Lição 5 - Mudanças
O Silencio no carro dos Sartorelli era incomodo e inquietante. Desde que haviam saído do escritório do advogado nenhuma palavra fora dita. Emma estava curiosa com a situação, mas optou por permanecer em silencio. Lorenzzo tinha as faces avermelhadas, enquanto Giovanna respirava com dificuldade como estivesse prestes a explodir.
–Amanhã não irá para o colégio – Giovanna disse assim que entraram em casa, minutos depois.
–Por quê? – Emma perguntou curiosa. Aquela era a primeira vez em que sua mãe lhe pedia para faltar aula.
–Voltaremos naquele advogado e você vai assinar um documento. Não precisa saber o que é, apenas coloque o seu nome e tudo estará acabado. – ao ver Emma fazer a menção de falar, Giovanna ergue a mão e falou séria – não é de sua conta o motivo disto. Apenas faça o que eu mando.
Emma assentiu em silencio e foi para o seu quarto, enquanto Giovanna deixava as lagrimas fluírem pelo seu rosto de forma inquietante.
***
Raquel caminhou ate o sofá, onde Raoul estava sentado, sentou em seu colo e o beijou apaixonadamente. Ele havia ido procurá-la em sua casa, algo que nunca acontecia.
–Ocorreu tudo bem hoje? - perguntou entre os beijos que davam.
–Esplendidamente bem – Raoul falou a tirando de cima de si. Ajeitou a sua blusa e sorriu para a mulher confusa ao seu lado – não vim me divertir hoje.
–Então o que quer?
–Preciso de alguém para vigiar os passos de uma pessoa.
–De quem?
–Isso não é conveniente no momento – falou misterioso – apenas ache alguém e quando encontrar me mantenha em contato com ele.
Raquel assentiu desconfiada, mas deu de ombros ao vê-lo ir em sua direção e a beijar, levando-a em seguida para o seu quarto.
–Não disse que não veio se divertir? – ela perguntou sorrindo.
–As prioridades mudam. – falou sedutor ao retirar a roupa dela.
***
No dia seguinte Giovanna mostrava-se mais deprimida após a volta do escritório do advogado onde Emma havia assinado um documento e ido embora em seguida. Ninguém explicou-lhe sobre o que era ou o motivo de estar fazendo aquilo.
–Mamma, algo está acontecendo? – Emma perguntou com ingenuidade ao ver Giovanna sentar no sofá com o olhar perdido. Ela ainda não conseguia acreditar no que havia feito com a sua própria filha. Em um impulso, segurou Emma pelo braço e a puxou fazendo-a cair em seu colo.
–Me perdoe, minha filha – Giovanna rogou chorando – um dia... irá saber a verdade e talvez me odeie por isso, mas peço que tenha compaixão e me perdoe.
–Nunca ficarei brava com a senhora – Emma falou confortando-a. –mas saiba que estarei aqui se precisar falar sobre qualquer coisa.
–Obrigada... – murmurou sem graça. Soltou Emma e a olhou carinhosamente – é melhor ir estudar, não acha?
–Eu vou, mas... Caroline me pediu para sair com ela hoje a noite. Eu posso?
–Pode sim. Será bom uma distração. Apenas deixe o endereço e algum numero pra contato. E diga-me a hora que irei buscá-la.
–Obrigada mamma.
Giovanna viu a sua filha sorrir e ir para o quarto e sentiu naquele momento um leve alento em sua alma.
–Farei de tudo para que nada lhe aconteça, Emma.
***
Em uma das grandes sala da seguradora Felicità, dois homens brindavam entre si. Um deles era o atual presidente e o outro o seu primo. Enzo ficou surpreso diante do modo estratégico com que Raoul conseguiu resolver o seu problema.
–Eu realmente fiquei surpreso – Enzo disse sorrindo para Raoul, que mantinha-se sentado com um sorriso satisfeito no rosto segurando uma taça de champagne.
