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“Ame como puder, ame quem puder, ame o máximo que puder. Não se preocupe com o propósito do seu amor"

Amado Nervo

O fim de semana terminou em um piscar de olhos. Todas as tardes, depois de chegar em casa e preparar o jantar, eu lia o livro, Carlos costuma ser bastante ciumento com seus livros; ele trabalhava fazendo plantão. Este fim de semana ele voltaria.

Eu deveria ter terminado o livro até então. Sem desmerecer o fato de que era um portal de conhecimento que estava abrindo em mim novas perspectivas sobre o amor. Isso me manteve em constante reflexão e, ao mesmo tempo, em estado de confronto com minhas emoções.

O fim de semana chegou, como um piscar de olhos. Bateram na porta, foi lá, abri, era Alejandra.

–Oi senhora Anne, a Katrina está aí?

–Katrina –falei em voz alta

– Alej está procurando por você.

Aproveite enquanto minha filha veio, pergunte a Alejandra, se Carlos estava na casa dela:

–Sim, chegou esta tarde!

–Diga a ele que daqui a pouco trago o livro que peguei emprestado, por favor.

–Mamãe, eu estou indo para Alej– ela me diz.

–OK meu amor. Eu vou em um momento. Tomo um banho e saio.

Ela se aproxima, me beija e sai. Eu volto para o meu quarto. Eu tiro meu uniforme de trabalho. Eu entro no chuveiro. Deixei a água deslizar pelo meu corpo e pelos meus mamilos. Molho o cabelo, ensaboo, acaricio meus seios, minha barriga, minha pélvis, minhas mãos estão desamarradas por todo o meu corpo, sinto minha vagina se contrair e minha respiração tremer. Eu me toco como poucas vezes. Eu sinto essa necessidade de fazê-lo, de relaxar.

Coloco um creme perfumado, penteio o cabelo. Eu me visto. Uma leggin, uma blusa de pano macio. Eu ando até a casa de Alicia. Lá fora vejo que Carlos e Luiz estão lá. Eu me aproximo, vejo uma terceira pessoa. Talvez seja ele. Fico nervosa.

–Oi Anne, como você está?– Carlos me pergunta.

–Muito Bem!– eu respondi, tentando reconhecer aquela outra pessoa.

–Oi, Luiz– Saúdo-o cordialmente.

Não é ele. Não está lá.

–Ótimo vizinha. Junte-se a nós por um tempo.

–Tome um, vizinha", acrescenta Carlos.

Luiz abre uma cerveja e me dá. Sinto-me. Carlos me apresenta ao seu outro colega de trabalho.

–David, este é a vizinha. O homem se levanta, me cumprimenta com um sorriso.

Talvez tenham falado de mim, quero dizer por referência, disso e não de uma vizinha. Eu sinto que ouço a conversa deles, eles falam sobre coisas inusitadas, sobre a vida em outros planetas, sobre deuses malignos. Em alguns momentos dou minha opinião. Em outros, prefiro não dizer nada. A verdade é que estou um pouco dispersa.

Eu estava tão animada pós achei que essa outra pessoa era ele. Mas não foi assim. Vou esperar alguns minutos e vou dormir. Quando eu estava prestes a me despedir, Luiz fez um comentário que fez meu coração disparar:

–Droga! Isso é um milagre, olha quem chega lá e sem as tropas.

Todos se viraram para ver, eu queria ser menos indiscreta. E embora eu não quisesse ver, senti no meu coração que era ele. Pelo contrário, esse era o meu maior desejo.

–Boa noite!– Ele disse em sua voz profunda e sedutora. –Opa! compadre, isso é uma coisa muito surpreendente, vê-lo aqui e sozinho.

Ele riu como se fosse uma grande piada. Olhei para cima para vê-lo, ele já estava olhando para mim, como se esperasse que eu o visse.

–Olá vizinha!” Ele disse enquanto gentilmente apertou minha mão.

–Olá!– eu respondi sorrindo, tentando evitar que meus nervos percebessem.

–Posso tomar uma cerveja, compa?, perguntou, apontando para a adega com as cervejas, para Luiz.

Ele olhou para as garrafas de todos. E ele destampou as cinco cervejas. Eles já tinham começado a fazer o rosbife. Luiz estava no comando, Carlos estava procurando os vegetais; David, Miguel e eu conversamos sobre política. Na verdade, estávamos discutindo.

