CAPÍTULO 3 O Leilão I
CAPÍTULO 3
O Leilão I
Narrado por Alyson
Se eu for, não volto
— O que ele vai fazer comigo? — pergunto desesperada, para aquelas três mulheres que ele deixou ali no meu quarto.
As duas mulheres que entraram com eles nada dizem, eu ia até jurar que elas são surdas e mudas, porque elas não mudaram de expressão nenhuma vez, parecendo que nem me ouviram.
Olho para a Elise, a governanta.
Ela é uma mulher na casa dos 30 anos, é bonita, mas nunca percebi o porquê, de ela se ter tornado logo governanta mal entrou aqui em casa, o que fez o meu pai despedir sem dó nem piedade, a governanta que sempre esteve connosco, desde que nos mudámos para aqui.
— Prometo que vais gostar do que ele tem reservado para ti, no início pode até ser difícil, mas vais acabar por gostar, apenas tens que aprender a relaxar e deixar o momento passar, apenas isso. Se fores uma boa menina, vai ser mais fácil para ti.— ela sorri maldosa. — Agora vamos, temos que nos despachar. — ela diz para as mulheres, ali na minha frente.
Percebo que estou depilada, devem o ter feito enquanto estava sedada.
A minha intimidade não tem nenhum pêlo. Não fosse as circunstâncias e, eu até admirava aquele trabalho, mas a única coisa que penso é que aquilo não pode ser um bom sinal, pelo menos para mim.
A lingerie sensual é vestida em mim e logo a seguir o vestido vermelho, curto e com um decote generoso.
Um exagero é o que eu penso.
Com um vestido destes, mais valia ir só de lingerie mesmo, seja lá para onde eu vou.
Elas me maquilham e me penteiam, deixando o meu cabelo pela a altura dos meus ombros, solto.
Elise me admira e fala.
— Olhem só, como estás tão linda! Vai ser um negócio bem rentável.
— Negócio? Mas que tipo de negócio? Do que está a falar?
Eu estou em pânico, não estou a gostar nada do rumo de tudo isto.
O que afinal me estão a aprontar?
— Já vais ver! — ela manda as duas mulheres saírem, que saem prontamente — Só tens que concordar com tudo, nem sempre vai ser bom, mas pelo menos eles serão ricos, possivelmente poderosos e se tiveres sorte, podem até estar pouco em casa, por causa dos negócios. Não será assim tão mau, prometo — ela pisca-me o olho.
E logo abre a porta, onde está o meu pai e mais dois homens enormes.
— Vamos logo, para quê tanta demora? — ele vem perto de mim — Não te armes em espertinha, senão vais te dar muito mal. — ele me ameaça.
Desço as escadas, com o meu pai na frente com a governanta, que mais parece a dona da casa do que outra coisa, nem farda ela trás, está vestida normal, com um vestido preto longo, como se fosse mesmo para uma festa, mas tenho a certeza que eu vou ser a única a não gostar da festa.
E por trás de mim, aqueles dois brutamontes.
Percebo que vamos na direção do grande salão de festas, que temos aqui em casa.
Mas nada me preparou para o que eu vi, quando entrei no enorme salão.
O salão parece uma sala de conferências.
Ali dentro, só se vê homens, homens de todas as religiões, me atrevo a dizer.
Mal eu entro e os seus olhos se viram para mim, logo a seguir vejo luxúria nos seus olhares depravados.
Ai que nojo.
Tento dar meia volta e fugir, mas tenho ali os enormes seguranças que me agarram de imediato e me voltam para a frente.
— Eu já te avisei Alyson… — ele sussurra no meu ouvido — para o teu bem, faz tudo certinho, faz o que eu mandar e tudo vai correr bem.
Continuamos o caminho.
Eu me sinto tão exposta, como se tivesse toda nua.
Sou levada para me sentar numa poltrona grande, de cor preta, que nunca aqui a vi sequer, deve ser nova.
Os dois seguranças enormes, se posicionam um de cada lado da poltrona.
O meu pai e a Elise, sentam-se por trás de uma mesa ao lado.
Passo discretamente os olhos pela platéia, que parecem hienas à espera.
Sinto um calafrio percorrer todo o meu corpo.
Tenho medo, estou apavorada.
O meu pai começa a falar.
— Meus queridos amigos, vamos começar então o que vocês tanto esperam, o leilão desta jovem, a minha filha, Alyson. — aponta para mim e eu abro muitos os olhos, espantada.
Leilão?
Ele vai-me vender?
Mas ele está louco?
Tento me levantar, mas os seguranças com as suas patolas enormes e, sem sequer mover um músculo dos seus rostos, me seguram nos ombros, um de cada lado, para eu me manter quieta.
Um deles olha para mim e faz sinal para eu me calar, para não dizer nada.
Eu fico quieta e calada, enquanto ouço, eu a ser solicitada por milhares de euros.
Estou horrorizada com isto.
O meu próprio pai, a fazer uma coisa dessas comigo?
Há ali homens bonitos, feios, horrorosos, asquerosos, novos, meia idade e velhos.
Ao fim de meia hora, acabo por estar a ser solicitada por um homem novo e bonito, e por um de meia idade e feio.
Oh que sorte a minha, que tenho tanta, que de certeza que vai ser o de meia idade e feio que vai ficar comigo.
O que eu gostaria de saber é, para que querem estes homens a minha pessoa?
Será para servir em casa deles como criada, escrava?
Não sei, mas acho tudo tão estranho.
No fim, quem me solicita por um valor que nem me recordo, porque por esta altura a minha mente já aqui nem está, estou dormente de estar sentada e, apavorada com o que ainda aí vem, é o homem novo e bonito.
Não sei se fico contente ou triste, porque ainda não sei o porquê de tudo isto.
O homem bonito se levanta e vai ter com o meu pai à mesa, onde ele está com um ar de triunfante, enquanto todos os outros se levantam e saem.
Mas ainda oiço dois deles a falarem antes de saírem.
— Pode ser que daqui a um ano um de nós tenha mais sorte. — diz um, que me parece ser árabe.
— Pois é, a ver vamos, já não pode ser tão cara, porque nessa altura já não é pura. — diz o outro que me parece italiano.
E riem a bom rir, enquanto saem do salão.