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3- Nicolas

— Você não pode estar falando sério papai, isso é um absurdo, eu não posso me casar só para assumir a empresa, não é justo o que você fazendo comigo! — Questiono irritado depois de ser acordado por papai jogando essa bomba em cima de mim.

— Se você não assumir a presidência da empresa quem vai assumir será o seu primeiro Bernardo, e se ele assumir a presidência você não ganhará um só centavo do meu dinheiro, ouviu bem...? Você só quer saber de farra, gastar dinheiro com bebidas e sabe se lá com o quê mais, eu não vou mais patrocinar as suas noitadas de farras Nicolas, ou você se casa e assume a empresa, ou você não receberá nenhum só centavo do meu dinheiro pelo resto da sua vida, ouviu bem...? Óh droga! — Esbraveja alterado mas me assusto quando ele põe a mão no peito fazendo cara de dor.

— O que foi papai? O que você tem? — Pergunto preocupado me aproximando rápido dele que parece mal.

— Eu preciso de um médico... Rápido filho... — Pede quase desmaiando em meus braços e eu o deito na minha cama antes de pegar o telefone e pedir uma ambulância, eu nunca vi o meu pai assim antes.

— Calma papai, eu já chamei uma ambulância e eles vão chegar logo... O que você tem? Por favor você não pode me deixar... Me desculpa... Me perdoa papai, eu sei que não sou um exemplo de filho pra você, mas não precisa me deixar por causa disso, eu vou mudar eu prometo... Não me deixa por favor...? Não me deixa papai. — Peço já entrando em desespero por vê-lo tão vermelho e suando frio.

Converso com ele para mantê-lo acordado e poucos minutos depois uma ambulância aparece e o leva para o hospital, coloco apenas uma camisa e uma calça de moletom que estava sobre a cama e corro para o meu carro, entro no mesmo e sigo a ambulância para o centro onde fica um dos hospitais da família, liguei pra mamãe avisando sobre o papai e ela se desesperou assim como eu, ela grita e xinga me dando a maior bronca da minha vida e sei que ela tem razão, eu não tenho sido o filho que ela educou com tanto carinho e amor.

Me rebelei depois de sofrer uma grande decepção da mulher que eu amava, mas eu dei um troco muito bem dado naquela vadia, aproveitei a festa do meu próprio primo traidor e fiquei com a irmã dela na frente de todos, o problema é que depois que comi a outra safada eu não parei mais, tudo quanto era mulher que passava na minha frente eu pegava não queria nem saber de nada, mas junto com as inúmeras fodas que eu tenho todos os dias também veio as bebidas, estou bebendo mais que o normal, se antes eu bebia apenas nos finais de semana agora eu bebo todos os dias, e todos os dias aparece uma festinha diferente para ir, mas agora o meu pai enfiou na cabeça que para assumir a empresa eu preciso me casar, e mesmo que eu cometa uma burrice dessas só para assumir a presidência, eu não vou deixar de curtir a minha vida da minha maneira, eu não quero me apaixonar outra vez e se eu me casar não vai ser por amor, vai ser apenas a negócios e nada mais.

Chego no hospital ao mesmo tempo que a ambulância e procuro o estacionamento mais próximo para estacionar, sai trancando o meu carro e corro até a recepção do hospital, me informo sobre o meu pai e me disseram que o levaram para o atendimento e logo terei notícias. Ando de um lado para o outro impaciente na sala de espera e logo vejo mamãe entrar feito um furacão.

— Cadê o seu pai Nick? Como ele está? O que aconteceu com ele? Porque ele passou mal meu filho? — Pergunta aos prantos me dando tapas antes de me abraçar.

— Eu não sei o que ele tem mamãe, ele foi lá em casa me fazer cobranças porque colocou na cabeça que eu tenho que me casar, eu apenas não concordei com isso... Ele se alterou comigo e de repente passou mal ali na minha frente, eu juro que eu não tive culpa... Eu não queria ver o papai sair de casa em uma ambulância. — Tento me controlar para não chorar pelo medo que estou sentindo agora.

