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Não deixe que seus sonhos percam a vontade de voar.
Vega Diaz
CASA DA VEGA | 21:00
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Mais cedo estive no hospital para assinar o contrato de modo a ser efetivada como chefe do meu setor. Peguei meu crachá e meus uniformes que são na cor preta, ganhei jalecos novos e todos contêm meu nome.
— Tenho que acrescentar, Lorenzo é muito organizado. — murmurei colocando meus uniformes novos na máquina para lavar — Gostei muito dessa distinção de cores para cada setor, assim não tem confusão das enfermeiras em saber de qual área trabalhamos, já que é impossível em um hospital com sete andares, mas a área de emergência saber quem é quem!
Acabei sorrindo ao lembrar do Lorenzo todo orgulhoso de comandar esse hospital sozinho e como ele mesmo diz;
— Possuímos 1.700 leitos entre área pública e particular. — tentei imitar sua voz grave e acabei gargalhando.
Peguei meus jalecos já secos e comecei a passar de modo a deixar todos bem dobrados para não amassar.
— Ele foi um gênio em colocar cada área de uma cor, no Tavera não era assim e passei muitas situações desagradáveis por acharem que era da emergência. — suspirei com a lembrança.
O hospital é muito bem localizado e recebe muitos pacientes, visto que é o único de grande porte. Temos a ala pública como a particular, Lorenzo me explicou tudo com muita minúcia e não me senti às cegas devido a tanta explicação.
Fui muito bem recebida por quem estava lá. O quadro de chefes do Meyer possui uma grande gama de mulheres e me senti confortável com isso, porque no Tavera eu era a única chefe feminina e isso gerava muitas especulações. Cansava de ouvir muitas fofoquinhas como se tivesse privilégios ou algo do tipo.
— Cheguei a escutar que só era chefe, pois Diógenes supria uma paixão por mim. — bufei por lembrar do ocorrido — Somos amigos, porém lá ninguém via dessa forma, alguns até diziam que ele se tornava extremamente agressivo quando alguém me elogiava ou me paquerava, mesmo que eu não tenha percebido.
Sorri com essa mentira, pois o conheço a 10 anos ou mais, já que era amigo do Eliot. Fiquei sabendo por meu falecido marido que na faculdade ele era muito amigo de um tal Ninho e Lorenzo e por Diógenes não se dar bem com esse Ninho quase não saiam juntos. Enfim, tenho plena certeza que não existe esse sentimento e ganhei o cargo de chefe, porque sou boa.
Neguei com a cabeça e voltei a divagar sobre minha saudosa recepção no Meyer.
A chefe da obstetrícia é a Suzan Mattiazzo, li algumas matérias sobre ela quando foi a uma conferência na Espanha. Com um sorriso imenso foi a primeira a vir me receber. Trocamos algumas palavras e fiquei muito animada com a cordialidade.
Tem também a doutora Giordanno que é bem conhecida por ser uma ótima ortopedista, sem falar que seus cabelos ruivos naturais são um charme, por ser pequena e gordinha da vontade de levá-la pra casa de tão bonita que é. As outras chefes foram muito legais também e Lorenzo muito atencioso.
Conheci algumas alas e a estrutura do lugar é de primeiro mundo. Máquinas que estava louca para colocar no Tavera, aqui tem duas ou três. As salas cirúrgicas possuem tecnologia de ponta que estou louca para utilizar, em falar que são bem diferentes, no Meyer os alunos podem nos observar de cima em salas que possuem janelas espelhadas onde podemos ser analisadas.
— Fiquei animada em poder ver outras cirurgias, visto que nas salas tem televisões mostrando nossas cirurgias em tempo real para quem quiser assistir.
Depois das apresentações e dos passeios cada uma foi para seu devido posto e fiquei sabendo através do Lorenzo, que o Dionísio estava descansando, porque teve uma cirurgia muito longa e que amanhã iria nos apresentar.
— Espero que não seja um esnobe, uma vez que neuros tendem a ser achar o centro do universo! Sei disso, porque antes de virar diretor, Diógenes era soberbo que só ele. — murmurei indo até a sala buscar a Emma — Vamos filha, vem deitar.
Desde que chegamos, ela está cada vez mais amuada, durante a viagem vomitou algumas vezes e reclamou de dor de cabeça, mas fora isso tudo estava indo bem.
— Mamãe, cadê meu ursinho favorito? — peguei em cima do sofá e dei a ela — Obrigada, achei que tinha perdido.
— Não se preocupe que eu e a vovó sempre encontraremos, para você. — tranquilizei alisando seus cabelos — Vamos, esta tarde.
Assim que fomos para nosso quarto, não demorou muito para minha mãe se juntar a nós.
— Já procurei as melhores rotas para os hospitais daqui, segunda agilizarei tudo para andarmos livremente com nosso veículo por toda Itália. — agradeci, já que estou sem cabeça para pensar nisso.
Comprei uma cama bem grande, assim dormimos nos três. Conseguimos mobiliar os cômodos principais de modo a termos uma boa comodidade.
No dia da compra dos móveis, para fazer a felicidade da Emma, nosso sofá é rosa e as 2 televisões que ela escolheu são incrivelmente grandes.
Minha mãe pegou no sono primeiro e eu e minha menina ficamos vendo TV. Emma desde muito novinha tem uma mania de ficar alisando minha orelha para se ninar. — Bem, é o que eu acredito.
— Em breve estará livre desse tumor, filha, tenho fé que sim. — minha voz trêmula a fez sentar para me encarar.
— Mamãe! — alisou meu rosto secando minhas lágrimas — Não chora.
— Vou parar, prometo. — afirmei convincentemente — Hoje não consegui conhecer o médico que vai te operar, contudo, amanhã conversarei com ele.
— Tá bom, mas ele vai curar minha cabeça? — disse que sim — Que bom, quero ir para escola, não gosto de estudar em casa.
— Vai poder correr, brincar com outras crianças e voltar a ir para escola, tudo isso e mais um pouco.
— Jura? — confirmei — Estou mais feliz.
Me abraçou e voltou a deitar para admirar a televisão. Emma atualmente está com seis anos e é muito inteligente para a idade que tem e por está sendo limitada devido a seu estado de saúde, mal vejo minha filha sorrindo.
Não escondi dela sua situação e sabe que tudo que fazemos é para seu bem, no entanto, assim como o pai, ela tem personalidade forte, não gosta de ser limitada e não consegue esconder sua frustração diante de tudo que estamos passando.
Ficamos quase uma hora vendo desenho com a claridade forte da televisão doendo minhas vistas. Como ia dar dez, decidi colocá-la para dormir.
— Vamos dormir? — disse que sim.
Desliguei a TV e me aconcheguei junto a ela, que não demorou muito a pegar no sono.
— Amanhã eu tenho que conversar com o Dr. Mattiazzo. — alisei meu rosto para secar minhas lágrimas — De amanhã não passa.