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Capítulo 7

— Vamos ao Belvedere Fex? — Delina me pergunta, chegando mais perto do meu ouvido.

Por um momento fico boquiaberta, lembrando que Belvedere é um lugar que frequento com meu irmão, Luca, e Shar. Mas então, quando encontro os olhos de Delina, percebo que não há sentido em recusar, então aceno e digo a Davide. Ele me olha furtivamente, como se quisesse me perguntar com os olhos se eu consigo, e quando vê que não respondo, ele acena com a cabeça e vira à direita em direção ao clube.

Viro-me para Paige, que ainda está nos braços do meu namorado, e aperto a mão dela. —Vamos ficar bêbados na noite anterior à partida. Querer? -

A garota senta e sorri timidamente enquanto todos olhamos para ela esperando por uma resposta. Paige suspira e acena com a cabeça, depois se vira para Delina. Ele sorri para ela e aperta sua mão enquanto ela olha pela janela novamente.

Olho para Nata, seus olhos procurando os meus e me pego pensando que quero desabar em seus braços e nunca mais acordar.

O Belvedere está exatamente como eu me lembrava. É um lugar não muito grande, frequentado principalmente pela alta sociedade milanesa e pelos 'VIPs' quando vêm à cidade. É muito famoso e conhecido e acolhe todo o tipo de eventos, desde karaoke aos concursos mais idiotas e noites normais de discoteca. Aparentemente chegamos na noite em que há karaokê. É feito sempre no mesmo dia da semana e até hoje não lembrava que era quarta-feira.

Já estivemos aqui tantas vezes que até o barman nos conhece.

- Olá Fábio! —exclamo, quase gritando para que minha voz possa ser ouvida mesmo acima da música.

- Oi CEU! Há quanto tempo você é um americano bêbado!! Como vão as coisas? -

Sento-me no balcão e rio do apelido que ele me deu. — Eu consigo, me dê os melhores coquetéis que você tiver para beber, alguém um pouco mais leve, olhos de gelo devem guiar! -

Ele desvia o olhar para o garoto que está com o braço em volta dos meus ombros, que por sua vez o encara como se pudesse incinerá-lo com os próprios olhos. Eu o cutuco e depois de uma leve tosse ele estende a mão para o garoto atrás do balcão.

— Prazer em conhecê-la, Nata, seu namorado. -

Reviro os olhos enquanto Fabio sorri educadamente enquanto adiciona gim ao meu coquetel. Na verdade, ele também é um cara legal, tem cabelos loiros e olhos castanhos dourados, a primeira vez que o vi ele estava com Cal e lembro de ter dito a ele que seus olhos me lembravam os de Edward Cullen. O menino riu alto e a partir daí começou a chamá-lo assim.

— Achei que você ainda estava com Shar. O que aconteceu? — Questiona Fábio, fazendo seu olhar passar de Nata para mim e depois voltar para Nata.

Meus olhos se arregalam quando Nata aperta meus ombros com mais força e sinto seus dedos cavando em minha carne. —Shar está morto. Faz um ano. Pensei que você soubesse. — sibilo baixinho enquanto começo a girar o enorme anel que amo em meu dedo.

Fabio pega minha mão e balança a cabeça. - Desculpe, eu não sabia. Seu irmão nunca me contou nada. Eu descobri por ele que você foi para a América por puro acaso. Você nem veio me cumprimentar, vadia. - Ele diz me fazendo sorrir.

— Há quanto tempo não nos vemos? Cinco anos? Você me conhece desde antes de eu vir morar aqui. Foi na noite em que Justin Bieber esteve lá, lembra? - pergunto a ele, apertando sua mão.

—E como eu poderia esquecer? Você estava louco, ficava me pedindo uma bebida e Shar foi forçado a te segurar a noite toda para impedir que você pulasse em cima do Justin a cada cinco minutos. Você estava com seu namorado e pensou que ia pular em cima daquele outro cara! Ingrato! —Ele afirma em tom de brincadeira.

Eu explodi em uma risada melancólica e depois encolhi os ombros. — Eu tinha poucos anos e Justin sempre foi meu ídolo, o que você esperava? Então eu sempre disse a Cal que a única pessoa com quem eu poderia traí-lo era Justin ou Luca. Porque Luca é Luca. Embora eu estivesse dizendo isso apenas para deixá-lo com ciúmes, foi muito engraçado. — rio, balançando a cabeça e bebendo os coquetéis que Fábio me entrega.

Assim que ela pega o gin de limão eu me viro para procurar Delina e a encontro beijando Paige, então decido esperar os dois se aproximarem e enquanto isso dou um tapinha no ombro do meu irmão que está massageando alguém.

Torço o nariz quando percebo quem é e me viro para o meu namorado.

