03 - Greta Leblanc
Greta Leblanc
Passeando pelas margens do grande lago que refletia a deusa Selena que mostrava toda a sua grandeza naquele momento para mim, a sentia me abençoando, a sua luz prateada me abraçava e principalmente me acolhia.
Meu paradeiro aqui na ilha de Palma é um mistério, sei que não sou uma filha da matilha do grande alfa Roux, ele me acolheu depois que surgir largada em uma cesta na frente de sua porta.
Serei eternamente grata por Hazel Roux ter decidido se tornar o pai adotivo de uma recém-nascida. Ele e sua ômega me acolheram e me criaram como filha deles, sempre foram muito amorosos e sobretudo extremamente cuidadosos com o que se referia a minha chegada até eles.
Até mesmo o Thalan o único filho de Hazel, era zeloso comigo. Nunca deixou que outros lobos se aproximassem de mim. E ver todo esse cuidado que Thalan tinha comigo fez com que meus sentimentos por ele se intensificassem.
Com os meus sentimentos por Thalan aumentando, comecei a tomar mais cuidado para que ninguém percebesse estar nutrindo algo pelo futuro alfa da grande alcateia Roux, sabia que nunca seria a escolhida para me tornar a sua companheira.
Afinal fui rejeitada pelos próprios pais e sabia muito bem que jamais seria aceita pelos anciões como uma candidata ao futuro alfa. Todos eles diziam que meus instintos gritavam por controle e liderança, eles diziam que minha loba rosnava para não obedecer às ordens, que era dada a ela.
Todos os anciãos da nossa matilha me via como um presságio agourento por te o pelo tão branco. Isso não me deixava triste ou qualquer outro sentimento dessa forma. Na verdade, me sentia abençoada por ter meus pelos tão brancos como os raios da deusa Selene.
Eu era uma grande incógnita e isso os deixa aflitos, já que não se via lobos albinos há séculos, nem mesmo se ouvia falar se que algum nômade esbarrou por lobos brancos por aí, isso fazia com que minha cabeça se enchesse de dúvidas sobre quem realmente sou, afinal, fui abandonada aqui por algum motivo:
Mas qual?
Enquanto continuo minha corrida em torno do lago, sinto que estou sendo perseguida. Posso ouvir o conjunto de patas correndo na mesma direção em algum ponto do bosque que cercava Valldemossa. Nossa ilha estava distante do continente e meu pai Hazel, deixava apenas pouco lobos irem estudar em Barcelona para depois retornar nos trazendo seus conhecimentos.
Estava feliz em viver tão perto dos meus, na ilha não havia humanos e podíamos viver tranquilamente sendo quem somos realmente. E viver ao lado dos humanos era uma coisa que nunca passou pela cabeça, uma vez que amo estar em minha forma de lobo, não conseguiria viver na forma humana vinte e quatro horas por dia.
Sorrio ao sentir uma nova brisa de hortelã fazendo com que reconheça o meu perseguidor, minha loba se excita com o pensamento de que Thalan está nos perseguindo e as imagens que ela põe em nossa mente me faz revirar os olhos, tento controlar as emoções para que ela não perceba o que estou sentindo.
Mas a loba que há dentro de mim está empolgada com a perseguição, sinto que as suas patas nos impulsionam acelerando ainda mais a corrida.
Isso é um erro, ele não pode sentir essa excitação, não de mim.
“Pare” — Digo aos gritos.
Suas patas cravam no chão nos parando, começo a sentir as pedras que entram entre cada umas de minhas patas, ouço o som das pequenas marolas do lago e o barulho de uma coruja que estava em algum ponto da floresta, foco meus sentidos em algum ponto para que Thalan não sinta meu desejo por ele. Controlo a minha respiração e sorrio ao notar que minha loba estava furiosa por destruir a sua diversão.
Mesmo que tenhamos sido criados juntos, nunca nos vimos como irmãos, nem mesmo os pais de Thalan nos intitulam dessa forma, apesar de que ambos me tratam como a filha que sempre quiseram ter e por receio não tentaram.
Com a minha parada abrupta, Thalan passa por mim em sua corrida, percebo quando ele começa voltar para onde estava. Observo-o saindo do meio dos pinheiros que começavam a perder as folhas pela troca de estação, sentíamos que o inverno estava se aproximando e provavelmente será um inverno bem mais chuvoso que os outros. Thalan começa a trotar em minha direção com suas orelhas levantadas e sei que nesse momento ele viu algo, com esses olhos amendoados que o deixam terrivelmente lindo.
Minha loba começa a abanar o rabo em excitação, não sei mais o que fazer para controlar a loba que esta quase se deitando no chão e se oferecendo para o grande alfa na nossa frente.
“Senta e pare de abanar o rabo.”
Thalan senta em minha frente e abaixa as orelhas, em segundos o vejo tremendo e um foco de calor surgindo em seu peito durante a sua transformação, o vejo controlar os espasmos e o homem de dois metros de altura e com um corpo definido em músculos, olha para mim em expectativa.
— Vamos Greta, quero conversar com você. — Ele fala e deita a cabeça de lado, apenas nego.