Cap. 5
Cibele Floros
CASA DA CIBELE | 16:00
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Acordei com o despertador e fui tomar um banho, quando finalizei o barulho de uma mensagem apitou no meu telefone e fui ver quem é e era Antonella.
Hoje 16:00
Vem para minha casa, sairemos juntas daqui. - Antonella
Ok, Já estou pronta, chego aí em 30 minutos - Cibele
Vem de táxi, deste modo seu carro não fica na rua. - Antonella
Boa ideia, obrigada e até logo. - Cibele
Larguei o celular e terminei de me arrumar.
Faltavam 40 minutos, me sentei na minha pequena sala e puxei pela memória todas as lembranças que vivi aqui junto ao Érico e a peçonhenta, da Melissa.
— Vou colocar essa casa à venda assim que me estabilizar na Itália, não quero sequer lembrar que já vivi um amor aqui nesse lugar — murmurei deixando algumas lágrimas rolarem — Adeus, Atenas!
Peguei minhas malas e fui para o elevador. Passei na portaria para avisar que estou indo embora e que em alguns meses volto para buscar meu carro e colocar meu apartamento à venda.
— Vai com Deus, Cibele e boa viagem. — nos despedimos e não demorou para que estivesse parando na frente da casa da Antonella.
Subi e na sala dela tem exatas 12 malas. Não mentirei, isso me deixou até sem jeito, porque só tenho 2 e uma delas é bem pequena.
— Não se assuste, estou indo de vez para a Itália, depois da conversa que tive com meu irmão ontem, acabei me antecipando, o que significa que vamos nos ver mais vezes.
— Isso é bom, ter alguém conhecido. — lhe dei um sorriso sincero.
— Já conseguiu um lugar?
— Sim, fica na quadra da empresa e com minhas economias vou conseguir me virar até ser efetivada, o senhorio é muito simpático e me alugou o apartamento com uma cama, geladeira e ventilador. — citei os benefícios que terei — para mim está ótimo.
— Se quiser ajuda posso te emprestar. — disse que não precisava — Bom, vamos que o carro já chegou.
— Que carro? — perguntei, porque achei que iríamos de táxi.
— Aluguei um para levar nossas malas e outro para nos. — concordei e ajudei a descer suas malas — Conseguiu se organizar?
— Sim, voltarei apenas para vender meu apartamento e buscar meu carro. — compartilhei no momento em que me juntei a ela no veículo — Grécia já deu para mim e mesmo que não fique na empresa da sua família vou permanecer por lá, afinal, Florença sempre foi meu sonho.
— Posso te fazer uma pergunta íntima? — disse que sim — Não sente medo de sair da sua zona de conforto?
— Não, meu medo é ver o meu sonho de família feliz ser vivido por outra pessoa. — desabafei.
— Te desejo toda sorte do mundo, Cibele, se não ficar com meu irmão darei um jeito de te ajudar. Tenho meu cargo de COO na empresa da família e terei que assumir meu lugar.
— Tenho fé que o Sr. Caputo gostará do meu trabalho, meu currículo não é grande coisa, mas tenho força de vontade e determinação. Disponibilidade para viajar, fluente em outros idiomas e sei fazer uma planilha como ninguém. — nós duas começamos a rir — Não tenho o porquê temer dar as costas para uma coisa que me faz mal.
— Mas e os momentos bons? Tenho certeza que seu relacionamento com ele foi bom em algum momento.
— Não consigo lembrar dos bons se ele falhou comigo dessa forma! Não fui uma namorada ruim ou uma péssima noiva, Antonella. Dei tudo de mim nesse relacionamento. Acreditei que Érico era o homem ao qual envelheceria ao meu lado e que contaríamos histórias para nossos netos juntos. Investi dinheiro meu no bar dele, virei, noites acordadas quando adoeceu.
— Então foi a mulher perfeita. — senti que falou com tristeza.
— Não fui perfeita, tenho certeza que não, afinal por qual motivo ele me trairia? — questionei usando todo meu autocontrole para não chorar — a quem quero enganar?
— Oh, querida. — me puxou para um abraço e aceitei, já que realmente preciso colocar para fora toda minha mágoa — Esse meu último relacionamento também acabou devido a uma traição e sei o que está passando.
— Decepção é o que me define, no fundo, estou fugindo daqui para não ver tudo que sonhei sendo vivido por uma pessoa que jurei ser minha amiga. — um soluço rompeu meus lábios — Tinha planos de comprar uma casa, ter um cachorro e fazer melhorias no bar…
— Pense que agora tem a oportunidade de começar do zero. Tenho certeza que vai conseguir um bom cargo na empresa e terá sustentabilidade financeira. — concordei.
— Isso é o que mais desejo! Iniciar do zero e consegui ter êxito, estudei muito para isso e não será um par de chifres que vai me desestabilizar.
— Se meus 38 anos de experiência puder lhe ajudar com alguma coisa, já te aviso de antemão, sair da Grécia não apagará o que você viveu aqui, tampouco te fará esquecer.
Sai do seu abraço para olhar em seu rosto, visto que sua voz saiu chorosa.
— Doerá muito, mas passará e a cada dia o sofrimento será menor até que parar de fazer sentido.
— Sei que não doer para sempre. Quando descobri foi um grande susto, porque o meu relacionamento em nenhum momento foi ruim — declarei secando minhas lágrimas — Vivíamos os três para cima e para baixo, não sei ao certo em que momento eles começaram a se envolver, mas pelas poucas palavras que troquei com Érico era visível não ser recente.
— Imagino a tamanha decepção. — confirmei que sim.
Levará um tempinho para chegarmos no aeroporto, porque o trânsito está um pouco complicado e durante o caminho fiquei sabendo que a antiga parceira da Antonella se envolveu com uma das suas alunas.
Quando chegamos a um Hangar fiquei de boca aberta para o luxo que é o Jatinho da família dela. Como a viagem foi rápida e não durou nem duas horas, assim que chegamos na Itália, ela fez questão de me deixar no cortiço em que chamarei de lar a partir de hoje.