–Não deveria ficar assim e sim tomar-me como exemplo. Sou o atual presidente e dono da maioria das ações e ainda sou livre.
–Você não é exatamente livre, meu primo – gracejou – tens uma esposa muito jovem por sinal levando o seu nome por ai.
–Bobagem. Daqui há um ano iremos nos divorciar e tudo ficará perfeito para ambas as partes.
–Como consegue ser tão frio Raoul? – Enzo indagou curioso – desde que lhe conheço, pelo menos desde que eu me lembre és assim frio, responsável e impiedoso. Em contrapartida todos da família são alegres, espontâneos e amorosos. O que fizeram com você afinal?
Raoul fitou a janela com o semblante sério. Ele não soube o que responder ao seu primo e por isso manteve-se em silencio. Ele havia chegado ao lugar que tanto almejava, mas perguntava-se o que faria a seguir.
***
Alguns meses haviam se passado desde o casamento entre Emma e Raoul. Os pais de Emma estavam aliviados por não terem noticias da família Belinni e prosseguiam com as suas vidas de forma positiva. Em um feriado todos da família Sartorelli arrumavam as suas malas para viajar com exceção de Emma, que havia optado ficar para estudar com Caroline em sua casa.
–Lembre-se de se cuidar – Giovanna disse carinhosa ao deixar Emma na porta da casa de Caroline. Acariciou o rosto da filha e beijou-lhe a face – eu te amo. Estarei de volta em alguns dias, eu prometo.
–Tambem te amo, mamma – a abraçou demoradamente como se pressentisse algo.
Elas se afastaram e sorrindo, Emma acenou para o seu pai, o qual havia ficado no carro esperando a sua esposa. Emma sorriu ao ver o carro se afastar lentamente acenou entusiasmada e logo entrou na casa de sua amiga.
***
–Deveriamos ter a trazido – Giovanna reclamou ao marido a caminho da toscana. Lorenzzo apenas assentiu ao sorrir levemente. Ele conhecia a sua esposa e sabia que ela não iria parar de reclamar ate que ele concordasse. – Mas... Esse casamento dela está me preocupando.
Lorenzzo a fitou rapidamente e suspirou.
–A mim também. Não entendo o motivo de terem nos escolhido do nada, alem do mais... O que eles ganhariam casando um homem daquela idade com uma criança?
–Eu não sei – murmurou pensativa ao olhar para a frente. Estranhou um carro passar por eles em alta velocidade, mas deu de ombros. Ela sabia que havia muitos motoristas imprudentes naquela área. – Acho que devemos consultar um advogado assim que retornarmos. Não quero que Emma sofra mais a frente. Ela ainda é uma criança.
–Concordo, não será bom para ninguém ela estar envolvida com essas pessoas.
Lorenzzo dirigia calmamente, sua expressão de calma logo se transformou em terror ao ver um carro ir em sua direção em alta velocidade. O carro estava indo na contra mão em uma pista de mão única. Ele tentou virar o volante, mas os dois carros colidiram caindo pelo penhasco. Antes que caíssem, Lorenzzo segurou na mão de Giovanna e a apertou com força. Sussurrando um rápido Eu te amo, antes de caírem.
***
A campainha tocou de forma estridente na casa de Caroline. A mesma se levantou do sofá que estava com Emma vendo televisão e ao abrir a porta deparou-se com um policial.
–O que deseja? – Caroline indagou estranhando o semblante dele.
–A senhorita Emma Sartorelli está? – ao ver a jovem a sua frente assentir, ele suspirou antes de vê-la e sentir o coração pesado – Emma?
–Sim – respondeu tímida o encarando.
–Sinto muito – murmurou ao retirar o seu quepe – mas... Houve um acidente e.. A senhora Giovanna e o Senhor Lorenzzo faleceram.
Emma olhou séria para o homem a sua frente sem reação. Para ela nada daquilo fazia sentido. Tentou dizer algo, mas a sua voz não saia. Caroline que estava ao seu lado teve a mesma reação. Naquele momento, o destino de Emma havia mudado.