Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

#####capitulo7

Alina Gusmane

Era sempre a mesma coisa todos os dias, A monotonia me envolvia como um manto pesado, sufocando qualquer faísca de entusiasmo, até mesmo não consigo mais me distrair com a leitura de romance, agora parecia vazia, incapaz de me distrair da rotina opressiva. Até um certo ponto eu amava porque me davam esperança, acreditava que tal como as protagonistas pudesse ter uma oportunidade de um final feliz.

As palavras de minha mãe ecoavam no ar:

"O jantar está pronto, por favor cuida dos teus irmão, evita por favor se meter em confusões ". Diz minha mãe, Ela repetia essas frases como um mantra , até as falas e os conteúdos são os mesmo. Todos os dias a essas horas ela tinha que ir ao hospital, é enfermeira dedicada e mal pagavam grande coisa pelo seu trabalho incansável.

Esperei ela sair, mandei uma mensagem para Nicole minha melhor amiga, ela ficou de vir me levar aqui em casa. Aproveito me vestir, escovo os meus cabelos louros cumpridos hetrança da minha mãe. A voz da Nicole ecoou pelo corredo, vou a sala é lá estava ela com os rapazes. O cenário era familiar: a sala, os móveis desgastados, e a sensação de que tudo permanecia inalterado.

Aquele momento, aparentemente comum, escondia a esperança de algo diferente, algo que pudesse quebrar a monotonia e me levar a um final feliz.

"Kaleb, por favor cuida do kleber, não demoro, a comida está na mesa". digo para ele que está concentrado em ver futebol, enquanto Kleber brincava no chão.

" Sim mana, não demora muito". ele diz, e eu aproveito e saio com Nicole. A rotina se repetia, como um disco arranhado, e eu ansiava por algo diferente.

Saimos juntas, A brisa fresca da noite acariciava nossos rostos enquanto caminhávamos pelas ruas movimentadas do meu bairro fica na periferia de Grandes Lagos. A lua cheia, majestosa no céu escuro, parecia amplificar a sensação de insegurança que pairava no ar.

Vulcano, é um bairro, bem perigoso a noite tanto de dia para quem vem pela primeira vez, nós já estamos habituados com as brigas, assaltos, assassinados, e até mesmo com a invasão da polícia a procura de drogas.– tudo fazia parte do cotidiano.

"Já estamos chegando". diz Nicole, antecipando minha reclamação sobre a longa caminhada.

Chegamos à entrada de um beco escuro e estreito, engolido pelas sombras da noite. A apreensão tomou conta de mim.

"Nicole, é seguro ?" pergunto hesitante a ela antes de prosseguirmos.

"Eu te garanto que é, olha para mim sou a única que alimenta de verdade a mimha família, e te garanto que muito em breve poderemos sair daqui". Diz Nicole, Suas palavras, cheias de esperança e determinação, acalmaram meu medo e me deram força para seguir em frente.

O ar frio da noite cortava nossos rostos enquanto cruzávamos a fronteira invisível do território dos Lacoste. Uma fogueira crepitava no centro, lançando sombras dançantes sobre os rostos de homens tatuados e musculosos que nos observavam com sorrisos maliciosos. Senti um calafrio percorrer minha espinha diante daquela cena intimidante.

Fomos conduzidas para o interior de um barracão mal iluminado, o cheiro de fumaça e álcool impregnado no ar. Um homem alto e musculoso, com o corpo coberto por tatuagens tribais, se aproximou, farejando o ar como um animal selvagem. Seus olhos escuros me examinaram de cima a baixo, me deixando desconfortável.

"Meninas se acomodem por favor, sua casa mi casa". ele diz com um sorriso arrogante. Suas tatuagens intrincadas cobriam seus braços e pescoço, me causando uma estranha mistura de fascínio e repulsa.

"Minha Nicole, qual é a novidade, e quem é esta belezura a minha frente ?". Pergunta ele dirigindo o o olhar para mim.

"Ela è a Alina minha amiga, està interessada em fazer parte". diz nicole, e ele levanta olha para mim. O homem se aproximou, me cheirando como se eu fosse um objeto, me fazendo sentir ainda mais vulnerável. Ele tocou meu cabelo e minhas mãos, seus dedos ásperos me arrepiando.

"Você é muito bonita, para roubo, existe uma outra tarefa que pode te render mais dinheiro". ele diz com um sorriso malicioso.

"Eu sou boa em tudo o que faço posso provar". digo porque eu não sou tão idiota para perceber que ele falava de prostituição.

" É mesmo? Se você diz vamos a prova dos 9". Ele diz e ri-se ,seus olhos brilhando com malícia.

"O que tenho que fazer para provar que sou capaz? " Pergunto me atravendo, e ele sorri.Meu coração batia descompassado no peito. O que ele queria dizer com testar minhas habilidades? Que tipo de desafio ele me imporia? A incerteza me deixava ainda mais assustada.

"Amanhã venha a mesma noite saberas". Disse ele.

