Capítulo 5
Fernanda
— Como assim quem sou eu? Tá legal isso está muito esquisito, você é um maluco que não passa de uma invenção da minha cabeça, eu estou ficando louca! Pensei que tivesse me livrado desses pesadelos mas só o fato de eu acreditar que havia me livrado, comprova que estou louca! — conclui com as mãos na cabeça.
O homem de preto me encara pensativo, como se estivesse montando um quebra-cabeça imaginário.
— A senhorita está tendo pesadelos comigo? — me olha esquisito.
— É isso mesmo doutor! Como foi que descobriu? Estou incrivelmente admirada! — eu sorrio irônica.
Eu estou cheia desse homem, dos pesadelos, dele se fingindo de retardado e dele inteiro. Bom, tirando a parte em que ele é lindo, mas isso não apaga todo o resto.
— Quer por gentileza dialogar comigo feito uma adulta, senhorita Fernanda? Eu não sou um doutor, e eu não sou conhecido por ter paciência! — por incrível que pareça não notei nenhuma alteração no tom de sua voz, mas nunca ouvi nada tão aterrorizante — eu sugiro que a senhorita aproveite que estou disposto a ajudá-la, e tente ser mais agradável! Então vou perguntar novamente, a senhorita está tendo pesadelos comigo?
Eu estou perplexa!
Como ele consegue me passar tanta autoridade assim sendo tão gentil ao mesmo tempo?
— S-sim, e-eu tive vários pesadelos com você — gente, estou nervosa demais, e com muita vergonha.
— A senhorita me permite sondá-los?
— Como assim? — realmente não entendi o que ele quis dizer, mas logo descobri.
Edgar se aproximou de mim e com o polegar tocou em minha testa e em questão de segundos todos meus pesadelos passaram em minha mente, e eu sinto uma pontada de dor na cabeça.
O que é isso?
Edgar me olha contorcendo o rosto com compaixão.
— Sinto muito por isso, por todos estes pesadelos, deve ter sido aterrorizante para uma pessoa comum como você.
— Como você fez isso? — eu devo ter fumado alguma coisa hoje, ou alguém batizou a minha bebida, só pode ter sido a Bia...
Não há outra explicação pra isso.
E como é possível que estejamos conversando como se só nós existíssemos?
É como se ele pudesse controlar a minha atenção, meu pensamento e tudo ao redor!
— Eu prometo ajudá-lá, senhorita, tudo o que eu preciso de você, é de um fio de cabelo.
— Vai me ajudar a me livrar de meus pesadelos? É sério que você não tem nada a ver com isso? — loucura, loucura, mas vamos seguir o baile, né?
— Eu não sei o que levou a senhorita a ter essas revelações, e eu te garanto que tem um motivo, mas não se preocupe, costumo honrar todas as minhas promessas.
— Não são revelações, homem de preto, são apenas pesadelos idiotas!
— Você alguma vez na sua pequena vida já me viu antes de seus sonhos? — nego com um gesto de cabeça — já ouviu falar de mim? — nego novamente — então foram revelações! E meu nome não é homem de preto, como lhe disse anteriormente o meu nome é Edérick, entretanto prefiro que me chame de Edgar.
Esse homem me trás uma sensação de que eu sou tão pequena...
— Revelações? — arqueio a sobrancelha esquerda.
— É o que eu disse — sorriu com gentileza.
Pensando bem isso não seria loucura total. Minha mãe já me contou que há umas sete gerações passadas existiu uma bruxa em nossa família que era capaz de prever o futuro atrás de revelações... Nunca dei tanta importância pensando se tratar de contos de pessoas antigas...
— E por que eu teria revelações sobre você? Quem é você? A lua fala com você? — paro para analisar o que eu acabei de perguntar e concluo — sim! a lua fala com você!
Ele nada me diz sobre isso, apenas fica me encarando feito um robô, e alguns longos segundos depois eu resolvo quebrar esse silêncio que para mim está muito perturbador:
— Para quê você quer um fio de meu cabelo? Por acaso vai fazer macumba pra mim? — questionei curiosa sobre esse fato.
Nada mais iria me surpreender a essa altura.
Entretanto para a minha surpresa o ser tão sério e incomum demonstra ter se divertido com a minha pergunta.
Gente, acho que eu prefiro os pesadelos. Socorro, alguém me tira daqui. Isso está ficando muito esquisito.