Resumo
Elise nunca imaginou que a chegada do seu cunhado José Maria seria o estopim para o fim do seu casamento já em crise. Ele veio para desmascarar o irmão em um acerto de contas com o passado, e com isso, Elise se vê envolvida em um turbilhão de intrigas e surpresas que irão mudar sua vida para sempre. Entre o perdão e a possibilidade de uma nova vida, Elise enfrenta um dilema que pode mudar sua vida para sempre. E ainda há a questão da rivalidade sangrenta entre os irmãos Vasconcelos, que promete trazer ainda mais tensão e emoção para a trama. Com muitas reviravoltas e surpresas, "Lascívia" é uma história envolvente e emocionante sobre o poder do perdão e das escolhas que fazemos na vida. Acompanhe Elise nesta jornada cheia de drama e dúvidas e descubra como as relações familiares podem ser mais complicadas do que imaginamos.
Capítulo 01
Elise Vasconcelos
Outra vez me vi perdida em sonhos perdidos. O quarto de Anely continuava do mesmo jeito que havia sido projetado para sua chegada, no entanto, minha pequena veio antes da hora e infelizmente não resistiu por ser muito frágil e ter nascido com uma doença no coração. João, meu esposo há quase seis anos, não entendia o vazio que ficara após a perda da nossa filha. O que posso dizer? Ele era um homem muito dedicado ao trabalho de arquitetura, mas comigo mesmo não tinha mais dedicação. Onde foi que tudo começou a mudar? No momento que sua ambição falou mais alto que qualquer coisa!
Tudo que queria era manter o que restava de uma relação com meu marido. A intimidade também não era a mesma de antes, pois João pensava unicamente em seu prazer, esquecendo de mim e virando pro lado após terminar o que deveria ser uma noite de amor, entretanto, para ele estava claro que era sexo e apenas fazia para manter seu papel de homem. Segurei o ursinho de laço rosa em mãos e engoli o choro.
Eu queria ter uma família, isso incluía filhos, mas meu marido não queria tentar outra vez ter filhos comigo. Por quê? Porque ele costumava dizer que ser mãe não estava no meu destino porque se estivesse nossa filha não teria nascido antes do tempo. Às vezes ele era muito frio e cruel, entretanto, nunca me deixou faltar nada. Por que eu não trabalhava? Porque meu marido disse que a esposa dele tinha que ficar em casa e não precisava trabalhar que a casa ele bancava. Por amar muito ele, somente aceitei tudo, porém, isso vinha mudando, não sentia mais aquele amor que um dia nos uniu.
— Anely, como queria ter você em meus braços. Você sempre estará no meu coração, filha. — murmurei, cabisbaixa. Eu tinha perdido minha pequena há três anos, no entanto, a dor continuava forte da sua partida.
Logo as coisas mudariam ainda mais, pois o meu cunhado José Maria passaria um tempo conosco. Foi poucas às vezes em que estive com ele porque ele não parava nunca devido sua profissão na força aérea brasileira. Eu não tinha muito o que pensar sobre meu cunhado, devido nossa pouca convivência. Ele era o irmão mais novo do meu esposo e tínhamos quase a mesma idade, sendo eu um ano mais velha. Por que José estava vindo morar conosco? Porque seu apartamento estava em reforma e ele não queria voltar para a casa dos pais.
Meus sogros adoravam se intrometer na vida dos filhos, senti na pele o preconceito de início quando comecei a me relacionar com João. Eles não queriam que uma jovem atrapalhasse o futuro brilhante do filho deles, contudo, consegui romper essa barreira e casei com o filho de ouro deles. Raramente visitávamos os meus sogros, e sinceramente era melhor manter distância.
Saí do quarto da minha filha indo em direção a sala de estar. Marta pulou do sofá com o susto em me ver. Ela era a minha empregada meio preguiçosa e bem fofoqueira. João não queria demiti-la por consideração, pois ela trabalhara anos com seus pais também. Perguntava-me se ela era da mesma maneira na casa dos meus sogros, ou se era apenas na minha.
