Capitulo 5
Joana
Agora sim eu me mato, ou melhor, mato a Carolina por esse constrangimento o qual eu estou passando. Ao vê-la desse jeito, no chão, faz eu ter muita vergonha de ser dessa família.
— Levanta do chão, Carolina! — peço, já envergonhada pela cena que ela faz.
— Eu não levanto enquanto você não me disser que aceita ser minha madrinha de casamento.
Odeio ser o centro das atenções e a Carolina sabe disso. Que merda! Eu não acredito nisso. Vou ter que ceder a essa bendita chantagem.
— Ok, ok! Eu aceito a ser a sua madrinha. Agora, por favor, levanta do chão. Você sabe muito bem que eu odeio ser o centro das atenções.
Depois da cena mais constrangedora do mundo, fui embora, já me arrependendo de ter aceitado ser madrinha do casamento deles. Os dias foram passando e as coisas entre eu e a minha família mudou completamente.
Os preparativos do casório começaram e um tempo sem brigas entre a gente, ou melhor, com briga. Pelo amor de Deus, eu estava já querendo matar a todos. Na verdade me matar, por ter aceitado isso.
Agora eu me encontro aqui, deitada neste bendito hospital, querendo sair o mais depressa possível. Estou cansada e irritada já. Eu quero a minha casa. Olho para o relógio e vejo que o dia já passou. Nessas horas que eu gostaria de estar com o meu celular para me distrair. Procuro minha bolsa, mas não a encontro, ou seja, pesadelo no ar.
Ah, que merda, perdi tudo! Quem sabe os policiais não tenham a achado. Seria uma benção!
Ouço baterem na porta e fico pensando se os médicos entraram em contato com a minha família. Esperava que não, porque do jeito que a minha mãe é dramática, ela iria colocar a culpa em quem? Isso mesmo, em mim!
Lembro-me que eles não tinham como em contato com ela e dou graças a Deus por isso. Contaram-me que um homem chamou o resgate ao ver que eu tinha sido atropelada.
— Pode entrar — eu peço depois de ver que a pessoa não tinha entrado ainda.
Fico de lado, imaginado que fosse uma enfermeira querendo saber como eu estava! Sinto um aroma de um perfume delicioso e fico curiosa para saber o nome desse perfume.
— Oi, como você está, senhora Alencar? — Ouço a pergunta e olho rápido. Que voz é essa, senhor amado? Deixou—me completamente molhada.
Ficamos assim nos olhando e eu ali toda excitada pela primeira vez na minha vida por um completo estranho.
Será que eu morri e fui para o céu? Se bem que do jeito que eu estou olhando para esse homem, quase babando nele e com imagens de nós dois rolando na cama que não eram nada santas...
Acho que posso dizer com certeza que morri e fui encontrar com Hades, o deus do...
— Inferno! — eu solto sem perceber que tinha falado em voz alta.
— Desculpe! O que a senhora disse? — ele me pergunta, curioso.
— Nada não, desculpe! Eu sei que vou falar uma besteira e com certeza você deve ter ouvido, mas a gente se conhece?
Claro que eu não vou dizer que estava o comparando com Hades, o deus do inferno. Pode se ver que eu amo história grega, ainda mais o Hades, que sempre me deixou excitada. Igual a esse homem aqui bem do meu lado.
— Senhora Alves? — ele me chama e me tira dos meus pensamentos.
— Oi, desculpe—me distrair novamente! — repondo envergonhada.
— Então, senhora Alves, a gente se conheceu. Eu estava indo até meu clube e a senhora estava sendo jogada no chão.
Ele começa a me contar como foi que nos conhecemos.
— Ahhh, agora eu lembrei. Desculpe, estou um pouco confusa. Eu vi você perto de mim? — Sorrio ao me lembrar desse homem gostoso.
— Sim, fui socorrê-la. Vi você sendo jogada e logo em seguida atropelada. Ambos fugiram e quando vi a cena, corri até você, mas lodo desmaiou.
— Me desculpe mesmo, mas estava sentindo muitas dores. — Era verdade, nunca tinha sentido tantas dores juntas. Achei que eu tinha me quebrado toda.
— Por que você está se desculpando? Não tem culpa pelo aconteceu. Eu gostaria de ter entrado antes, mas a senhora estava fazendo os exames — ele me fala.
— Eu fiz tantos exames que a única coisa que eu quero é sair daqui, senhor! — confesso.
— Não me apresentei. Meu nome é Mauricio de Carvalho, ao seu dispor.
Ele estende a mão e sinto aquele pequeno choque, como os que lemos nos romances de banca de jornal.
— Prazer, senhor Carvalho, pode me chamar de Joana. — Eu também me apresento com um sorriso e ainda sentindo a mão dele na minha.
A mão dele era enorme e macia, forte. Como seria sentir ela em mim? Me sinto vazia quando soltamos as nossas mãos.
— A senhora está se sentindo bem? — ele me pergunta, preocupado.
