — Diz o tal Nick se irritando e se aproxima encarando seriamente o cara que me prende a ele.

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