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5

Em que inferno eu tinha me metido?

Olhei para mim mesma no espelho quando me fiz a pergunta novamente. Quando eu disse a Jane que eu queria conhecer o seu mundo, não era isso o que eu tinha em mente.

Ou era?

Uma pequena voz na minha cabeça falou que sim. Eu estava tentando ignorá-la desde esta manhã quando Jane me acordou para me dar a resposta que ela não tinha me dado na noite passada. Ela me disse que iria me levar em um lugar que poderia me dar uma ideia melhor do seu... estilo de vida.

Mas primeiro teríamos que ir às compras.

Eu fiquei um pouco irritada com isso porque pareceu que ela tinha acabado de dizer que eu não tinha nada bom para sair. Então ela me mostrou o que planejava vestir, e eu percebi que ela estava mais do que certa.

Eu tinha muitas roupas e já tinha ido à festas em clubes antes. Minhas roupas eram bonitas e de certa forma, sedutoras. E eu ficava bem em todas elas, de um jeito que nunca me senti deslocada. Mas com nenhuma dessas roupas eu poderia ir ao clube em que a Jane me levaria está noite. Então, fomos às compras.

Eu meio que esperava que ela me levasse em algum sex shop para comprar brinquedos estranhos e esquisitos, mas nós não fomos a esse tipo de lugar.

Em vez disso, Jane me levou para uma das boutiques mais caras que eu já tinha visto. É claro, eu não tinha visto muitas, mas ainda assim, não era algo a ser desprezado. As mulheres, aparentemente, conheciam bem a minha irmã, porque elas a chamaram pelo nome é a trataram como se fossem amigas. Em seguida, ela começou a procurar algumas roupas para mim. Mas não só roupas, sapatos e acessórios também.

Eu disse à Jane que eu não poderia pagar pelas coisas que ela estava escolhendo, mas ela apenas acenou e disse que era tudo um presente para compensar, aparentemente, pelos muitos aniversários e natais em que ela não tinha me dado nada. Eu relutantemente concordei, lembrando-me que não poderia constrangê-la com a forma que eu iria me vestir se ela não mudasse minha escolha de roupas. Já que provavelmente iria fazer isso com minhas reações.

Nós saímos para almoçar, em seguida, voltamos para o apartamento, onde passamos horas tentando descobrir qual era a melhor das minhas novas roupas para vestir à noite. Em seguida, ela me deixou sozinha no meu quarto para que eu colocasse a roupa e foi se arrumar também.

Eu mal podia me reconhecer agora.

O vestido que eu escolhi era de um azul profundo, como a noite, que deixava o meu cabelo mais escuro e os meus olhos mais roxos. Ele abraçava minhas curvas, mostrando bastante os meus seios e terminando a poucos centímetros da minha bunda. Eu provavelmente iria passar a noite toda preocupada com o que iria revelar, mesmo tendo um novo conjunto de sutiã e calcinha de renda que eram no mínimo provocantes.

Eu usava também um par de sapatos de salto alto surpreendentes que combinavam com o vestido e me dava pelo menos uns seis centímetros a mais de altura. Se eu não tomasse cuidado e caísse, poderia me machucar feio pois seria uma queda alta.

Eu mantive a minha maquiagem e o cabelo como de costume, no mínimo. A princípio, eu temi que não fosse suficiente, mas o meu reflexo disse o contrário. Por um momento, eu quase acreditei que era mesmo tão sexy e sofisticada como parecia. Então me lembrei que era mais provável que eu passasse a noite toda com o rosto vermelho e a boca aberta.

Ouvi um assobio atrás de mim. Virei-me para ver Jane de pé na porta, e parecia que eu estava vendo algo saído de uma revista de moda erótica. Ela não estava usando couro, chicotes e correntes, mas sua roupa era definitivamente mais ousada do que a minha. Na verdade, eu tinha certeza que Jane mostrava mais pele do que cobria. Mas ela parecia incrível.

Não que isso me surpreendesse. Jane sempre foi a garota linda que todos queriam. E isso não tinha mudado.

Apollo queria.

Eu empurrei o pensamento para fora da minha mente. Eu não estava indo a esse clube hoje à noite por causa do Apollo. Ele não me queria de qualquer maneira. Eu estava indo porque queria saber mais sobre o mundo que era parte da vida da minha irmã.

