Capítulo 5 Mais Confusão
Diana Rodrigues
"Eu quero falar com você", o dono do hotel me fala, mas Sônia me grita.
"Diana! Você já está causando problemas com o chefe de novo?" - já vem a gerente vaca - "Me desculpe senhor, eu vou levar essa incompetente daqui antes que cause mais confusão."
"Olha Sônia, não estou causando confusão nenhuma", ele me observa sendo levada por ela.
"Não faça mais besteiras", foi somente o que ele disse, então segui caminho com a minha gerente.
"Já que sua dívida com o hotel é muito grande, você está escalada para fazer horas extras. Quando eu chamar, você deve estar pronta."
"Tá bom Sônia, eu faço as horas extras", concordo.
"E hoje, além das suítes, você irá limpar o banheiro dos funcionários depois do seu expediente."
"Mas vai ser no horário de entrada e saída do pessoal, vai estar cheio de pessoas, será serviço jogado fora, eu posso terminar de limpar."
"Diana, faça o que eu mandei, querida."
Limpar o banheiro na entrada e saída dos funcionários era um castigo quando uma de nós fazia algo errado. Se você tinha uma inimiga e ela sabia do seu castigo, deixava coisas horríveis para você limpar. Várias meninas passaram por isso, e as novatas também. Sônia era a tia do nosso gerente geral, ninguém iria contra ela, principalmente quem precisava do seu emprego. Quando comecei a trabalhar aqui, eu fiquei lá por cinco dias e não foi nada legal. As mais velhas faziam de propósito uma bagunça, coisas fora do lixo e outras coisas que não quero nem comentar. José me disse para aguentar firme, pois não era somente eu que passava por isso, mas todas as garotas que entravam para trabalhar de camareira. Terminei de limpar a suíte onde eu estava e fui para o meu castigo.
"Amiga, temos que ir embora, vá pegar suas coisas", José me fala.
"Eu não posso ir embora agora, estou no castigo da Sônia."
"Como assim? Quem te colocou na limpeza do banheiro?"
"A Sônia disse que, como eu estou devendo muito dinheiro para o hotel, eu devo fazer hora extra e me colocou para fazer a limpeza do banheiro na hora troca de funcionários."
"Aquela bruxa fica fazendo maldades com você, minha amiga. Imagina agora o que ela não vai aprontar. Eu vou ver se penso em alguma coisa para a gente poder levantar esse dinheiro."
"José, é muita grana, e o que está me deixando mais irritada é que eu vou receber agora somente meio salário. Não sei como vou fazer."
"Aí amiga, eu vou sempre estar aqui para você mais dinheiro. O meu também já está contado."
"Eu vou ter que arrumar um emprego à noite. Na verdade, estou desesperada. Se a Sônia não me desse hora extra, podia conseguir outra coisa para fazer, mas tenho certeza que ela vai me prender aqui todos os dias para essas malditas horas extras." Antes que José falasse alguma coisa, a voz da mulher foi ouvida por nós dois.
"Diana, que eu saiba, seu horário de trabalho ainda não acabou. Você não deveria estar batendo papo com funcionários da recepção." Ela provoca.
"Amiga, o funcionário da recepção aqui vai embora, pois o gerente dele não é a bruxa do Hotel. Força amiga, a Cinderela se dá bem no final, não esqueça disso."
"Diana, o banheiro - ela apontou para o banheiro - Não esqueça da dívida ou ela nunca será paga - e deu um sorriso de lado."
Tive vontade de pegar o esfregão e tacar na cabeça dela, mas eu sabia que não podia fazer isso ou eu ficaria realmente encrencada, e fui para o meu castigo. Entrei naquele banheiro com a cabeça erguida enquanto as outras garotas olhavam para mim e riam, às vezes as pessoas se achavam tão superiores às outras, todas elas ali já tinham limpado aquele banheiro, mas quando uma ganhava o castigo, sempre era ridicularizada pelas outras. O que se passa na cabeça dessas pessoas? Todas nós fazíamos o mesmo trabalho e eu realmente não entendo o porquê das risadas sempre que alguém tinha o seu castigo dado pela bruxa da Sônia.
