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Capítulo 8 - Armadilha do Coração

Vittorio

Eu observava Chiara de perto, enquanto o drama que eu mesmo havia orquestrado se desenrolava diante dos meus olhos. A dor em seu rosto, os olhos marejados de lágrimas, tudo aquilo era resultado de minha manipulação cruel, mas não havia nenhum remorso em mim.

Ela estava agora subindo as escadas que levavam ao andar superior, envolta em um abraço solitário, os cabelos bagunçados e o rosto pálido. Chiara não tinha ideia de que aquele momento não passava de uma artimanha elaborada por mim para afastá-la de Rafael. Ela não merecia ser usada como peça em meu jogo sujo, mas eu não podia permitir que ela se aproximasse de Rafael. Meu ciúmes, embora irracional, queimava em meu peito, alimentando-se do fogo da atração que sentia por ela.

Os minutos arrastaram-se lentamente no caminho do apartamento de Rafael até aqui, enquanto eu testemunhava o desmoronamento daquela relação que eu mesmo tinha sabotado. Chiara não sabia da verdade, de que não havia encontrado seu namorado com outras garotas por acaso. Era eu quem havia traçado esse destino, como um mestre manipulador.

Meu passado com Arina ecoava em minha mente, como um lembrete amargo de como o amor poderia ser traiçoeiro. Eu também não podia permitir que Chiara se aproximasse de mim, não podia arriscar seu envolvimento em meu mundo sombrio e perigoso. Ela era a filha de Don Antonio, uma herança que eu tinha a responsabilidade de proteger.

Enquanto eu a observava naquele momento de angústia, minha atração por Chiara crescia como uma chama proibida. No entanto, eu tinha que resistir a esse desejo. Não podia me permitir cruzar a linha que separava a proteção do envolvimento emocional. O amor era um luxo que eu não podia me dar, não em meu mundo de traições e segredos.

Enquanto Chiara derramava lágrimas silenciosas, eu sabia que precisava manter meu distanciamento, mesmo que meu coração protestasse. Era meu dever protegê-la, e eu faria isso, custasse o que custasse. Mesmo que isso significasse partir seu coração, assim como eu estava fazendo naquela noite.

Caminhei até a biblioteca da mansão e me servi de algumas doses generosas de uísque. A bebida queimava minha garganta, mas eu a usava como um escudo para tentar afastar os pensamentos que tumultuavam minha mente.

Horas se passaram, e a névoa causada pelo excesso de bebida começou a turvar meu julgamento. A realidade e a ilusão se entrelaçaram de maneira perigosa. Eu me via preso em um ciclo vicioso de culpa e desejo, e a bebida era minha única válvula de escape.

Mas o destino pareceu decidido a testar meus limites, a porta da biblioteca se abriu de maneira surpreendente, revelando uma figura que eu não conseguia acreditar ser real. Chiara estava ali, parada na entrada, emanando uma aura de sedução que me atingiu como um choque elétrico.

Permaneci parado no mesmo lugar, a surpresa e incredulidade me dominando. Eu, que já estava suficientemente embriagado para questionar a sanidade de meus sentidos, não conseguia acreditar no que estava vendo. Pisquei os olhos, para ter certeza de que aquela visão não era um truque da bebida que me fazia delirar.

No entanto, Chiara estava lá, real e tão palpável quanto a taça de uísque em minha mão. Ela se aproximou de mim com uma sensualidade que parecia destoar da inocência que eu acreditava que ela possuía. Cada passo que dava era calculado, provocativo, como se soubesse o efeito que estava causando em mim.

Meu coração disparou, e a luta interna entre meu dever e minha atração por ela atingiu um ponto de ebulição. A voz da razão gritava em meu interior, alertando-me para o perigo que aquilo representava. Eu não podia me envolver com Chiara, não podia ceder a esses desejos proibidos.

Mas, enquanto ela se aproximava, seus olhos fixos nos meus, minha determinação fraquejou. As fronteiras que eu havia estabelecido com tanto esforço começaram a desmoronar diante daquela tentação irresistível. E, naquele momento, eu me vi à beira de um precipício, prestes a mergulhar em um abismo de consequências desconhecidas.

