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Capítulo 1

Gabriela

- Guilherme, como pode pensar uma coisa assim em um momento desses? - Minha voz sai quase falhando.

Estou no penúltimo andar do edifício Hilton, no escritório do Guilherme de pé em frente à sua mesa de vidro, onde ele está sentado em sua poltrona se fazendo de ocupado.

- Me desculpe, eu disse algum tipo de mentira? - Pergunta sarcástico.

- N-não... Quero dizer, eu também não pedi por isso! - Sinto as lágrimas que estavam tentando não cair rolarem sobre o meu rosto.

- Sugiro que procure um outro rico pra você tentar esse golpe, tenho muitos afazeres, será que você pode ir embora? - Diz assinando alguns papéis, fazendo pouco caso de mim.

Respiro fundo.

- Guilherme! É fácil! Faça o exame de DNA! Não tem porque você ficar com essa desconfiança toda! - Digo enxugando meu rosto com as costas da mão.

- Não pretendo perder tempo com isso, eu realmente estou ocupado aqui, será que você pode ir embora? - Pergunta estressado.

- Eu vou procurar meus direitos! Você não vai se safar das suas obrigações de pai! - Digo tentando parecer autoritária, mas ma verdade minhas pernas estão bambas.

Guilherme começa a gargalhar em minha frente, se levanta do seu lugar e começa a vir em minha direção.

- Gabriela, eu sei bem os direitos de pai que você quer que eu cumpra... - Tira um talão de cheque e uma caneta de dentro do seu terno.

- Guilherme, seja sensato! Não quero o seu dinheiro, quero apenas que você seja o pai da menina! - Digo dando alguns passos para trás.

- Ja sabe até o sexo? Faça me rir! Seu bebê ainda nem aparece! Se é que tem bebê ai dentro.

- Eu fiz exame de sangue! - Digo mas ele nem parece estar ouvindo.

Ele leva a folha de cheque até a sua mesa e preenche, fico observando abismada.

O quê ele pensa que está fazendo?

Ele pensa que vai se safar dessa com dinheiro?

- Aqui, tome, creio que isso seja o suficiente para que você confesse sua armação. - Me entrega rindo.

Eu pego o cheque.

Cem mil reais.

- Guilherme, o que você quer que eu faça com isso? - Pergunto olhando para o cheque.

- Considere como um pagamento pela noite quente que tivemos... Agora não lhe devo mais nada... - Se volta para o seu lugar.

- Seu maldito! Você é mais frio do que eu pensava! - Digo dando alguns passos em sua direção. - Sabe o que eu faço com seu dinheiro?

- Não me diga que você vai rasgar!? Por que desperdiçar uma folha de cheque? Me devolve então, assim eu uso em outra coisa.

- Eu iria rasgar sim! Mas, sabe de uma coisa? Eu preciso desse dinheiro, e é um direito da criança! Me aguarde Guilherme! Vou te chamar na justiça! Você vai ter que pagar pensão! E se abusar eu vou nos jornais e conto tudo! Que o herdeiro da revista mais prestigiada do pais é um irresponsável que abandona um filho! - Digo completamente irada.

- Essa criança realmente é minha? - Pergunta um pouco preocupado.

- Sim! É sua! Quer ir fazer o exame agora mesmo? - Pergunto já cansada de estar aqui.

- Quando nascer eu faço o exame, agora se saia daqui Gabriela, tenho compromissos. - Diz se voltando aos seus papéis.

Eu respiro fundo.

Desisto.

Saio de seu escritório completamente abatida.

Quando desço do elevador e passo pela recepção do edifício eu tenho um ataque de raiva e eu rasgo o cheque e jogo na lixeira, e quando eu saio pelas portas eu volto a chorar.

Eu esperava que ele fosse sarcástico e frio, que me fosse me humilhar e me oferecer dinheiro, mas viver tudo isso é completamente desgastante e destrutivo.

As lágrimas encharcam o meu rosto e quase tampa a minha visão, vou andando pela calçada sem nenhuma direção...

Não tenho pai e nem tenho mãe, não tenho família alguma! Minha única amiga é a Suellen, e não acho que ela esteja de boa comigo por causa de eu tentar ajudar o Rodrigo a desmascarar ela.

Graças à Deus eu tenho um pouco de dinheiro em minha poupança, posso sobreviver por um tempo. E sem falar que minha barriga ainda não está aparecendo, posso cumprir o contrato que tenho para o mês que vêm.

O que vai mudar em minha vida?

Levo minhas mãos até minha barriga.

Eu não sei nada sobre ser mãe!

Provavelmente terei de me mudar para um lugar mais barato...

Minha menina, mamãe vai conseguir cuidar de você direitinho.

Mamãe vai conseguir.

Sozinha, eu vou conseguir tudo sozinha.

Serei sua mamãe e seu papai.

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