— Eu também não concordei com isso meu filho, já tem algumas semanas que ele colocou isso na cabeça e não tira por nada... Mas eu tenho medo que o pior aconteça Nick... Eu não vou suportar perder o seu pai... Eu não posso perdê-lo. — Diz ainda abraçada a mim chorando ainda mais.

— Meu Deus mamãe não vamos pensar nisso, ele vai ficar bem eu sei disso. — Tento me convencer disso sem conseguir segurar as lágrimas que enchem os meus olhos.

— Por favor! A família do Sr. Rogério Bettencourt. — Chama uma enfermeira entrando na sala.

— Aqui! Eu sou o filho dele. — Me solto da mamãe e me apresso para chagar até ela.

— Eu sou a esposa dele, como está o meu marido? Ele está bem, não está? — Pergunta mamãe tentando conter as lágrimas.

— Sim Sra. Bettencourt, o seu marido está bem, graças ao rápido atendimento conseguimos evitar um enfarto, a pressão dele ainda está muito alta e por isso ele terá que ficar internado. — Explica calmamente encarando mamãe que parece se acalmar um pouco mais.

— Podemos vê-lo? Ele já está no quarto? — Pergunto respirando aliviado ao saber que ele está bem.

— Sim, vocês podem vê-lo, ele está no quarto 609 do terceiro andar. — Diz enquanto anota algo em uma prancheta e nos dá passagem.

Nos apressamos para chegar até o elevador e subimos para o terceiro andar, passamos por um corredor e logo achamos o quarto onde papai está, entramos no quarto e ele está dormindo tão tranquilamente como se nada tivesse acontecido. Nos aproximamos dele e mamãe começa a chorar novamente ao vê-lo em uma cama de hospital.

— Meu bem? Você pode me ouvir...? Meu Deus amor, fala comigo? — Pede se debruçando sobre ele e deita a sua cabeça em seu peito.

— Eu estou bem querida... Foi só um susto... — Diz papai com voz fraca chamando a nossa atenção para ele.

— Papai me desculpa, eu não queria que se aborrecesse daquele jeito... Me perdoa? — Peço emocionado por vê-lo aqui na minha frente, e bem.

— Venha filho! Aproxime-se! — Ordena e eu obedeço me aproximando mais dele e seguro a sua mão. — Não foi sua culpa... Eu me exaltei por pensar que poderíamos perder a empresa para aquele irresponsável do Bernardo... A empresa tem que continuar na nossa família filho, o meu irmão já morreu e seu primo herdou os 41 por cento da empresa... Se ele assumir a presidência nós vamos falir em menos de um ano, vamos perder anos de trabalho e suor investido ali... Por isso eu quero que você assuma a presidência meu filho, mas para isso você precisa provar que merece, você precisa ser mais responsável porque isso no momento você não é, e um casamento vai ser o melhor pra você, vai te ajudar a ter mais responsabilidades, além disso você já passou da hora de se casar e formar uma família, eu sinto que não vou ficar muito tempo nesse mundo Nicolas, e se eu tiver que morrer eu quero ir em paz e para isso acontecer eu preciso ver o meu único filho crescer nessa vida... Quero ver você tocar a empresa que um dia eu construir pra você meu filho, mas você é tão irresponsável quanto Bernardo, mas entre ele e você, é claro que vou preferir você na presidência. — Diz tudo isso sem tirar os seus olhos dos meus e eu me sinto mal por ver a sua tristeza em pensar que pode perder a empresa, eu não sei se um casamento vai me ajudar ou me atrapalhar na gestão da empresa.

— Papai eu... Eu não sei o que te dizer... Eu consigo me tornar responsável sem precisar me casar, eu sou capaz de assumir a empresa sem precisar me casar eu... Papai... — Tento argumentar mas estou completamente perdido sem saber o que pensar e com receio de que ele passe mal outra vez.

