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Capítulo 3 *ENTRA NO CARRO*

BELLA • N A R R A N D O

Apreensiva, espero pelo ataque do homem que tem seus olhos fincados em mim. Meu coração bate apressado e inquieto por não saber o que fazer.

Minhas pernas se recusam a se movimentar, somente consigo respirar.

— Bella...

Michelle passou por mim, falou sem me olhar. Ela foi em direção ao homem preclaro, o abraçou e o puxou para entrar no carro, de imediato ele se reteve no mesmo lugar ainda me afrontando com seu olhar.

Arfei aliviada quando ele entrou no carro e deu partida. Olhei para os lados ainda sentindo o terror em meu corpo, observei os alunos que estavam no portão me encararem curiosos, devem ter percebido a tensão. Todos sabem claramente quem é esse homem, parece que somente eu estou por fora de que ele era o dono do bar.

Quem poderia ter descoberto? E porque faria a maldade de me expor ao perigo?

Que pergunta tola. Qualquer um faria, ninguém gosta de mim nesse lugar.

Não voltaria para dentro da escola, e encararia novamente a todos ainda mais depois daqueles vários papéis espalhados. Decidir ir andando para casa, ainda era cedo e a rua devia ter movimento.

~●~●~●~

O céu estava coberto por nuvens escuras, o que me deixou desanimada se chovesse agora não teria onde me refugiar, ficarei ensopada andando sozinha por essa rua.

A cada dez minutos passavam carros, às vezes caminhões, o que me assustava, dando-me vontade de me esconder na floresta.

Minhas pernas curtas não contribuem para meu bem estar.

— Gracinha, para onde estar indo?

Apressei meus passos ao ouvir alguém falar comigo, um carro vinha devagar me acompanhando, não havia reparado.

— Ei! Me responda!

— Não quero carona.

Resolvi responder para não provocar a ira dele. Me concentrei no que estava à minha frente.

— Quero conhecer você, não se faça de difícil.

O carro parou, dessa forma tive que olhar para ele. O vi tirando o cinto, e saiu do carro.

— Não se aproxime!

Disse em desespero, me preparando para correr.

— Só um segundo gata.

— Me solte!

Conseguiu me alcançar diante da minha lerdeira.

— Não vou machucar você, bebê..

Segurou meu rosto, mostrando um sorriso malicioso, os dedos dele foram passando por minha bochecha, fechei os olhos em pânico, orando para ser salva.

Quando de repente o homem que me segurava falou irritado.

— Qual é caralho? essa puta já é minha!

Meu braço foi puxado com violência, fazendo-me virar para frente, para quem ele estava falando. Fiquei atordoada reconhecendo a figura alta sair do carro que estava atravessado na rua.

O homem que me segurava soltou meu braço, seus olhos arregalados expressaram medo, não era indiferente ao que sentia no momento. Quando o vi em frente a escola ele usava roupa esportiva, mas agora estava num terno preto, parecendo um CEO.

— Ela é toda tua, senhor.

Me empurrou fazendo assim que eu caísse no chão, machucando meus joelhos. Sou tão azarada. Levantei com cuidado, já vendo o homem que queria me forçar a ter com ele sair disparado no carro, me deixando à mercê de outro malvado.

— ENTRA.NO.CARRO.

Sua voz prepotente fez-me pular no lugar. Minha língua travou assim como todo meu corpo para obedecer ao comando do estranho. Abri a boca com esperança que qualquer som saísse, nem que fosse somente para gritar, virei minha cabeça para trás, à espera de qualquer veículo para alguém me acudir.

Minha permanência no mesmo lugar não lhe agradou, marcando seus passos na pista úmida veio achegar-se até onde estava. Seu olhar rígido com o meu espanto não era uma boa conciliação.

— Por favor, não faça nada comigo.

Sussurrei encarando o chão não conseguindo corresponder mais ao seu olhar fulminante.

