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CAPÍTULO 2 A Virgindade

CAPÍTULO 2

A Virgindade

Outubro de 2012

Narrado por Alyson

É impossível sorrir, quando tudo dentro de mim está desabando

— Amanhã não vais à escola. — ele entra na sala e vai logo gritando.

Eu já nem lhe ligo, estou mais que habituada aos chiliques dele, que já nem me abalo com isso.

E também não me apetece ouvir nem falar com ninguém, a minha mãe foi enterrada faz hoje uma semana.

A minha tristeza é enorme, nem sei como vou viver debaixo do mesmo teto com o tresloucado do meu pai.

Respiro fundo.

— E porquê? Posso saber? — pergunto, já sabendo bem qual vai ser a resposta dele.

— E desde quando eu tenho que me justificar? Desde quando eu tenho que te dar satisfações. Mais ainda a uma menina mimada, que tem a mania que é alguém! Tu não és ninguém, és uma merdas Alyson, igual à tua mãe — ele cospe as palavras com raiva.

— Não precisas de falar da minha mãe, ela já cá não está, pelo menos não machuques a alma dela.

Ele dá uma gargalhada grotesca, louco do caralho.

— Que alma aquela desgraçada tem? Aquela não tinha nada, tal como tu e eu estou farto de te bancar, eu não tenho nada que bancar as tuas merdas. Chega disso. — ele fala, enquanto sacode os braços.

Eu não estou a entender é nada.

— Amanhã vem aqui um médico meu amigo para ver se tu estás imaculada.

Ele fala esta merda assim, a seco e na lata.

— O QUÊ? MAS TU ESTÁS DOIDO? — grito, não acredito no que os meus ouvidos estão a ouvir.

Ele vem na minha direção e segura no meu pescoço com força.

— Se tu me voltares a gritar, eu vou cortar a tua língua, sua maldita. — ele me ameaça.

Solta o meu pescoço e continua a falar.

— Como eu estava a dizer, vem cá um médico meu amigo, para ele ver se tu ainda és virgem.

— Mas eu sou! — falo massageando o meu pescoço onde ele teve a sua pata — Para que é isso agora? Qual o interesse na minha virgindade pai! Eu não entendo.

Estou até envergonhada com esta conversa.

Ele olha para mim, com um olhar que me dá medo, um olhar maquiavélico, sem nenhum tipo de sentimento.

— A tua virgindade é o meu trunfo, para ganhar mais dinheiro. Vai ser um negócio melhor do que vender jóias.

Eu afino o meu olhar, desconfiada com essa conversa.

— Como assim? Pai, o que tu vais fazer comigo? — pergunto já assustada.

— É simples, a partir deste momento, tu és minha prisioneira, para não teres ideias de fugir. Daqui a quatro dias fazes 18 anos de idade e, nesse mesmo dia, tu vais sair daqui e eu ganhar muito dinheiro contigo. — ele sorri com maldade.

Eu ia falar, mas sinto uma picada no meu braço, olho para quem me acabou de enfiar uma agulha no braço e deitou um líquido para dentro de mim.

A governanta olha para mim com um sorriso no seu rosto, tão maquiavélico como o do meu pai.

Sinto-me a cair e depois disso, tudo escuro.

Outra Vez?

Narrado por Alyson

Tem dias que chorar é necessário

Acordo dentro do meu quarto, deitada na minha cama.

Será que tudo não passou de um pesadelo?

Será que aquela situação maluca, aconteceu mesmo?

Alguém abre a porta do meu quarto e vejo entrar o meu pai, a governanta Elise e um homem que eu nem sei quem é, mas pela maleta que ele traz na mão, desconfio que tudo aquilo não foi um pesadelo não.

Ele deve ser o tal médico que o meu pai me falou.

Começo de imediato a chorar.

— Por favor, pai, não faças isso. — digo, tentando me levantar, mas percebo que tenho os meus pés amarrados na cama.

— Pára de me dar trabalho e colabora, nem que seja uma vez na vida. — ele resmunga.

— Mas, pai, eu não quero fazer isso.

— E desde quando isso me interessa sua pirralha? O que tu queres ou deixas de querer! Tu fazes o que eu quero e ponto final. Vou deixar aqui o doutor fazer o seu trabalho e espero — ele afina o seu olhar para mim e me aponta o dedo — espero mesmo, Alyson, que tu te comportes como deve de ser com o doutor. Ele não vai mexer em nada, apenas vai visualizar.

E sai, deixando a Elise com cara de merda a olhar para mim.

— Vamos lá, Alyson, acabar logo com isto, tenho consultas daqui a pouco e tenho que me despachar. — o médico fala tão seco, como uma palha ao sol. — Levanta a saia e abre as pernas.

Eu faço exatamente o contrário, com as minhas mãos coloco a minha saia mais para baixo, como se o tecido fosse crescer e, fecho as pernas com força.

Ele revira os olhos aborrecido de morte.

— Vamos menina, deixa de ser teimosa. — ele fala sem nenhuma paciência.

Eu não me movo sequer um único milímetro.

Vejo ele fazer sinal à governanta do mal e ela volta a espetar a merda da seringa em mim.

Mas que merda! Outra vez?

Me sinto mole de imediato e o escuro se torna de novo a minha companhia.

Dia do Aniversário

Narrado por Alyson

A lágrima que não cai, é aquela que mais dói

Os dias seguintes foram um acordar e dormir.

Estive praticamente sempre sedada.

Mas, nesta manhã, acordo e não está ninguém no quarto.

Tento me levantar, mas para meu azar continuo amarrada à cama.

Meto as minhas mãos nas algemas tentando as abrir, claro que sem nenhum sucesso.

— Mas que merda. — barafusto irritada.

Que dia será hoje?

Porque o meu pai está a fazer isto comigo?

Aceito que ele tenha deixado de me amar, não entendo o porquê, mas aceito, mas agora aquela conversa sem sentido nenhum, um médico para provar a minha virgindade, ganhar mais dinheiro com isso e, que vou sair daqui no dia do meu aniversário?

Não percebo nada do que se está a passar.

A porta abre e entra o meu pai, juntamente com a governanta do mal e mais duas mulheres, que eu não sei quem são.

Oh merda, o que me vão fazer agora?

— Feliz aniversário. — ele fala todo feliz ao entrar abrindo os braços teatral.

Pronto, já percebi que hoje é o dia dos meus anos.

— Hoje é um grande dia. — ele levanta os braços, como se tivesse a agradecer aos céus — Finalmente vou me ver livre de ti e da tua presença irritante na minha casa.

Uma das mulheres sai do closet com uma lingerie vermelha toda sofisticada, que eu não sei de quem é, mas ela coloca em cima de uma poltrona, que já lá tem um belo vestido, também ele vermelho.

— Vamos, acabem lá de a preparar para começar a festa. — ele diz, já virando as costas e saindo do quarto.

Mas volta a entrar logo de seguida, apenas espreitando na porta.

— Se tiveres a puta da audácia, de fazeres merda e estragares os meus planos, eu te corto em filetes bem fininhos, contigo viva. — sorri maldosamente e sai, batendo com a porta.

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