— A senhora me assustou chegando tão de repente... — resmungou, puxando a barra do seu uniforme.
Respirei fundo, não queria causar novamente um conflito entre meu marido e eu por causa dela. Como ele não enxergava a folga de Marta? Ela era uma mulher de meia-idade muito preguiçosa e era paga para os serviços domésticos e não para descansar. Eu não era uma patroa ruim por querer que ela trabalhasse e parasse de cochilar pelos cantos.
— Quero ficar sozinha, Marta. Você pode se retirar?
Pedi com educação, contudo, minha vontade era de pôr ela para fora da minha casa. Sabe o que ela fez? Empinou o nariz e torceu os lábios antes de sair da minha frente. Aproximei-me da vidraça que era de frente para o jardim e tentei me acalmar. Marta e eu tinha somente uma coisa em comum, ambas não gostávamos uma da outra.
Cruzei os braços enquanto observava um par de borboletas do lado de fora voando. Elas eram bem coloridas. Eu não era mais feliz como um dia havia sido. Não sentia que aquela casa era meu lar mais. Minha rotina de festas e discussões com meu marido eram exaustivas. João saia do sério toda vez que me embriagava propositalmente naquelas festas chatas. Ele me obrigava acompanha-lo em todas contra minha vontade. Me parecia justo me embriagar para suportar aquelas pessoas.
Meus pais não sabiam da ruína que meu casamento tinha se transformado. Não tive coragem de revelar detalhes para os dois, eles acreditavam que meu marido cuidava de mim e que era um bom esposo. Não queria preocupar meus pais com o que ocorria entre quatro paredes com João. Eu casara por amor e queria lutar pelo meu casamento.
Quando meu marido chegou em casa nem sequer olhou para minha cara, foi diretamente para o nosso quarto. Odiava quando ele passava por mim e fingia que não tinha me visto, portanto, fui atrás dele tirar satisfação.
— Caramba! João, de novo isso? Não sei porque ainda te espero chegar do trabalho. Você me ignorou outra vez! Nem adianta dar desculpinhas nada a ver!
Meu marido revirou os olhos e avançou na minha direção com fúria.
— Elise, não quero discutir, nesse momento. Entendeu? Pode parar de drama? Você não trabalha e não sabe o quão difícil é! Por que não fica quieta? Ultimamente tudo que você faz me irrita! Porque não me deixa em paz? Sempre a mesma conversinha besta!
Gargalhei com ironia, puxando-o pela gravata. Queria olhar em seus olhos e lhe dizer umas verdades.
— Cachorro cínico! É fácil jogar na minha cara que não trabalho quando a culpa é toda sua! Estou te irritando por querer atenção do meu marido? Pensa que é fácil ficar presa nessa casa todos os dias a toa? Vai se foder, João! Para um homem com barba no rosto, não sabe ser um de verdade!
— Não deixo te faltar nada, caralho! Solta-me, Elise! Você reclama de mim e não enxerga a mulher patética que se transformou! Por que não pega a droga do dinheiro que te dou e vai cuidar da sua aparência? Olho pra você e sinto pena! É isso que queria ouvir? Não sei como meu pau ainda sobe para te comer...
Era humilhante ouvir tudo aquilo e não fazer nada, eu não era tão submissa assim, muito menos tinha sangue de barata, portanto, estapeei meu marido e o empurrei contra a parede furiosa.
— Você não sabe como comer uma mulher, João! Cala essa tua boca que é melhor! — berrei, chutando suas bolas e continuei. — Espero que o seu saco fique roxo e caia, seu desgraçado! Não sabe usar o pau e muito menos teremos filhos, não é mesmo? Então, não serve de nada você ter isso daí entre as pernas se não sabe usar!
Deixei meu marido gemendo de dor no quarto e saí correndo para chorar. Doía muito passar por aquelas discussões e depois de tudo ainda me entregar para aquele homem, simplesmente por acreditar que o nosso casamento ainda poderia continuar. Ele não era um cretino quando nos casamos, não era...