Meu corpo bateu com o seu ao me puxar rústico para perto de si. Minhas narinas sentiram o aroma que vinha dele, fui obrigada a olhar para ele pois levantou meu queixo.

Esperava que ele dissesse alguma coisa, mas só me fez andar com ele para o carro. Sentindo meus joelhos arder. Estavam feridos.

Desajeitada fui com ele, que se não tivesse sua mão segurando meu braço, com certeza estaria no chão nesse momento.

Quando abriu a porta do carro somente me empurrou para dentro, por meu corpo ser pequeno não me machuquei, logo estava sentada no banco da frente. Ele deu a volta e entrou também no carro tomando seu assento. Ele ligou o carro tranquilamente, estava sendo sequestrada? Esse seria o final da minha triste vida?

— Peço clemência por tê-la atarantado à sua atividade diária.

Mesmo que sua frase tenha sido irônica, sua expressão era sisuda. Seus olhos atentos à estrada, seu corpo ereto, dava-me para pensar que ele trabalhasse como modelo.

Voltando à questão real, ele realmente pensava que sou uma garota que faz serviços, satisfazendo homens em troca de dinheiro.

— Não pratico essa atividade..

— Não vincula-se a mim ter sua negação, e explicação de nada Bella. Foda-se o que faz com seu pequeno corpo, e essa boquinha.

Olhou para mim enquanto deu sua resposta sinuosa. Desci meus olhos para meus pés, sentindo-me constrangida pelo o que pensava.

— Por qual motivo atrapalhou-me a ganhar meu dinheiro diário?

Meu subconsciente berrou comigo por confirmar o que ele havia dito e pensava a meu respeito. Olhei pela janela segurando as lágrimas.

— Quero conversar, Bella.

— Sobre quando vai me matar?

— Ainda não farei isso, tenho planos para nós dois.

Ao dizer isso meu corpo eriçou.

— Nós dois? — não escondi meu medo.

— Vá hoje às 23:00hrs na rua onde você viu a pirralha sendo abusada.

Não me contive e virei para ele, procurando lê-lo de alguma forma descobrir o que planejava.

— O que faz pensar que irei?

— Sua família é a garantia disso.

— Eu não disse nada, a ninguém senhor, juro que não contei nada. Quando saí da sala havia vários papéis espalhados..

Desalenta me expliquei, aguardando que ele acreditasse em mim.

— Se não foi você, quem foi?

— Não sei .

— Sua irmãzinha Roberta..

— Ela jamais me prejudicaria.

— Alguém tem que sofrer por isso.

O carro parou em frente a minha casa, olhei para fora a chuva começava embaçando os vidros do carro. Minha tia estava em casa, não posso permitir que ninguém se machuque.

— Que seja eu então.

— Admite que fez aqueles cartõezinhos e espalhou para todos seu ato corajoso?

Balancei a cabeça afirmando.

— Quem contou para você?

— Sei de tudo que acontece nessa cidade, Bella. Pelo menos os do meu interesse.

Não tinha mais nada para argumentar. Ajeitei minha mochila e tentei abrir a porta do carro, mas ela estava trancada.

— Não esqueça do seu compromisso.

— Farei o possível para ir.

— Meu dia vai ser cheio, e posso chegar um pouco atrasado, do mesmo jeito me espere.

Avisou-me.

— O que farei ali sozinha? É perigoso.

— Eu sou o perigo, Bella.

— Me refiro a seus amigos.

— Os deixe entretidos enquanto não chego.

Diz simples, olhando firme para frente, raros momentos em que me olhou fixo.

— Agora, sai do meu carro!

Enxotou-me, apressada abrir a porta e firmei meus pés no chão, não consegui correr para dentro de casa, a chuva estava sendo bem recebida por meu corpo, tirando meus joelhos que começavam a arder. Sem uma despedida. CLARO QUE NÃO. O carro entrou em movimento indo para longe.

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