Capítulo 7
Pensando nas férias de verão, uma música de Benji e Fede imediatamente me vem à mente, sem pensar duas vezes, enquanto deixo a fumaça sair da minha boca e Paige me olha de forma engraçada e começo a cantarolar:
— O verão que passa, nossas risadas
A chuva caindo, a areia molhada
E a música bate até de manhã
Eu tenho você mais perto
Só esta noite ou toda a minha vida
Agora corremos, não vejo aumento
E bate mais alto se você ficar perto, se você ficar perto
Tudo acontece por uma razão
E talvez o motivo seja você
Eu não tenho nada a esconder
E você? -
Eu cantarolo feliz enquanto Paige balança a cabeça, agora acostumada com esses meus momentos em que meu humor muda de forma imprevisível. Ela se senta na escada, enquanto eu fico na frente dela e começamos a conversar sobre isso e aquilo.
- Nesse tempo? Pronto para um verão de uma só vez? —Pergunto a ele enquanto uma nuvem de fumaça sai da minha boca.
— Primeiro temos que passar nos exames. — Ele suspira e balança a cabeça, apoiando-a no cotovelo.
Eu a vejo pular de repente e revirar os olhos, e então me afasto dela e olho para algo atrás de mim. Também me viro para ver o que está acontecendo e quando o faço percebo que todo o campus está observando a cena. Meus olhos pousam em Nata, Justin e Matt que estão jogando um cara que não conheço contra a parede, então balanço a cabeça e depois de jogar meu cigarro no chão e apagá-lo, ando em direção a eles em um ritmo vagaroso.
- Ei! - grito, fazendo os quatro se virarem - Quer me contar o que diabos você está fazendo? — Nata se vira para mim e fixa os olhos nos meus. Eu nunca tinha visto aquela expressão maligna em seu rosto. Suas pupilas se estreitam e depois de encolher os ombros ele se vira para o garoto e o pressiona ainda mais contra a parede. —Se quiserem brigar, saiam daqui, idiotas. E por que diabos você está batendo nesse cara? -
— Esse aqui — ele aponta o dedo para o garoto Jay — Ele estava nos destruindo felizmente. -
—E o que ele teria dito? — Cruzo os braços irritado e foco meus olhos em Nata. Ele está bastante irritado, a expressão carrancuda me faz entender que ele está se contendo para não quebrar a cara e os olhos semicerrados são sinônimo de irritação profunda. Com o passar dos meses, aprendi a entender suas expressões e se o Nata está com essa cara agora e os dentes cerrados assim significa que ele está muito bravo e eu não gostaria de ser o cara que ele está segurando pelos ombros.
“É melhor você não saber, princesa,” Nata diz com um grunhido.
O cara em questão faz uma careta, uma espécie de sorriso barato que dá vontade de quebrar a cara dele. É uma expressão que contém uma mistura de pura dor e indiferença. Conheço bem essa expressão, é exatamente aquela que me retrata quando estou com raiva e cuspo nos outros todo o mal que tenho dentro de mim.
- Senti falta da cadela capitã do time de lacrosse na chamada. Duas lésbicas, um idiota, dois malditos capitães e a vagabunda de plantão. — Pelas palavras dele você pode sentir todo o ódio que ele tem por nós. A princípio me pergunto por que e o que fizemos de errado, mas depois encolho os ombros mentalmente e digo a mim mesma que ele é apenas um psicopata maluco. Porém, quando reescrevo a frase e percebo o que esse idiota disse, a raiva começa a subir e fluir em minhas veias, me dando vontade de dar um soco nele.
Ah, não, não vou deixar ele me chamar de prostituta, isso não.
Temos que ficar calmos.
Mas eu digo, você já ouviu falar? Agora vou matá-lo.
Você quer se acalmar? Você terá problemas.
Só vou me acalmar depois de quebrar a cara dele.
Ah, claro, parece óbvio para mim. Ok, já que eu não disse isso.
Eu bufo alto fazendo-o parecer completamente calmo e normal enquanto ele rosna maldosamente, então eu olho para cima e inclino minha cabeça para o lado com um sorriso doloroso. Eu corro em direção ao garoto, evitando Nata, e o agarro pelo pescoço, afundando meu joelho em suas joias. Meus olhos estão imersos nos dele. Dois olhos castanhos como os de Paige, só que os do garoto chocam meu sistema nervoso porque neles eu só leio ódio, até nojo. Não tolero insultos, ou melhor, julgo-os, principalmente de quem não me conhece e não sabe nada da minha vida.