Apesar de ser engenheiro, ele defendia o governo socialista, enquanto David e eu batíamos no sistema. Quando David se retirou para o banheiro, senti seu olhar fixo em mim. Eu não queria encontrar seu olhar. Se ele o visse, perceberia o quanto eu me sentia perturbada na frente dele, o quanto ele era vulnerável. Em um instante, não pude evitar mais e me virei para vê-lo.

–E o livro?–Ele me perguntou. Fiquei tão nervosa que quase o derrubei, ele fez manobras para evitar que caísse no chão. Ele pegou e colocou em minhas mãos e eu senti a sua queimando brevemente a minha.

–Muito bom– respondi com moderação. "Realmente revelador", acrescentei.

Ele sorriu. Mas tanto ele quanto eu estávamos um pouco desajeitados ao falar. Ele ria de tudo e eu mexia a perna sem parar. Enquanto a comida era servida, ele se levantou e foi ao banheiro, oportunidade que David aproveitou para se sentar ao meu lado. Ele me entregou o prato com a comida, destampou duas cervejas e começou a conversar.

Não lembro o que ele disse, apenas balancei a cabeça e aproveitei cada mordida para não falar. Miguel voltou, notei sua perplexidade quando viu David ao meu lado. Sentou-se um pouco mais distante. Quando Luiz chamou para David, ele se levantou; habilmente ele tomou seu lugar. Nós dois comemos em silêncio, embora eu sentisse seu olhar fixo em mim.

Virei-me para sorrir e ele me mostrou seu telefone. Na tela, havia um número. Eu mal podia vê-lo. Mesmo assim, anotei no meu celular. Carlos se aproximava e resolvi aproveitar para me levantar, jogar o prato descartável na lixeira e ir ao banheiro lavar as mãos. Quando fui ao banheiro, verifiquei os números completos e salvei nos meus contatos. Quando voltei, todos estavam sentados e me olharam como um bando de leões vendo um veado se aproximando. Eu me senti perseguida. Talvez fosse bom ir. Não era muito confortável estar cercada por tantos homens, muito menos um deles, que tinham a capacidade de me perturbar dessa maneira.

Sentei-me e vi que Katrina se aproximava com Alejandra. Seria uma excelente desculpa para ir embora. As meninas chegaram. Minha filha ficou atrás da minha cadeira, me abraçou e sussurrou no meu ouvido:

–Estou com fome!.

–Bem, eu tenho que me retirar, o dever de mãe me chama. Como dizem por aí: uma mulher com um filho não pode lutar por justiça.

–Aquele do estribo vizinha!–" disse Carlos com o abridor de garrafas em uma mão e uma cerveja na outra.

Eu realmente não queria ir em bora. Fora coincidência demais que ele, que não era esperado, estivesse ali naquela noite, e mais ainda sem a família. Tomei algumas cervejas. Alejandra serviu comida para ela e Katrina. Eles se sentaram no computador como todo adolescente, enquanto jantavam.

Já eram quase onze da noite. Liguei para Katrina para sair. Despedi-me de cada um deles, entreguei o livro ao Carlos e voltei para casa. Enquanto caminhava, senti como se seus olhares me seguissem até que entrei na minha casa. Eu estava tão feliz, eu vi ele por um tempo, eu conversei com ele e agora eu posso entrar em contato com ele. Sentei na cama, comecei a me despir, deitei e resolvi mandar um recado:

–É você?

Eu ainda sorriu para mim com essa memória. E se ele tivesse digitado o número errado? Alguém poderia responder que eu estava errada ou talvez louca. Ele demorou a responder, então presumi que ele devia ter digitado errado o número. Fiquei chocada. Peguei o cobertor e me enrolei, coloquei o telefone na mesa de cabeceira.

Eu estava quase dormindo quando ouviu o telefone vibrar na mesa. Como pude, peguei o celular. Uma mensagem. "Sim, sou eu, vizinha." Espero que descanses. Adorei vê-la esta noite.

Meu batimento cardíaco tornou-se mais galopante. Eu sorri com entusiasmo. Suspirei e respondi:

–Obrigado, também Anjo. Boa noite para você.

Aquela noite foi emocionante do início ao fim. Estávamos sentindo o mesmo. Vibramos na mesma frequência. Não havia nenhuma dúvida sobre isso.

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