— Bernardo falou a mesma coisa Nicolas... Por isso seu falecido tio não deixou a empresa na responsabilidade dele, você sabe que é a sua tia quem administra os 41 por cento da empresa... Se você não assumir a presidência agora, no futuro você vai enfrentar um briga feia para conseguir ficar de frente do nosso patrimônio, eu não te peço isso pensando só no dinheiro, eu lutei muito para erguer tudo aquilo e eu fiz isso pensando em você filho... Eu... Eu não... Ahh... — Diz ainda com a voz fraca e novamente percebo que ele não está bem quando faz uma careta de dor.

— Tudo bem papai eu me caso... Mas você não pode me deixar aqui sozinho para tocar aquela empresa... Por favor...? — Me rendo ao seu apelo aflito segurando a sua mão com força, só então percebo a decisão que acabei de tomar sem pensar. Droga! Agora eu vou ter que me casar mesmo!

— Você está falando sério filho...? Você vai mesmo se casar e assumir a presidência em meu lugar...? Eu posso mesmo contar com você para isso? — Pergunta afoito esboçando um pequeno sorriso orgulhoso.

— Sim papai, eu vou me casar, se é essa a sua vontade eu não tenho como negar vendo que você não está bem... Mas eu preciso de um tempo para encontrar alguém, eu só não garanto que eu vá me casar por amor porque isso é impossível pra mim. — Afirmo me sentindo derrotado, mas enfim, aceitei essa maldição de casamento.

— O amor você constrói com o tempo filho, é só você encontrar uma mulher que vale a pena e você vai ver tudo acontecer sem você esperar. — Diz convicto e eu sorrio sem vontade, ele está redondamente enganado se acha que um dia uma mulher terá o meu amor novamente.

— O amor não me interessa papai, só o que me interessa é a sua saúde... E se para você ficar bem eu tenha que me sacrificar dessa maneira por mim tudo bem, mas como eu disse, eu preciso de um tempo... Eu preciso de um prazo para conseguir me casar, eu não posso simplesmente chegar ali na esquina e pedir a primeira mulher que passar na minha frente

em casamento, afinal sou eu quem vai ter que aturar a infeliz. — Digo meio impaciente e papai e a mamãe sorriram me fazendo revirar os olhos.

— Tudo bem filho, você tem seis meses para encontrar uma boa mulher e se casar... Você acha que consegue encontrar uma boa mulher dentro desse tempo? — Pergunta em um tom sério e mais uma vez faz aquela careta de dor.

— Eu dou o meu jeito papai, não se preocupe... Se preocupe apenas em ficar bem logo, ok? — Me aproximo novamente dele que pega a minha mão e a mão de mamãe.

— Se eu morrer antes de você se casar meu filho... Saiba que eu só estou fazendo isso para o seu bem... Para proteger aquilo que será seu no futuro. — Diz de olhos fechados fazendo o meu coração doer.

— Você não vai morrer papai, pare de falar bobagens...! Eu não aceito que você me nos deixe, ouviu bem...? Papai! — Chamo por ele mas ele não responde e isso me apavora.

— Deixa filho, ele dormiu outra vez... Os remédios devem ser muito fortes. — Me tranquiliza mamãe acariciando o rosto de papai com carinho.

— Eu preciso respirar mamãe, eu vou dar uma volta depois eu volto para vê-lo. — Aviso lhe dando um beijo no alto da cabeça e saio do quarto.

Passo pelos corredores apressado e pego o elevador, desço até a recepção e saio do hospital indo até o meu carro e entro no mesmo, eu preciso pensar, repensar e pensar de novo sobre a loucura que eu acabei de concordar em fazer.

— Mas que droga...! Merda! — Esbravejo socando o volante do meu carro ainda parado no estacionamento.

Eu não acredito na merda que vou fazer da minha vida, me casar era tudo que eu não queria nessa droga de vida, mas que inferno, porque o papai tinha que passar mal por causa disso? Porque eu estou sendo obrigado a fazer isso? Para o meu único pai não morrer de desgosto ao entregar a empresa nas mãos daquele delinquente do Bernardo...! Não sei por quanto tempo eu fiquei aqui parado no estacionamento do hospital, mas sei que já é tarde por já está escurecendo.