"Que pena Diana que você não vai poder ir embora mais cedo hoje" - ela foi até um dos lixos que estavam lotados e o derrubou - "Estou com tanta pena de você. Oh caiu um tanto de papel sujo aqui para a pobre Diana limpar."
"E caiu mais um pouco aqui." As amigas da Sirlene foram fazendo isso em todas as lixeiras que existiam no banheiro "Ah, acho que Diana vai demorar um pouco mais aqui limpando do que devia."
"E vai levar uma bronca da nossa chefinha querida, mas como sou boazinha vou jogar esse sabão para ajudá-la a limpar mais rápido" Sirlene jogou o sabão no chão.
"Já chega Sirlene, você sabe que estou nessa situação porque você saiu da suíte e não me chamou, enquanto limpei tudo sozinha."
"Eu? Como diz que eu tenho culpa da sua incompetência, você me disse que queria ficar lá para ver o dono do hotel. Que queria ver se ele se apaixonava por você, igual aqueles livros bobos que você vive lendo." Sirlene me provoca.
" Eu vou te bater Sirlene, quero esfregar a sua cara nesse sabão que você jogou no chão." Parti para cima dela.
Eu a peguei pelos cabelos e a metade saiu na minha mão. Ela usava cabelo falso? Joguei a mulher no chão, e dei uns tapas na cara dela. Ela gritava e me arranhava com as unhas enormes e uma das unhas chegou a cair no chão. Consegui ficar por cima dela e bati na mulher.
"Não queira me humilhar."
"Saí de cima de mim" Ela grita "Sua louca, arrancou minha unha."
"Parem já com isso" A voz de alguém foi ouvida e fui tirada de cima da mulher.
"Me solta, eu quero bater nela"
Ele me levou até o elevador e eu estava em seus ombros, hoje foi dia de mundial da humilhação.
"Você pode me soltar?"
"Você não vai sair batendo nas pessoas?" O estranho me fala.
"Eu quero descer."
Ele era bem alto e eu não tinha muita visão, ali pendurada nos ombros de um homem desconhecido. Na verdade, meu dia de humilhação tá ficando pior a cada momento, neste momento, estou com o bumbum para cima, no ombro de um homem que não tenho a menor ideia de quem seja. Estamos num escritório e não é aquele que eu estou acostumada a ir, será que é do gerente geral? Ele me coloca no chão e posso ver o rosto do desconhecido.
"Como se chama?" Eu já tinha visto aquele rosto em algum lugar.
"Diana" Ele me olha.
"Acho que você precisa de um banho e eu também" Ele olhou para minha roupa.
Eu estava horrível, meu uniforme que era cinza-claro estava com manchas verdes e com papel grudado em vários lugares, o meu cabelo estava bagunçado, metade preso e metade solto, eu tinha alguns arranhões nos braços.
"Eu tenho que concordar com você."
" Você não estava chorando hoje cedo no corredor?" - claro, agora que me lembrei dele.
"Você é o bonitão que falou comigo?" meu Deus, falei em voz alta e ele sorriu. "Você foi falar comigo mais cedo no corredor."
"Você é intrigante, em um momento parece tão frágil e no outro parece um furacão."
"É, eu sou assim"- fico com vergonha e abaixo meus olhos fitando o chão.
"Só não pode ficar se metendo em confusão, Diana."
"Eu não sou assim, na maioria das vezes ninguém nem me nota, mas hoje está sendo um dia diferente."
"Por que está diferente?"
"Eu queimei o terno e quebrei o relógio do dono do hotel e vou ter que pagar, aquela idiota da Sirlene me provocando e tudo aconteceu por culpa dela, que não me avisou que o dono do hotel estava chegando."
"E o que o dono do hotel disse?"
"Ele vai descontar do salário, pois eu estou errada."
"Eu não acredito que ele descontou de você?"
"Sim, a culpa foi minha, nada mais justo que ele descontar."
"O cara é bilionário e descontou, sabe quantos ternos ele tem? E a quantidade de relógios?" Eu balancei a cabeça negando. "Nem ele, pois tem tantos que não tem nem noção."
"Eu preciso voltar lá no banheiro, para arrumar aquela bagunça." Eu olho para ele. "Não posso arrumar mais confusão." Meu telefone toca "Eu preciso atender" Ele concordou. "Alô, mãe?" Escuto a voz chorosa de minha mãe. E me desespero.