Capítulo 1
ANA
O silêncio na casa me acordou,
Olhei para o relógio ao lado da cama e vi que tinha dormido apenas cinco horas. Quando Oliver veio me buscar, já passava da meia-noite.
Fechei os olhos com força, tentando não pensar que amanhã era o casamento do meu irmão, meu irmãozinho.
Oliver e eu fomos adotados por um casal de arquitetos muito famoso. Depois de perdermos nosso pai no Iraque e nossa mãe na depressão, fomos levados para um orfanato.
Ninguém queria cuidar de um par de gêmeos de três anos, nem a tia Felicity, irmã de mamãe, queria ficar conosco.
- Levante-se Ana, você vai perder o café da manhã! - gritou Oliver, batendo na porta.
- Já estou indo. - gritei de volta.
Forcei meu corpo cansado a sair da cama e me arrastei até o banheiro, um banho me deixaria como nova. Sem molhar o cabelo, lavei meu corpo, aproveitando a água quente.
Fechei o chuveiro e me arrumei em tempo recorde. Coloquei um vestido solto com botas de cano alto, passei base no rosto para esconder as olheiras e prendi o cabelo.
O corredor estava vazio, caminhei lentamente em direção à enorme escadaria.
Uma porta aberta chamou minha atenção. Entrei na sala lentamente, olhando as fotos na parede.
A mesma garota aparecia em todas as fotos, cercada por alunos.
- Ninguém lhe ensinou a bater na porta antes de entrar? - perguntou uma voz irritada.
- Oh, me desculpe. - murmurei envergonhado. - Eu só estava olhando. - expliquei, virando-me para o dono da voz.
- Bem, você não deveria ser tão curioso. - Ele me repreendeu.
As únicas pessoas que eu conhecia na família da minha futura cunhada Cielo eram os pais dela.
Esse deve ser o irmão dela.
- Você vai ficar lá? - Ela perguntou e só então notei a toalha enrolada em sua cintura.
Ela tinha acabado de sair do banho.
- Desculpe-me.
Saí correndo do quarto, morrendo de vergonha, e desci as escadas tentando encontrar a sala de jantar.
- Ana, querida, você dormiu bem? - perguntou Victoria, levantando-se da mesa. - Sente-se ao meu lado.
- Dormi como um anjo, Sra. Nataeloy. - Eu lhe agradeci e me sentei ao lado dela.
- Me chame de Vic.
- Onde está todo mundo? - perguntei, enchendo uma xícara de café.
- Eles tomaram o café da manhã cedo e saíram para cavalgar. - Ele explicou sorrindo.
Victoria Nataeloy parece mais jovem do que realmente é, uma professora aposentada que dedica seu tempo livre à caridade.
Ela e seu marido são pessoas simples, apesar de sua conta bancária.
- Que maravilha.
- Nossos cavalos são muito dóceis, se quiser dar uma volta, basta ir ao estábulo depois do café da manhã.
- Sim, eu vou, na verdade, já terminei meu café. - Eu disse, saindo da mesa.
- Mas você não comeu nada. - ele protestou.
- Não costumo comer muito pela manhã. - expliquei, saindo da sala.
A casa de dois andares parece ainda maior durante o dia, enquanto eu caminhava em direção ao estábulo onde alguns funcionários alimentavam os cavalos.
- Bom dia, senhorita. - Um jovem se aproximou, limpando as mãos em seu avental. - A senhorita gostaria de cavalgar?
- Sim, mas quero o mais dócil que você tiver. - perguntei enquanto olhava as baias. - Não monto há algum tempo. - completei.
O rapaz foi até o final do estábulo e voltou com um cavalo marrom, com a crina toda trançada.
- Este é o espírito. - Ele apresentou a sela ao animal. - Ela é de sangue puro.
- Qual é o seu nome? - perguntei.
- Wesley, senhorita.
- Muito obrigado, Wesley.
Segurei as rédeas da égua, coloquei meu pé esquerdo na sela, empurrei meu corpo para frente e montei no cavalo.
No início, eu apenas caminhava com ela, mas, à medida que ganhava confiança, comecei a trotar e, finalmente, a galopar.
Os limites da propriedade estavam além de minha visão, mas eu continuava galopando cada vez mais rápido. A sensação de liberdade é maravilhosa. Spirit diminuiu a velocidade para um trote leve e ficamos assim por cerca de cinco minutos, até que um distinto chocalho de cobra sacudiu a égua.
Ela relinchou, levantou as patas dianteiras, quase não caiu, deu um coice no ar e depois fugiu. Eu a segurei o mais forte que pude, tentando acalmá-la, mas em vão.
Ao longe, ouvi os cascos de outro cavalo correndo.
Ele combinava com o espírito, com sua pelagem preta brilhando sob o sol forte.
- Você tem que se agarrar a mim e saltar. - Ordenou
Tentei fazer o que ele me disse, mas não consegui.
- Vamos tentar novamente, aos três você pula.
Segurei sua camisa rezando para que tudo corresse bem, ao longe vi a cerca da propriedade, que é feita de arame.
- Um, dois, três. - Eu disse junto com ele.
Enquanto eu caminhava em direção ao seu cavalo, ele conseguiu pegar as rédeas da égua e acalmá-la. Lentamente, os animais diminuíram a velocidade até parar completamente.
- Você está tentando cometer suicídio correndo desse jeito? - ela me repreendeu enquanto eu descia do cavalo.
- Não era essa a intenção. - murmurei, caminhando de volta para a casa.
- Olhe para mim enquanto estou falando. - gritou ele, agarrando meu braço.
- Me solte. - pedi, puxando meu braço.
- Você precisa aprender uma lição. - disse ele, aproximando-se de mim.
- E quem vai fazer isso? - Eu brinquei, rindo.
- Eu", disse ele segurando meu queixo, forçando-me a olhar para ele. - Você é tão irritante. - Ele murmurou antes de abaixar a cabeça e me beijar.
Agarrei sua camisa para evitar que ela caísse, o beijo se tornou intenso e aconteceu algo que nem vou admitir sobre tortura.
Eu gostei.
- Estúpida! - gritei, dando-lhe um tapa no rosto.
Corri até a Spirit, montei nela e comecei a voltar.
Entreguei o cavalo a Wesley e corri de volta para a casa, onde fui interrompido, na base da escada, para não poder me esconder pelo resto do dia.
- Alicia, venha conhecer o Nate. - Ele ligou para o meu irmão.