— Felicidades para nós dois, amor! — Sorrio e lhe ofereço o copo.

Ele sorri de volta e descansa sua testa na minha. — Saúde da alcachofra —

Antes que eu possa cutucá-lo, ele está a quatro passos de mim, rindo alto enquanto bebe seu gim. Eu sorrio também e balanço a cabeça, esse menino vai me deixar louca, mas quanto mais os dias passam, mais sinto crescer o amor que nos une.

—Você é absurdamente nojento! — Eu o censuro — Você não toma coquetéis assim, idiota, você tem que aproveitar! Você verá? Como eu faço! — Levanto o braço para mostrar meu copo ainda meio cheio e bufo.

— Eu bebo como eu quero. — Ele cruza os braços sobre o peito e naquele momento, enquanto faz esse gesto, ele me parece muito uma criança.

Estendo a mão e pego seu rosto, puxando-o para perto de mim e deixando-o um beijo.

- E isto? - ele me pergunta surpreso.

— Bom, você me lembrou uma criança e de repente tive vontade de beijar você. — Dou de ombros e volto a beber meu coquetel enquanto Delina se junta a nós.

-Você me contaria? —Pergunto a ele, notando seu olhar ainda vazio.

— Eu vou Fex, com certeza vou, mas agora não, agora não. Não estou pronto, só quero me divertir e não pensar. Vamos embora amanhã e só de pensar nisso me dá uma adrenalina que você nem imagina! -

É surpreendente o quanto ela e eu somos parecidos. Afastamos a dor da mesma e idêntica maneira. Levanto-me e puxo seu braço, depois a seguro em meus braços. — Vai dar tudo certo Delina, eu prometo. -

Ele me abraça com força e só solta o abraço quando sua forma alcança o ar. Viro-me para Nata e procuro seus olhos enquanto ela pega minha mão e cantarola a música comigo. Apoio a testa em seu ombro e rio despreocupadamente, enquanto uma estranha sensação de paz me invade. Sinto que esta é a calmaria antes da tempestade. Este verão está indo muito bem, sinto que algo ruim vai acontecer, mas espero muito que não aconteça.

O sorriso morre em meus lábios e de repente me afasto de Nata quando Everything I Have de Mr Rain chega aos meus ouvidos e minha mente é invadida por flashbacks da noite em que Shar e eu cantamos juntos.

Para mim estava na companhia do meu amigo e do meu irmão no Belvedere. Era noite de karaokê, Shar e eu tínhamos acabado de terminar por uma semana e nós três decidimos passar o fim de semana em Milão. Era uma tarde quente de junho, o verão se aproximava e decidi que, naquele período, era preciso deixar Shar para trás e viver o presente, só isso. Eu derramei lágrimas após lágrimas, Shar era tudo que eu queria, mas Luca sempre esteve ao meu lado, com um pacote de lenços prontos para o caso. Naquela noite decidimos que para me animar eu precisava de um pouco de álcool e então fomos para o Belvedere, lugar que íamos muitas vezes também com o cara mencionado acima. Meu melhor amigo e eu tínhamos perdido Davide de vista, mas estávamos acostumados com uma situação parecida, já que meu irmão, sendo um garoto maravilhoso por dentro e por fora, estava acostumado a impressionar um número excessivo de garotas, mas escolheu apenas uma, aquela isso o 'atraiu' mais e ele deixou à imaginação o que mais tarde fez com isso. Nunca me importei com a vida amorosa do meu irmão, de vez em quando ele falava comigo sobre as garotas que namorava, como eu falava com ele sobre Shar, mas ele nunca foi um irmão possessivo ou daqueles fanáticos que marcam seu território mijando. a irmã como se ela fosse um cachorro e eu seu brinquedo. Ele ficou muito bravo quando viu quantas lágrimas eu derramei por Shar, mas nunca o ameaçou nem nada parecido. Enfim, naquele momento eu estava bebendo uma Coca-Cola Malibu, enquanto meu melhor amigo me segurava nos braços e observávamos juntos as pessoas subirem ao palco para cantar. A base de 'Tutto lo che ho' do Mr Rain se espalhou pelo ar e fiquei muito feliz, pois adorei aquela música loucamente considerando, também, que o rapper é de origem bresciana. Meus olhos se encheram de lágrimas quando ouvi que a voz da criança cantando era de Shar.

— Somos dois corações que formam um só, destinados a se encontrar

Apenas para se perder novamente

E não importa onde estamos e com quem estamos

Às vezes nossos corações falam, sim, mas muitas vezes não os ouvimos.

O meu fala e quer você aqui comigo

Eu tive todas as garotas do mundo, mas penso em você

Por favor, me acorde se tudo for verdade

Hoje tenho tudo que preciso, menos o que realmente quero!

Te quero!

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