Capítulo 7
— Matt, você se lembra da história da amiga loira? - pergunto olhando em seus olhos.
- Eles eram amigos? -
— Ele a chamou de 'Luca feminina', então eles discutiram — Matt explica, me fazendo entender que ele entende do que estou falando.
— Temos que fazer alguma coisa, o olhar de Fex declara guerra aberta. —digo aos meninos, examinando seus olhos.
— Olhos gelados, venham aqui perto de mim. — A voz de Fex me chama e balanço a cabeça ao vê-la batendo a mão na cadeira ao lado dela, balançando as inúmeras pulseiras no pulso.
“O tigre está chegando”, respondo com um sorriso. Depois de olhar para Matt e Jay uma última vez, levanto-me e vou até minha namorada. A mesa é enorme e as crianças ficam separadas dos adultos. Há rostos novos na sala e depois de nos apresentarmos educadamente, começamos a comer.
—Então Greta, o que você está fazendo agora? Você ainda está estudando? — pergunta a mãe de Fex para a loira.
— Finalmente terminei… você sabe que estudar nunca foi minha paixão. - Responda com calma. — Agora me encontrei com um pequeno emprego no centro da cidade, não é muito mas estou sobrevivendo. -
Fex para com a mordida no ar e estreita o olhar. — Eu sei qual é a sua paixão. -
- E o que seria aquilo? -
E aqui está ela, largando o garfo e sorrindo arrogantemente. — Acho que vi você na rua há alguns dias. Quanto você quer por hora? - A garota deixa escapar, estreitando os olhos como fendas.
— Você só tem que ficar quieto, com todas aquelas pulseiras penduradas você parece uma vaca no pasto. — Greta ri também.
—Mas veja de qual púlpito vem o sermão! — Fex se levanta, raspa a cadeira e bate com as mãos na mesa. —Olha como você está vestida, volte para o bordel de onde você veio, você não é bem vindo aqui. — Luca quase se estrangula, enquanto seu irmão, ao seu lado, pega seu braço e a puxa de leve, ordenando-lhe em voz baixa que mantenha a calma enquanto o resto da mesa fica sem palavras e os pais da menina em questão com metade um pouco de ar. O pai de Greta parece confuso, como se não conseguisse entender o motivo de todos esses avanços, enquanto a mãe balança a cabeça e se vira para Elisabetta, que pede desculpas pela impetuosidade de Fex.
- Querido! Sente-se e coma, isso lhe parece apropriado? Eu não te ensinei isso. — Sua mãe olha para ela sombriamente e com um gesto de mão manda que ela se sente e cale a boca. Fex não parece disposto a ouvi-la, pelo contrário, ela sacou forcados e pás e está pronta para atacar.
— Não mãe, quer saber? Fiquei em silêncio por muito tempo, é hora de bater um papo. Simona, sua filha já lhe contou o verdadeiro motivo da nossa discussão? -
A mulher balança a cabeça e dá de ombros desanimada enquanto Greta se levanta e fica no mesmo nível de Fex. —Mãe, não dê ouvidos a ela. — Avalie bem este último.
—Por que não deveria? Tem medo? — O pai de Fex coloca o garfo na mesa e mostra um sorriso.
— Por favor, não brinque com sua filha, não creio que seja o caso. — Elisabetta diz categoricamente. - Fique longe disso. -
- Sim é. Vamos Greta, conte-nos o que aconteceu naquele dia. —Diz o Céu. — Preparem a pipoca galera, os jogos acabaram, é hora de virar as cartas e esclarecer de uma vez por todas essa situação. -
— Nós nos insultamos. -
- Erro. —Diz o Céu. - Você me insultou. Então? -
- Mais tarde, mais tarde.. -
—Você perdeu seu idioma por acaso? Por que você sempre faz compras quando seus pais não estão lá para ouvi-lo? Vamos Greta...— Ele coloca a mão no ombro dela após se aproximar. — Conte a todos o que você me contou quando contei sobre meus ataques de pânico e meus pesadelos, somos todos ouvidos. -
— Eu falei para você ficar calmo e que te entendi. -
- Mentira. Você disse 'você é só uma...' - ele para e a pega pelos ombros, virando-a para que seus olhares se encontrem. - Continue. -
Greta baixa os olhos. — Complexo de merda, menino que tem tumor é menos complexo que você, melhore e se trate. -
—E o que você fez depois disso? -
- Eu te empurrei. -
- E logo? -
—Eu ri da sua cara. -
—E isso parece uma coisa boa para você? O que eu fiz? -
— Você se sentiu mal na minha frente, e eu ri, sem te ajudar. -
O olhar de Fex é tão malvado que dá arrepios. O silêncio reina na sala, ninguém se atreve a dizer uma palavra, apenas observamos a cena sem fazer comentários. A mãe de Greta cobre a boca com a mão e acho que vejo uma centelha de desgosto em seus olhos quando ela muda o olhar de Fex para a filha. O pai, por outro lado, balança a cabeça e olha do pai para Fex, desculpando-se com os olhos.
— Também me lembro de outro detalhe... Eu fugi e você disse uma coisa que me quebrou completamente. Você lembra dela? Não porque isso ficou rodando na minha cabeça por meses, sem parar, toda vez que eu tinha um ataque de pânico sua voz entrava na minha cabeça e repetia aquela maldita frase, e ia piorar, eu me sentia cada vez pior, ninguém conseguia me acalme. Meu irmão entendeu que a piora se devia a alguma coisa, então um dia, depois de me ajudar a me acalmar, ele sentou ao meu lado e me pediu para contar o que havia acontecido desde que eu havia piorado. Davide, você pode contar a todos a frase que ele me disse? Você lembra dela? -
Ele se vira para o garoto, que respira fundo e foca seus olhos azuis nos olhos azuis da garota loira, que se sentou novamente e permanece em silêncio, humilhada pela garota que um dia humilhou. — Continue afundando sozinho em seus complexos, porque no fundo é isso que você é, sozinho. Você é um fardo Fex, e perdeu o único amigo que tinha por causa dos seus problemas mentais, você é louco. — Davide sussurra com uma voz fria e distante.
Suas palavras me deixam louca e respiro fundo, cerrando os punhos e apertando a mandíbula. Sinto a malícia subir em minhas veias e percebo que não consigo respirar apenas quando a mão de Luca pousa em meu ombro. O menino suspira e balança a cabeça, como se me dissesse para manter a calma.
— Luca, o que aconteceu quando cheguei em casa naquele dia? —Fex diz, virando-se para sua melhor amiga, que olha de mim para ela. Luca tem o olhar de quem gostaria de pular no pescoço da garota com quem Fex está conversando, mas encontra suas mãos amarradas. Todos sabemos que Fex precisa se libertar e cortar todos os fios que a prendem ao passado e Greta é um desses fios, talvez não o mais grosso mas ainda é um fio que se cortado, irá libertá-la e fazê-la, talvez, um pouco menos triste. Às vezes ela está tão perdida que eu gostaria de pegar sua mão e guiá-la de volta para casa. Às vezes parece uma estátua, imóvel e perdida no meio de um quarto escuro e silencioso, que o suga e o tira de mim, a cada segundo o afasta cada vez mais de mim.
—Você teve um colapso, bastante grave. Você quebrou alguns pratos e bateu na parede, quebrando dois nós dos dedos. Aí você caiu no chão e puxou o cabelo, dizendo que estava muito maluco, e começou a chorar. Ajoelhei-me na sua frente, peguei você nos braços e você continuou chorando por horas, até que adormeceu nos meus braços e eu te levei para a cama, ficando ao seu lado. -