Isso era tudo.

— Pronta? — Perguntou Jane. Seus olhos estavam brilhando, mas ela não demonstrou interesse demasiado. Ela entendia que isso não era fácil para mim, não importava o quanto eu quisesse mostrar o contrário.

Eu balancei a cabeça, não confiando em minha voz o suficiente para falar. Não que eu fosse dizer muito de qualquer maneira. Eu estava pronta como nunca estaria, eu acho.

Segui Jane para fora do apartamento, de alguma forma, sabendo que o que eu visse em seguida mudaria tudo para mim.

Eu só não tinha ideia do quanto.

***

Gostaria de saber se alguém estava notando que eu estava me esgueirando para as sombras. Não porque eu não queria ver o que estava acontecendo no palco, eu queria. Parte de mim estava envergonhada por ver algo tão íntimo em um lugar público, mas mais de mim estava constrangida pela forma como eu estava gostando. E um olhar de soslaio para Jane me disse que ela sabia exatamente como eu me sentia.

Não importa o quanto eu estivesse envergonhada, porém, eu não podia olhar para outra coisa que não fosse a cena à minha frente. Jane me deu um curso intensivo durante o dia sobre o BDSM, então eu sabia o que estava acontecendo. Mas saber e entender eram coisas completamente diferentes.

Um homem bonito, jovem e de traços finos, estava amarrado a um X gigante no meio do palco. Ele estava nu, exceto por duas coisas – um colar em volta do pescoço, e um anel de metal em torno da base do seu pau. Seu corpo não tinha pelos, mas eu não estava perto o suficiente para dizer se ele era assim mesmo naturalmente, ou se a sua... "amante" o depilava ou mandava que ele se depilasse.

Sua amante estava vestida com algo muito mais modesto do que eu teria esperado de uma Dominatrix. Era um vestido semelhante ao que Jane estava usando, exceto que o dela era vermelho escarlate em vez de preto. E o decote mergulhava até o umbigo da mulher. Ela era pequena e magra, embora não o suficiente para ser considerada pequena, e tinha um volumoso cabelo cor de mel com cachos elaborados.

Ela não tinha falado uma palavra desde que chegou ao palco. Tinha ficado em todo e completo silêncio quando amarrou o seu – Namorado? Escravo? – submisso à cruz. E assim, de maneira silenciosa, ela apertou seu pau semiereto, acariciando-o até que ele ficasse totalmente ereto. Então ela se afastou. Os únicos sons que vinham do palco eram dos cliques dos seus saltos, e as respirações ofegantes do jovem.

Ela foi a uma mesa e, em seguida, pegou duas coisas de metal que eu imaginei que se tratasse de grampos. E foi aí que as coisas ficaram interessantes.

Agora, o submisso estava fazendo sons suaves que poderiam ser gemidos de dor, ou gemidos de prazer. Ele tinha esses grampos de metal em seus mamilos, e seu peito estava listrado com linhas vermelhas brilhantes, onde sua mestra tinha usado o que eu assumi ser um chicote. Jane não tinha me mostrado fotos, mas sua descrição foi clara o suficiente para eu conseguir identificar um.

Fiquei surpresa com a intimidade entre eles, pois a Dominatrix não falava nada, mas o jovem parecia entender tudo. Eles se comunicavam apenas com o olhar, mesmo estando em público.

Outro estalo de couro contra a carne do rapaz e ele gritou com seu corpo tremendo. Sua mestra estava movendo o chicote mais e mais, criando um padrão entre o seu abdômen e o seu peito. O último, no entanto, foi um golpe no interior da sua coxa. Ela deu mais golpe na coxa oposta, e então parou. Eu podia sentir a tensão crescente entre os dois, e eu me perguntava o que estava por vir.

Eu não consegui conter um soluço de surpresa quando a mulher deu, em seguida, um golpe nos testículos do submisso. Não foi muito forte, mas o suficiente para fazer o cara lutar contra as restrições que o prendiam e deixar sair um som estrangulado da sua boca. Eu me mexi no meu lugar, praticamente engasgando quando ela continuou a dar golpes no cara, em cada centímetro do pau dele.