Volto para dentro do hospital e vou ver o papai mais uma vez, mamãe está cochilando sentada no poltrona ao lado de sua cama e ele tem o olhar perdido fitando a janela do quarto, me aproximo dele e finalmente ele me encara mas não diz nada, apenas me estende a mão.

— Eu amo você filho... Nunca se esqueça disse, ouviu bem? — Declara em um tom mais sério que o normal e eu encaro a íris dos seus olhos.

— Eu também amo você papai... Não se esqueça disso também. — Seguro a sua mão com carinho e ele me dá um leve sorriso.

Converso brevemente com ele e logo me despeço para ir em casa, preciso tomar um banho e me trocar para vir ficar com ele e mamãe pois eu sei que ela não vai sair daqui.

A caminho de casa eu recebo uma ligação de Emílio dizendo que precisa conversar comigo e que o assunto é sério, na moral, eu não estou com cabeça para conversar com ninguém hoje, mas como ele é o meu melhor amigo e o assunto parece mesmo sério eu peço que ele me encontrasse lá em casa.

Depois de alguns minutos no trânsito finalmente entro no condomínio onde moro e estaciono na entrada de casa, assim que entro em casa vou direto para o meu quarto arrancando as roupas do meu corpo para entrar no banheiro, eu preciso de um banho para relaxar os músculos.

Passo pelo menos meia hora debaixo da água fria pensando e tentando esfriar a cabeça, depois de perceber que já estou aqui a muito tempo eu saio do chuveiro e me enrolo em uma toalha, vou para o closet e escolho uma calça jeans e uma camisa social preta, pego os sapatos camisa e me arrumo na intenção de sair para beber nem que seja apenas uma dose de whisky, não gosto de beber sozinho em casa então eu preciso sair um pouco.

Depois de pronto eu saio do meu quarto e desço até a sala encontrando Emílio andando de um lado para o outro. Droga! Eu me esqueci que ele vinha pra cá!

— E então Emílio? O que aconteceu de tão grave para essa urgência toda? — Pergunto terminando de descer a escada e vejo que ele parece aflito.

— Porra cara o assunto é bem sério e eu preciso da sua ajuda. — Diz me encarando sério enquanto vou até o sofá sendo seguido por ele.

— Então fala logo cara, o que aconteceu? Eu já estou ficando ansioso. — Peço também em um tom sério e ele respira fundo antes de começar a falar.

— Então meu amigo, se lembra quando eu te contei que estava namorando uma garota...? Pois bem cara, eu queria saber se tem como você me alugar aquele apartamento vago abaixo do meu? A garota divide um apartamento com a amiga e o afilhado mas o lugar onde elas moram é barra pesada Nick, é um bairro muito perigo para elas então eu pensei em alugar aquele apartamento vago para colocá-las nele. — Explica ainda aflito e pelo visto ele gosta mesmo dessa garota.

— Mas elas tem condições de pagar um aluguel daquele padrão cara? Olha eu tenho duas visitas agendadas para amanhã, não sei se vai ter como alugar para elas meu amigo. — Digo pensativo me lembrando das visitas e o vejo se aproximar mais e se sentar ao meu lado.

— Por favor Nick? Me quebra essa cara? Eu preciso tirar as meninas de lá elas estão correndo risco de vida naquele lugar meu irmão... Eu preciso da sua ajuda por favor? — Pede me encarando esperançoso e vejo um certo desespero na sua voz, penso por alguns poucos minutos e tomo a minha decisão.

— Tudo bem cara, para você estar insistindo tanto é porque é realmente importante pra você... Eu vou te dar a chave do apartamento, elas podem se mudar quando achar melhor. — Me levanto e vou até o baú de chaves pegando a chave desejada com o número do apartamento.

— Porra meu irmão valeu mesmo, você está salvando três vidas vai por mim, mas depois eu te conto a situação com mais calma... Está tudo bem Nick? Você parece aéreo aconteceu alguma coisa? — Pergunta percebendo que estou quieto demais, geralmente eu não sou assim mas vai ser bom conversar um pouco com ele e desabafar um pouco.

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