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Capítulo 4

Gabriela

Abro os meus olhos lentamente e com dificuldade. É como se eu estivesse dormindo por dias!

- Ahh... - Reclamo ao sentir um leve dor nas costas.

Me lembro.

Meu coração acelera e eu me sento na cama.

Coloco a minha mão na minha barriga.

Só agora percebo o quanto eu quero ter esse bebê... Eu não tinha muita ciência do quanto ela é importante para mim...

E se... Eu a perdi?

Por que eu fui tão egoísta? Eu tinha mesmo que ter saído com o João? Eu tinha que ter pensado direito!

Eu não posso mais fazer essas coisas...

E ele... O quê pretendia ao me drogar?

Será que é um sociopata?

- Enfermeira! - Chamo em um tom fraco. - ENFERMEIRA! - Chamo mais alto.

Preciso perguntar sobre a minha bebê.

A porta do quarto se abre, mas quem entra não é a enfermeira.

- Acordou? Como está se sentindo? - O quê esse maluco ainda está fazendo aqui?

- Como tem coragem de ficar aqui? Vou chamar a polícia pra você! SOCORRO! - Grito.

- Quieta! - Sussurra tapando a minha boca com as mãos. - Deixe-me explicar o que aconteceu!

Eu o olho nos olhos, ele tira as mãos da minha boca.

- Certo, você não faria nada comigo aqui, em um hospital. - Digo desconfiada.

- Gabriela, eu pareço um maníaco pra você?

- Você me drogou! Eu estou grávida!

- Eu não sabia que estava grávida, se esqueceu? E outra, você tomou a taça de suco errada! Era para o Gustavo ter tomado a taça com a droga! Eu jamais iria...

- Oh! Me desculpe então, está tudo resolvido! Só que não! Vai embora, por favor, ou não respondo por mim, juro por Deus! Se algo aconteceu com minha bebê eu lhe arranco os olhos! - Digo irada.

Apesar de que estou sentindo minhas costas doloridas, mas eu faria um esforço e o mataria.

- Sua bebê está bem! O médico acabou de vim aqui, falei com ele, sua menina está em um ótimo estado! Graças a Deus não aconteceu nada com ela, fique tranquila! - Diz com um sorriso tentando me passar confiança.

E ele me passou foi uma imensa tranquilidade.

- Que bom... - Respiro fundo. - Minha pequena guerreira. - Digo passando as mãos em minha barriga.

Olho para João e ele está com uma expressão indecifrável.

O quê ele estaria pensando?

- Já pode ir embora, João! Obrigada por ter ficado aqui comigo, e eu lhe perdoo por quase ter matado a minha filha.

- Não fala isso! Eu não... Eu não quase matei a sua filha! Não diga uma bobagem dessa! Por acaso quer que eu me jogue de um precipício? - Pergunta com um ar preocupado no rosto.

- Eu não vou tirar a sua culpa! Se você se sente mal com isso, então tome como um aprendizado... E por que você queria drogar o Gustavo? Quer saber? Vai embora, não quero que me meta em mais encrenca. - Fecho os meus olhos e espero que ele vá embora.

Mas ainda sinto a presença dele.

Abro meus olhos novamente.

- Eu não vou sair do seu lado. - Fala me olhando profundamente.

- Como?

- Eu prometi à ela... - Se abaixa até minha barriga e coloca a sua mão. - Eu vou te proteger, como prometi.

Essa cena me deixa completamente sem chão.

Como um homem que conheço à menos de três dias faz uma promessa dessas à minha filha?

Quais sao as chances de isso acontecer?

Eu consigo sentir uma energia tão boa vindo do calor de suas mãos...

É como se realmente uma áurea protetora estivesse envolvendo minha barriga atrás de seu toque.

- João, o que está fazendo? - Pergunto completamente sem entender.

Ele levanta seus olhos até mim, e os percebo que estão marejados.

