Capítulo 6
O vento soprava gelado contra as janelas da mansão Hunter, as árvores sacodiam vigorosamente e o que tudo indicava é que uma tempestade estava próxima. Por mais que muitas pessoas alegam ser um dos melhores climas para dormir, Esmeralda parecia não compartilhar desse pensamento. Nada que fizeste em seu travesseiro o tornou mais confortável, pelo contrário, cada vez piorava. E isso não é culpa das penas importadas por dentro dessa fronha, aliás, toda a sua roupa de cama é extremamente cheirosa e macia. O problema era o homem que ela ainda nem conhecerá, e ao invés de usar a madrugada para descansar, usou para imaginar como o tal seria.
Seus pensamentos foram interrompidos por um estalo oco. Assustada, sentiu seu coração disparar medroso. O que seria? Algo caindo por conta da tempestade, pensou a loira. Novamente outro barulho, vidros espalhando-se pelo chão. Algum funcionário? Maldita hora para ser uma governanta.
— Merda, eu não sou segurança. - Jogou a coberta para o lado e se levantou da cama.
Vestiu seu robe, não seria nada agradável alguém vê-la com seu baby-doll favorito e extremamente confortável. Deu o laço quando já estava próxima a escada, sua distração não a permitiu pensar em um possível ladrão até que chegasse no primeiro degrau.
Diferente de manhã a mansão está escura, apenas o raio da Lua ilumina pouca parte do Hall.
— Vaso inútil. - Ouve um murmuro.
— Quem está aí? - Finge coragem ao perguntar a escuridão.
Fingia muito bem, é o que sua mãe sempre lhe disse. Por dentro todo o seu corpo se tremia e implorava para sair dali.
— Sou eu, Gonzáles. Sebas. Tive um pequeno acidente com esse maldito vaso. - Explicou-se, notoriamente embriagado.
Não seria a primeira vez que Esme presenciaria o Sebastian bêbado, portanto é a primeira vez que o vê subir as escadas da sua casa de quatro. Ele para poucos degraus próximo dela, o suficiente para que a luz iluminasse seu rosto jovem e bonito.
— Sinto muito por acorda-la. - Desculpou-se e tentou se levantar.
Quase Esmeralda sentiu compaixão, na verdade, ela sentiu. Estendeu a mão para o garoto que a encarou surpreso, não era de costume receber ajuda da Esme, não por ele ser o Hunter, mas sim por ela ser a Esme.
Mesmo sentindo-se contrariado, Sebas aceitou a ajuda e levantou-se com dificuldade.
— Não me acordou. Tome um banho, ok? Amanhã irei pedir para a June fazer um café da manhã leve. E por Deus, Sebas, não me assuste assim novamente.
Pararam na frente da porta do garoto. Tantas meninas já estiveram ai, pensou Esmeralda. Tantas caíram facilmente nesse sorriso jovial e malicioso, que quase conseguir ver os corações partidos saindo pela fechadura da porta.
— Obrigado, senhorita Gonzáles. E desculpa, novamente. Prometo que isso não irá se repetir.