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07

VINCENZO ROMANO

Meu coração disparou de tal forma que, mesmo tentando controlar o ritmo da minha respiração, ainda conseguia ouvir as fortes batidas que vinham dele. No instante em que ela entrou no ambiente, algo dentro de mim estava descontrolado. Comecei a beber o meu uísque numa tentativa de controlar a agitação que estava sentindo. Quando o leilão começou, parecia algo normal como já havia presenciado antes. Porém, no instante em que ela finalmente levantou a cabeça e seu olhar foi na direção de Bernardo, ao girar novamente o pescoço, ela retirou sua máscara. O que vi diante de mim fez tremores percorrerem todo o meu corpo.

Não... Não... Embora tivesse certeza de que era ela, me negava a acreditar. Minha boca ficou seca no mesmo instante em que minha garganta se fechou. A bebida que havia ingerido só serviu para esquentar ainda mais o meu corpo. Uma vez que o incômodo que estava sentindo horas atrás tornou-se cada vez mais intenso. Meus pulmões continuavam funcionando em espasmos, enquanto a calmaria foi rompida e toda uma agitação se fez presente no instante em que o lance inicial foi substituído. Uma disputa começou em seguida, com predadores em busca de uma boa presa, assemelhando-se a uma guerra que havia sido iniciada. Meu corpo parecia um campo de batalha. Depois de longos minutos, quando o leiloeiro voltou a se manifestar, sabia que logo o leilão chegaria ao fim. Suas palavras fizeram meu coração disparar de tal forma, parecendo que sairia do meu peito. Já não podia mais lutar contra tudo o que estava sentindo, e a sensação era de que uma explosão havia acontecido dentro de mim. O nó que havia se formado em minha garganta enfim se desfez, e não hesitei um só instante em dar o último lance.

- 1 milhão de dólares.

Alguns zeros fizeram aquela disputa chegar ao fim, com toda a atenção de Bernardo Carter voltada exclusivamente para mim. Ele logo veio em minha direção, seus olhos brilhavam intensamente, pois sua conta bancária logo ganharia um alto valor, assim como a daquela que no passado era apenas uma adolescente lutando para sobreviver sob o sol escaldante, mas que havia encontrado meios mais fáceis de se manter. Pelo valor acertado, combinamos que ao amanhecer faria a transferência. Enquanto isso, vi no exato momento em que a senhora Fiona saiu com aquela que descobri chamar-se Ava Thompson.

Instantes depois, me afastei da multidão. Abigail me lançou um olhar de raiva, já que das últimas vezes que nos vimos neste lugar, acabei a escolhendo. As portas duplas foram abertas e fui guiado até o local onde ela se encontrava. Assim que parei em frente à porta, Fiona se pronunciou.

_ Por hoje, ela é toda sua. _ disse e seguiu adiante, se afastando de mim. Suas palavras fizeram aquela sensação ruim tomar conta do meu corpo e alguns pensamentos pipocaram em minha cabeça, aumentando ainda mais o desconforto ao lembrar dos olhares famintos que foram lançados na direção dela. Certamente, por ser nova na casa, todos eles não vão descansar até tê-la em seus braços.

Deixo os devaneios de lado e, ao abrir a porta, meu olhar fica cravado na mulher à minha frente.

AVA THOMPSON

Meus batimentos estavam acelerados. O pânico tomou conta de mim assim que deixamos o grande salão. A mulher que segurava meu braço aumentou o ritmo de seus movimentos, atravessando o corredor que dava acesso ao quarto número cinco, que representa a luxúria, o pecado associado aos desejos sexuais, destinado ao vencedor do leilão. Meus pensamentos foram interrompidos assim que paramos em frente à porta. Ela levou a mão em direção à maçaneta e, ao abrir, me puxou bruscamente para dentro do quarto.

_Depois de hoje, você será como todas as outras. Espero que sua primeira vez seja inesquecível.

Dito isso, ela saiu do ambiente. Eu estava tão atordoada, pois o inevitável estava prestes a acontecer. Por mais que algo dentro de mim gritasse para reagir, sabia que seria Clara quem sofreria as consequências. Meus pensamentos foram interrompidos quando a porta foi aberta, revelando uma figura alta. Assim que ele entrou no cômodo, senti uma forte agitação no meu interior.

O silêncio predominou por alguns instantes. Ele deu alguns passos para trás, enquanto eu tratava de recuar. O homem parou em frente ao móvel que tinha um balde com gelo, duas garrafas de champanhe e alguns copos. Ele logo se serviu, bebendo em seguida todo o líquido que havia em seu copo. Quando ele se desfez do copo, retirou o paletó e, em seguida, sua camisa. Engoli em seco e não conseguia desviar o olhar da imagem à minha frente, seu peitoral desnudo à mostra. Ele era lindo, tinha a pele mais clara no peito do que nos braços, o abdômen definido, um físico perfeito. O homem, que ainda mantinha boa parte do rosto encoberto, me analisou por alguns segundos, como se estivesse tentando decifrar algo no fundo da minha alma. Saí do transe em que estava e o choque da realidade pairou sobre mim quando ele caminhou em minha direção. Comecei a tremer como se tivesse levado um choque, recuando até que meu corpo se chocou contra a parede.

"Não! Por favor, pare!" digo, na esperança de algum milagre acontecer. Mas pelo valor que ele havia pago, não iria desistir de saciar seus desejos mais obscuros usando o meu corpo, até então intocável. Roubando a minha pureza, alcançando o prazer através da minha inocência. Volto à realidade assim que sua boca se abre e meu coração agitado começa a bater freneticamente, e minhas pernas ficam pesadas.

"Por que toda essa relutância? Você sabe muito bem o que acontece nesse lugar. Alguns anos atrás, quando passei pela praça e você estava com alguns potes de doce, seus olhos foram algo que ficaram cravados em minhas lembranças, e os reconheceria em qualquer lugar. No entanto, jamais pensei que voltaria a encontrá-la desta forma. Uma jovem tão bonita ter parado justamente aqui. Mas essa deve ter sido sua escolha, então faremos o que de fato vim fazer neste quarto."

Eu fiquei confusa. Ele já me conhecia? As dúvidas martelavam em minha cabeça, porém, assim que o homem levou suas mãos até o objeto que estava em seu rosto, ao retirá-lo, fez com que um arrepio desconhecido corresse pela minha espinha. Meus olhos se arregalaram, meu coração batia tão alto como se a qualquer momento fosse sair pela minha boca. Os pelos dos meus braços se arrepiaram e, num fio de voz, as palavras escaparam entre meus lábios.

"Vincenzo Romano!"

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