- Gabriela, por favor, deixe-me cumprir com a minha promessa, eu devo isso à ela... - Isso me pareceu com uma suplica.

- João? Você está bem? Olha, eu já entendi, você não teve a intenção, mas, esta tudo bem! Não precisa ficar assim se culpando tanto! - Digo já arrependida de fazê-lo se sentir tão culpado.

Apesar de que realmente é.

- Eu devo isso à ela! Me fala uma coisa... Por acaso ela tem um pai preocupado com ela? - Pergunta com uma expressão rancorosa.

- Por quê? Acha que ela não tem? - Minha voz tenta soar firme.

- Eu vi o lugar onde você mora, um bairro bem localizado, residência bem mais elegante e maior do que a que você está alugando... Está se mudando para uma casa bem mais inferior... Suponho que esteja economizando, correto? Por acaso não tem ninguém que a ajude? Solteira eu sei que você está, ao contrário disso não teria saído comigo... Então, se eu estiver errado me corrija... Mas, o pai dessa criança, vai ajudar você? - Como ele ousa me perguntar sobre isso?

- Eu... Não preciso lhe responder isso... Eu nem conheço você!

- Esquece isso, não precisa me responder... Mas, por favor, deixe-me cumprir minha promessa? - Esse cara é louco!

- Não o conheço, eu vou ter que pedir de novo para ir embora? - Não consigo confiar nele!

Será que o nome dele realmente é João? Ou, será que realmente trabalha naquela agência? E se estivesse me seguindo à dias? E se Guilherme o contratou para fazer algo e eu perca o bebê?

Ele pega a sua carteira de dentro do bolso da calça, ele ainda está vestido com o terno da festa de ontem, já eu estou com a camisola horrível do hospital.

- Aqui, veja, esse sou eu. - Me entrega sua identidade.

Será que ele pode ler pensamentos?

Benjamin João Gueto Minato

- Minato? Como a agência de imóveis Minato? Onde eu estou alugando a casa? - Pergunto surpresa.

- Exatamente, sou o filho do proprietário, confia em mim agora? Eu posso chamar meus pais aqui para lhe dizer que sou confiável, posso dar uma nota no jornal dizendo que me responsabilizo por você e pela criança... Basta me dizer que vai confiar em mim se eu fizer isso, quer que eu faça isso? - Gente!

Esse homem existe? Por que ele faz tanta questão disso?

- Está fazendo isso por que se sente culpado?

- Eu simplesmente fiz uma promessa, quero cumprir. - Diz guardando a identidade novamente na carteira. - Posso chamar os repórteres?

- Não! Não chame os repórteres! - Sorrio. - Você tem vinte e nove anos? - Pergunto, pois vi a data de nascimento dele.

- Pois é, não parece, não é mesmo? - Abre um sorriso de canto.

- Olha, eu deixo você frequentar a minha casa para saber da minha bebê, mas... Com uma condição!

- E qual é a condição?

- Vamos esquecer que já tentamos sair, vamos esquecer, pode ser?

- Por favor! Eu não poderia pedir uma condição melhor, até porque não teria dado certo, visto que você já tem bebê e tudo. - Diz tão naturalmente, como se fossr algo normal de se dizer.

Mas, à quem estou tentando enganar?

Aff, como se isso fosse importante.

- Ok! Então, João! Não que você estivesse se casando comigo né! - Gargalho. - Garanto que você não é do tipo para se casar, você é um cachorro.

- Exatamente, sou um cachorro. - Gargalha.

- Daqueles bem vira-latas! - Gargalho.

- Hã? Vira-lata? - Enruga a testa. - Não sou uma vira-lata! Se eu sou um cachorro, então sou um Lobo!

- Eu o acho parecido com um vira-lata. - Digo apenas para irritá-lo.

Mas eu sei que na verdade ele é mesmo um lobo. Tanto que quase fui uma de suas vítimas... Mas, agora tenho que me esquecer disso, como eu mesma sugeri.

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