Finalmente, quando eu não pude mais manter minha pergunta dentro de mim, inclinei-me para Jane e perguntei a ela com a voz mais baixa que eu pude.

— Isso não vai causar danos?

— Pode ser que sim. — Jane admitiu. — Quando o submisso não diz a palavra de segurança quando o dominante chega aos seus limites, o ato pode causar danos. — Ela ergueu o queixo em direção ao palco. — Mas Miranda é excelente no que faz. Além disso, ela e Jason estão juntos por um tempo, então eles conhecem os limites um do outro.

Assim, eu presumi que nem todos os relacionamentos Dominante/Submisso eram saudáveis. Tudo dizia respeito a como os envolvidos se conheciam. Isso era uma coisa boa de saber. Jane me disse que era assim que ela aliviava o estresse, mas que nunca seguiu a prática no seu dia a dia ou falava com as pessoas desse mundo corriqueiramente. Bem, exceto as pessoas do meio que a contratavam, ocasionalmente. Ela admitiu que foi nesse clube que ela conheceu alguns dos seus clientes mais ricos.

Aparentemente, minha irmã não era dominante apenas em sua preferência sexual, ela era também no trabalho, a meu ver. Ela era obcessivamente controladora em muitos aspectos da sua vida.

Um novo som chamou a minha atenção de volta para o palco. A mulher, Miranda, tinha terminado sua sessão com o chicote e agora estava passando as mãos por todo o corpo do homem. Seus dedos traçaram cada músculo, fazendo com que o seu parceiro, Jason, ofegasse e se contorcesse com cada toque. Quando ela colocou os dedos em torno do seu pau, um arrepio o percorreu, e eu não pude identificar se foi por prazer ou dor. Ou ambos.

Quando seus quadris começaram a se mover, empurrando seu pau contra a mão dela, Miranda o soltou. Mas não recuou. Em vez disso, ela estendeu a mão e desatou as tiras em torno dos seus pulsos, em seguida, deu um passo para trás. Sem precisar de instruções, Jason se inclinou e soltou os tornozelos. Quando ficou livre, ele deu um passo para frente e, em seguida, caiu de joelhos.

Miranda caminhou até ele, parando pouco antes do seu corpo tocá-lo. Ela olhou para baixo e colocou a mão em sua cabeça. Mesmo de onde eu estava, eu podia vê-lo relaxar com seu toque. Ela correu os dedos pelo cabelo escuro dele e, em seguida, apertou, usando o cabelo para inclinar a cabeça para trás. Depois se aproximou mais e abriu as pernas, apoiando os joelhos contra seus ombros.

Prendi a respiração e algo dentro de mim se queimou quando eu percebi o que iria acontecer agora. Eu sabia o que ia acontecer. E eu não podia tirar os olhos ou parar o desejo que se espalhou entre as minhas pernas.

Miranda manteve uma mão no cabelo de Jason e usou a outra para levantar a bainha do seu vestido o suficiente para que ela pudesse abrir as pernas um pouco mais. A parte inferior da sua bunda apareceu, mostrando que ela não estava usando nada por baixo do vestido. Então, sem mais uma vez dizer nada, ela trouxe a cabeça do Jason para o encaixe das suas pernas.

Porra.

Uma sucessão de arrepios passou por mim quando Miranda fez um som suave de prazer. Ela segurou a cabeça do Jason no lugar enquanto moía sua boceta nos lábios e na língua dele. A outra mão foi até seu peito e ela beliscou o mamilo através do tecido.

Ou Jason era realmente bom ou Miranda estava muito perto de gozar – ou ambos –, mas apenas alguns minutos se passaram antes que ela ficasse tensa contra ele, claramente chegando ao clímax. Em seguida, ela deu um passo para trás, revelando um Jason ofegante, e seu rosto brilhando com os líquidos dela. Seus olhos se encontraram, e eles compartilharam outra dessas comunicações silenciosas.

Uma pontada de inveja passou por mim, me surpreendendo. Mas eu não precisei quebrar a cabeça para saber do que se tratava. Eu soube imediatamente. Eu queria ter esse tipo de conexão com alguém. Eu só não tinha percebido até agora que era isso que estava faltando em mim.

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