CAPÍTULO 5
Após o banho, vesti uma roupa confortável, escovei os cabelos e fui para a cozinha preparar algo para comer.
Enquanto saboreava minha refeição, fui surpreendida por batidas na porta e ao abrir, vi Alex diante dos meus olhos.
A presença inesperada dele trouxe uma mistura de surpresa e curiosidade.
— Alex, o que faz aqui?
— Posso entrar?
Eu acenei com a cabeça concordando.
Alex entrou com cuidado e seus olhos observaram os meus com atenção.
Com gestos suaves, ele segurou carinhosamente meu queixo, notando os olhos vermelhos causados pelas lágrimas.
— Melissa, não permitirei que ninguém a faça chorar novamente dessa forma. Isso não deveria ter acontecido.
A lembrança dos eventos dolorosos ainda pesava no meu peito, e involuntariamente, lágrimas molharam novamente o meu rosto, a vulnerabilidade do momento era evidente, mesmo diante da presença reconfortante de Alex.
Ele percebendo as lágrimas em meu rosto, agiu com gentileza, limpando-as suavemente.
Em seguida, pediu que eu me arrumasse, pois tinha planos de me levar a algum lugar e mesmo sem muita vontade, decidi seguir suas instruções e fui pro meu quarto enquanto ele me aguardava na sala.
Eu fui escovar os dentes e depois fui escolher a roupa que eu usaria. A curiosidade sobre para onde ele me levaria competia com a cautela que as experiências recentes haviam causado.
Eu escolhi um vestido que marcava perfeitamente a minha cintura, eu estava tentando transformar a dor recente em uma expressão de beleza.
Com uma maquiagem leve eu procurei disfarçar os rastros das lágrimas, depois eu organizei novamente os cabelos e calcei as sandálias.
Ao sair do quarto, percebi o olhar fascinado de Alex, captando a transformação.
Alex se aproximou de mim, e seus olhos refletiram apreciação e carinho.
— Melissa, você está deslumbrante.
O elogio dele trouxe um toque de calor à noite, dissipando um pouco das sombras deixadas pelas experiências difíceis.
— Alex, você está muito próximo... Murmurei, sentindo uma proximidade intensa entre nós.
Ele olhou nos meus olhos e, com sinceridade, admitiu...
— Eu estou tentando conter a vontade de beijá-la.
A proximidade da respiração de Alex, tão próxima, fez minha pele arrepiar intensamente.
Cada centímetro entre nós pulsava com uma eletricidade palpável, a troca de calor e a respiração compartilhada criavam uma sensação de proximidade íntima.
O arrepio na pele era um eco das emoções intensas que permeavam o momento, enquanto a noite, carregada de expectativas e desejos contidos, continuava a desdobrar-se em uma dança emocional imprevisível.
Mesmo com a tensão palpável entre nós, Alex revelou que não poderia perder a linha naquele momento, pois tinha que me levar a um lugar específico, e ele se afastou, quebrando momentaneamente a intensidade do momento.
A compreensão de que havia outros planos naquele momento adicionou uma camada de complexidade à nossa interação, e a promessa de algo além do imediato criava uma antecipação ansiosa.
O afastamento de Alex, embora temporário, deixou no ar a promessa de um futuro desconhecido e emocionante.
Ao sair de casa acompanhada por Alex e entrarmos em um carro luxuoso, percebi o olhar atento dos vizinhos, e uma sensação de vergonha se instalou.
A ostentação do momento destacava-se no ambiente mais modesto ao redor.
Alex, atento às minhas emoções, percebeu a vergonha refletida em meu rosto.
O contraste entre os mundos, diante dos olhos dos vizinhos, me deixou desconfortável.
Alex, percebendo minha vergonha diante do olhar deles quebrou o silêncio.
— Amanhã, vou levá-la para morar em outro lugar, assim, não terá mais sua vida sendo comentada por ninguém.
A promessa de um novo lar, longe do julgamento alheio, trazia uma mistura de alívio e expectativa.
— Eu vou morar onde?
— No apartamento que eu prometi que te daria.
A rapidez com que a promessa de Alex iria ser cumprida quase parecia surreal, e uma onda de emoção tomou conta de mim.
Eu Mal podia acreditar que em tão pouco tempo, a promessa de um novo lar iria ser realizada.
Eu agradeci a Alex pela promessa cumprida e, em seguida, me mantive em silêncio durante o restante do percurso, pois o turbilhão de emoções internas pedia um momento de introspecção.
Ao pararmos exatamente em frente ao salão da qual fui humilhada, um nó se formou em minha garganta, o silêncio era carregado de memórias e significados, e o destino escolhido por Alex sinalizava que a noite não seria apenas sobre luxo, mas de justiça.
— O que viemos fazer aqui, Alex?
— Vou ensinar à dona do salão a nunca mais tratar ninguém da forma como você foi tratada, vamos descer, você vem comigo.
Seguindo a determinação de Alex, desci do carro com ele e entrei no salão ao seu lado.
A presença imponente de Alex ao meu lado era palpável, e o salão, que outrora me havia humilhado, agora se transformava em um palco onde justiça e confronto se encontrariam.
A dinâmica da noite assumia uma complexidade ainda maior, e eu me preparava para enfrentar não apenas as memórias dolorosas do dia, mas também para testemunhar as consequências das ações de Alex na busca por equidade e respeito.
O olhar penetrante da dona do salão e das clientes presentes se voltaram para nós, e ficou evidente que a dona estava nitidamente assustada.
A presença de Alex e minha entrada ao lado dele alteraram a dinâmica do salão, transformando-o momentaneamente em um cenário de confronto.
— Alex? O que te trás aqui?
Perguntou enquanto olhava pra mim desconfiada, mas logo em seguida voltou a encará-lo.
O fato dela ter o chamado pelo nome deixava evidente que já se conheciam, e eu fiquei intrigada.
A resposta de Alex foi direta...
— Quero você fora deste estabelecimento pela manhã.
No mesmo momento, uma revelação chocante me atingiu, Alex era o dono do estabelecimento.
A mulher olhou pra mim e pareceu perceber o motivo daquela decisão.
— Eu não sabia que você conhecia essa moça, Alex.
— É sua obrigação tratar bem qualquer pessoa.
— Desculpe, isso não irá se repetir.
— Não irá mesmo, pois você irá devolver o ponto comercial logo pela manhã.
— Você não pode fazer isso Alex, eu estou aqui há cinco anos, e nós renovarmos a pouco tempo o contrato.
— Eu faço questão de pagar a quebra do contrato, isso não será um problema.
— Alex, peço que você reconsidere, dificilmente eu irei conseguir um ponto comercial em um local tão bom e acessível.
Diante do desespero da mulher, Alex olhou pra mim, e imediatamente me deu autonomia pra tomar aquele decisão.
— Você decide Melissa, você permite que ela continue aqui?
A mulher olhou pra mim e se desculpou pela forma como me tratou, e ao receber as desculpas dela, mesmo que não parecessem sinceras, permiti que ela continuasse no estabelecimento.
A superficialidade do pedido de desculpas não alterou minha integridade, e eu escolhi seguir adiante, mantendo minha dignidade inabalável.
A decisão de permitir que ela continuasse refletia não apenas uma força interior, mas também uma compreensão de que, independentemente do tratamento recebido, minha identidade permanecia intacta.