— Eu estou ótima! — Acho que não ficaria bem se ele descobrisse que tipo de pensamento estava tendo.
— Joana, você quer que eu avise ao seu marido ou alguém de sua família? — ele me pergunta demonstrando preocupação , e acho muito doce.
Mal o vi e sinto como se já o conhecesse. Sou brega, mas me sinto dessa forma.
— Não tenho nenhum marido — esclareço e a expressão dele era de alívio, só que da mesma forma que apareceu, sumiu. Esse homem era um enigma.
— Alguém de sua família? — ele pergunta de novo e continua: — Me desculpe, não quis ser indelicado.
— Não, imagina! Você está sendo um doce de pessoa. Muito obrigada, mesmo. Acontece que eu e a minha família não nos damos bem. Não se preocupe, você não teria como saber — o tranquilizei. — Mas uma coisa é certa. Eu gostaria de saber quem era o corno que me atropelou — brinco com ele.
Sinto que esse homem é especial, mas ainda tenho medo de relacionamentos.
Mauricio era um belo homem, daquele tipo que você pega e não larga mais. Claro que ele não era de se jogar fora e sortuda da mulher que fisgá-lo.
No mínimo ele deve ser casado. Com esse corpo, essa aparência de homem que fodeu a noite toda. Sortuda da vaca que se deu bem. Estava morrendo de inveja.
— Joana... Posso te chamar assim? — meu gostoso me pergunta e eu aceno em concordância. — Você tem algum inimigo? Alguém que queira fazer mal a você?
— Sim! — confesso.
Eu já tinha uma ideia, só achava que ele não tinha coragem. Mas do jeito que Leonardo era louco.
— Me passa o nome que podemos entregar para a policia? — ele me pergunta, bem animado. Vejo—o olhando para uma cadeira e digo:
— Senta aí na cadeira. Bem melhor que ficar aí de pé — eu brinco, querendo esquecer tudo que me aconteceu.
— Você tem razão! Estou velho e preciso me sentar um pouco — ele comenta, brincando também.
— Velho?
Para mim ele era delicioso desse jeito.
— Ah, Joana, sou um homem mais velho que você...
— Nossa, não acredito! Você já é idoso? — Faço careta de chocada.
— Boba! Adoro isso em uma mulher! — ele diz e fico sem reação.
— Isso o quê? — pergunto, curiosa, tentando saber o que era que ele gostava numa mulher. Eu queria ser essa mulher. A mulher perfeita para esse homem lindo e gostoso.
— Você! — meu gostoso responde e eu não entendo nada do que ele está falando. — Quero dizer, nossas brincadeiras, seu humor. Você é uma bela mulher! Vai me desculpar pelo que eu vou te dizer, mas eu estou completamente feliz em conhecê-la. Mesmo sendo nessas circunstâncias.
— Você também é um belo homem — digo, ainda vermelha com o elogio que ele me fez. O Mauricio fica vermelho com a retribuição do elogio que fiz para ele.
— Obrigado! Agora, mocinha, que tal você passar o número do telefone da sua família para eu chamá-los aqui? — ele me pede com carinho.
— Mauricio, me desculpa, mas eu não quero a minha família aqui. Não nos damos bem! — confesso.
— Nossa! Então vamos mudar de assunto. Que tal me contar um pouco sobre a Joana? Você tem alguma previsão de quando vai sair de alta?
— Ainda não sei quando vou sair, mas espero que não demore — respondi. — O que você gostaria de saber sobre mim?
— Eu imagino que queira logo sair! — Mauricio comenta e ouvimos baterem à porta. Peço para entrarem e vejo que é o enfermeiro, que começa a falar com a gente.
— Senhora Alves, desculpe interromper, mas tem dois policiais que gostariam de falar com vocês dois. Posso pedir para eles entrarem?
— Sim — respondemos juntos e demos risada com isso.
Os policiais se apresentaram e começaram a fazer perguntas pra gente, eu conto como vi o acidente e como chamei o resgate e foi à vez da Joana, a responder as perguntas deles e eles fizeram uma pergunta que eu tinha feito antes:
— Senhora Alves, a senhora sabe quem pode tê-la atropelado? A senhora tem algum inimigo?
Fiquei em dúvida do que responder, mas a verdade seria o melhor caminho.
— Sim eu, tenho uma leve desconfiança de quem seria — digo.
— Quem seria? — o policial pergunta.
— Meu ex- noivo! — solto e começo a contar tudo desde o momento em que eu conheci o Leonardo.
Contei sobre as brigas entre a minha família e acabei confessando sobre eu ter sido agredida por ele.
Eu sei que deveria ter ido logo para a delegacia, mas a vergonha era maior.
Não sabia o que tinha acontecido. Tinha sido sim, empurrada e atropelada, mas por quem?
Mauricio estava com a cara fechada, seu semblante estava bem carregado conforme eu ia contando sobre a minha suspeita.
Senti suas mãos tocando nas minhas, me dando apoio, e me senti segura e confiante.