— Retire imediatamente o que disse ou juro que você vai querer parar de falar para sempre se não o fizer. —digo a um centímetro do rosto dele. Desta distância posso sentir o cheiro do álcool saindo de seu hálito e eles fecham os olhos por um momento. “Você poderia ter me oferecido uma gota do que você bebeu, qualquer coisa. -
O menino não tira o sorriso do rosto e isso me leva a esmagá-lo com meu peso. Estamos tão perto que nossos narizes quase se tocam. —O que você quer fazer aqui agora também? Aquela com a ruiva na frente do consultório do psicólogo, há alguns dias, não foi suficiente para você? Você está louco. -
Solto-o instantaneamente e vou embora, dando um passo, depois dois. Minha cabeça automaticamente se vira para Nata, que cerra os punhos ao lado do corpo e ataca ele novamente. Meus olhos estão bem abertos e minha expressão mudou completamente. Não sinto mais raiva, sinto pânico. O coração começando a bater mais rápido e o formigamento no estômago. Fecho os olhos e respiro fundo, viro-me para Nata e olho em seu olhar. Ele automaticamente se vira para mim, balança a cabeça e sua expressão fica ainda mais dura do que já é, se é que isso é possível.
Mas de onde veio esse idiota?
“Nata…” eu digo com a voz trêmula. —E-eu não sou c-louco—
Antes mesmo que ele diga qualquer outra coisa, um punho o atinge bem na bochecha direita.
— Se você não calar a boca, juro pelo meu pai que vou te matar. Deixa a em paz. — ele rosna com a maior maldade que já o ouvi dizer.
Justin dá um passo na minha frente, mas dois outros caras vêm resgatar o idiota na frente enquanto eu estou presa demais para fazer qualquer coisa, minhas mãos tremem visivelmente e eu respiro fundo tentando manter a calma. Um dos dois se aproxima de mim e pega um dos meus cachos entre os dedos, torcendo-o no dedo indicador e chegando cada vez mais perto do meu rosto. Quero gritar para ele se afastar de mim e não me tocar, mas meus pés estão plantados no chão e não consigo me mover. Eu olho para cima e meus olhos encontram os dele.
Mas esse eu conheço, é o cara que estava encostado na porta mais cedo!
Ei, agora que você sabe o que muda?
Nada, absolutamente nada.
Também perdi Paige de vista, mas posso ouvi-la soluçando, então presumo que ela não esteja muito longe.
Mas onde está o diretor quando você precisa dele?
O garoto de cabelos cacheados na minha frente continua me encarando. – Você é tão linda, querido. É um prazer ter uma garota bonita como você na sua frente. — Ele inclina a cabeça para o lado e seus dedos tocam meu rosto, me dando arrepios.
- Não posso dizer o mesmo. — Cuspo amargamente e olho para ele com cara feia.
— Ah, que temperamento você tem. Linda e mal-intencionada. -
Sim, vadia, mas ela está morrendo de medo e não consegue se mover.
Você quer ficar quieto? Agora não é o momento.
Com licença.
“Tire suas mãos sujas de mim, Adrian, ou juro que farei você se arrepender de ter nascido. — Ouço o rosnado de Nata e olho para trás do ouriço.
Justin e Matt derrubam um cara, enquanto Nata encurrala o outro. Os dois estão em péssimo estado, o cara que segura Nata tem a maçã do rosto direita roxa e o lábio quebrado e sangrento. Enquanto aquele que está no chão sob os pés de Jay e Matt está com o nariz roxo e sangrando. Os três garotos não têm nem um arranhão, como o garoto que está na minha frente. Eu sei que Nata está ciente de que se ele se mover, o cara na frente dele vai pular nele e bater nele por trás, então ele está em apuros já que Jay e Matt também não conseguem se mover.
- Querido! — ouço alguém dizer por trás e imediatamente reconheço a voz de Delina. - Tudo está bem? -
Eu faço sinal de positivo, mas não me viro, os olhos do ouriço presos nos meus, me acorrentando ao chão.
—Fex Smith. Então esse é o seu nome. Bem, Fex, admito que foi muito emocionante ver como você enfrentou o velho na aula. -
Meus olhos percorrem ele e todo o seu corpo. Esse idiota não pode estar na aula comigo, além do mais eu nunca tinha visto ele antes, na verdade ele nem estava na sala, estava lá fora. Sua mão está na minha bochecha. E ele chega perigosamente perto do meu rosto, seus lábios estão a um milímetro dos meus e fecho os olhos rezando para que meus reflexos ajam o mais rápido possível. Quando ele está prestes a me beijar, viro o rosto para que ele toque minha bochecha.
— O que você está fazendo, não me dá um beijo, querido? -