Chiara tinha um sorriso enigmático nos lábios, um sorriso que parecia conhecer todos os segredos que eu guardava. Ela se deteve a poucos passos de mim, mantendo contato visual, como se estivesse lendo meus pensamentos.

— Chiara, o que você está fazendo aqui? — murmurei, minha voz vacilando.

— Eu estou cansada desse joguinho, Vittorio.

Minha mente embriagada lutava para processar suas palavras. A confusão se misturava com a crescente atração que eu sentia por ela. Ela deu um passo adiante, aproximando-se ainda mais.

— Chiara, você não deveria estar aqui — tentei alertá-la, apesar de minhas próprias barreiras desmoronarem rapidamente.

A tensão entre nós era palpável, uma eletricidade no ar que parecia incontrolável.

Ela se aproximou ainda mais, sua mão tocando meu rosto com suavidade.

— E quem disse que eu quero seguir as regras, Vittorio?

— O que aconteceu com a garota chorosa e triste que eu vi subir as escadas há algumas horas atrás?

Eu estava jogando sujo, ao tocar nesse assunto. Mas eu não podia ceder a essa tentação.

— Ela morreu de desgosto por ser traída — Chiara disse com um sorriso cínico em seu rosto — E em seu lugar está agora uma garota disposta a ir atrás do que ela quer.

— E o que essa garota quer agora?

Eu me arrependi instantaneamente de ter feito essa pergunta, mas aguardei a resposta com ansiedade, enquanto ela sentava sobre a mesa de mogno polido.

— Essa garota quer você, Vittorio. E quer agora.

Antes que eu pudesse ter qualquer reação, perplexo demais por sua declaração inesperada, Chiara aproximou seu rosto do meu e sua boca se apossou da minha em um beijo urgente e ao mesmo tempo delicado.

Naquele momento, enquanto Chiara me beijava com seu jeito sedutor e ao mesmo tempo inocente, todas as minhas decisões racionais não foram páreo para a força avassaladora da atração que sentíamos um pelo outro. Eu retribuí o beijo com desejo e intensidade, esmagando seus lábios sensíveis e me apropriando de sua boca com devassidão.

A puxei para o meu colo e segurei sua cabeça com possessividade, um breve momento de razão ainda se interpondo sobre a luxúria do momento.

— Você está brincando com fogo, Chiara. Sabe disso?

— Eu sempre gostei do calor. Ainda mais quando esse calor está dentro dos seus braços, Vittorio.

Eu realmente não tive mais controle das minhas emoções a partir daquele momento. A beijei sem intenção alguma de parar a avalanche trazida pelo desejo reprimido por aquela garota sensual e travessa.

Sentir os lábios de Chiara pressionando os meus era uma experiência avassaladora. Toda a racionalidade que eu tinha desmoronou em um instante, e eu me entreguei ao beijo apaixonado que parecia estar anos à espera. Seu corpo se fundia com o meu, e o desejo queimava em nossas peles, uma chama que não podia ser apagada.

— Eu quero tudo — ela sussurrou entre os beijos, sua voz carregada de desejo.

Afastei-me ligeiramente para olhar em seus olhos, meu coração batendo descompassado. Chiara era uma tentação irresistível, e eu me encontrava à beira de um abismo sem retorno.

— Eu estou todo aqui... — murmurei, minha voz rouca, antes de capturar seus lábios novamente.

Mas ela queria mais, e eu sabia que não conseguiria resistir por muito mais tempo. Seus beijos eram como um feitiço, me puxando para um abismo.

— Eu quero mais... muito mais, Vittorio — ela insistiu, e seu olhar era desafiador.

Minhas mãos percorreram seu corpo, como se tivessem uma mente própria, desejando explorar cada centímetro dela. Minha mente estava em conflito, entre o dever de protegê-la e o desejo avassalador que ela despertava em mim.

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