Saímos do barracão, a noite escura e opressora me envolvendo como um manto. A mente girava em turbilhão de pensamentos, tentando decifrar o enigma que pairava sobre meu futuro. O que me aguardava na próxima noite? Que tipo de prova eu teria que superar para ganhar a aprovação dos Lacoste? O medo se misturava com a adrenalina, criando um coquetel de emoções que me deixavam sem fôlego.

Retornei a casa antes da minha mãe, encontrando meus irmãos já adormecidos em meio a um cenário de bagunça generalizada. Brinquedos de Kleber espalhados pelo chão, a televisão ligada e pratos sujos amontoados na pia compunham a cena caótica. Com um suspiro resignado, arregacei as mangas e organizei tudo com rapidez, tentando restaurar a ordem naquela casa tomada pela desordem infantil.

Deitei-me na cama, mas o sono tardava em vir. Minha mente era dominada por dúvidas e incertezas sobre o meu futuro. O que me aguardava? Que tipo de vida eu levaria? As perguntas se acumulavam em minha mente, me impedindo de encontrar paz.

Ao amanhecer, o sol radiante invadiu meu quarto, banhando-o em sua luz dourada. Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios ao contemplar a beleza do dia que se iniciava. Mas a alegria foi logo substituída por um aperto no peito quando percebi a presença de homens do fornecimento de água à porta de casa.

Meu coração disparou em meu peito, batendo com tanta força que parecia ecoar em meus ouvidos. A apreensão tomou conta de mim enquanto eu observava a cena que se desenrolava. Os homens, de semblantes impassíveis, informavam à minha mãe sobre o corte iminente do fornecimento de água. Novamente, minha mãe não havia conseguido pagar a conta, e agora a família enfrentaria a privação de um bem tão essencial.

A fúria se apoderou dela. Ela os xingou de corruptos e ladrões do povo, sua voz ecoando pela casa com a força da indignação. Mas suas palavras não surtiram efeito. Os homens, indiferentes aos seus gritos, apenas repetiram a ordem de corte e se retiraram.

Visto rapidamente e saio das portas do fundo vou até a casa da Nicole. Atravessei as portas dos fundos da casa da Nicole com pressa, meu coração batendo descompassado no peito. Ao entrar no quarto, deparei-me com uma cena que me deixou atordoada: Nicole, encurvada sobre a mesa, inalava cocaína com avidez. O cheiro forte e enjoativo da droga invadiu minhas narinas, e a visão da minha amiga nesse estado me deixou em choque.

Nicole se assustou com a minha presença, seus olhos arregalados e a expressão atordoada.

"Alina, você chegou de repente". ela gaguejou, tentando esconder os parafernálias da droga com movimentos apressados.

Um silêncio constrangedor se instalou entre nós. Eu me sentia sem palavras, dividida entre a preocupação com Nicole e a frustração por encontrá-la em tal situação. Vim em busca de ajuda, mas agora era ela quem precisava de socorro. E o pior: eu não podia dizer nada, pois me sentia em desvantagem, sem saber o que fazer ou como ajudá-la.

"Alina o que faz aqui? " Nicole perguntou, limpando o nariz com o dorso da mão. Sua voz soava fraca e hesitante.

"Cortaram água na minha casa. Sabes quando eles vão dizer alguma coisa sobre o teste?" pergunto somento me focando no que vim fazer, aquele assunto fica para outro dia, e nós vamos resolver isso.

"Acredito que hoje mesmo ele vão dizer alguma coisa, não fica ansiosa, isso não vai ajudar". ela responde com ternura. Mas sua voz não soava convincente. E vejo ela a tirar de baixo da cama uma mala cheia de dinheiro, é muito dinheiro meu Deus, em que ela está metida?Não era só roubos havia segredos obscuros que ela não me revelava.

"Muito obrigada, assim que as coisas melhorarem para o meu lado, eu te garanto que vou pagar tudo ". digo assim que recebo o dinheiro, pegando com relutância.

"Alina, outra coisa muito importante, não conta para ninguém o que você viu quando chegou". Ela fala como se estivesse implorando. Suas palavras me deixaram ainda mais apreensiva. Isso era grave demais, não sei quantas vezes já assistimos a polícia aqui no nosso bairro a invadir e arrastar pessoas por causa de droga, era tão horrível de ver aquela situação, só de pensar que podia acontecer o mesmo com ela, eu como amiga falhei ..

"Do que estas falando?" Indago como se não soubesse de nada.O rosto de Nicole se acalmou por alguns instantes.

"Perfeito". Ela responde." O dinheiro vai chegar?" me pergunta. E eu faço sim com a cabeça.

"Então eu lhe digo assim que eles me mandarem a mensagem, muito obrigada por tudo". Digo, e saio do quarto dela, no corredor cruzo com o pai que carregava umas ferramentas, e estava com as roupas sujas de graxa, ele é um excelente mecânico.Ele me lançou um sorriso gentil, sem saber das angústias que me atormentavam.

Minha consciência não está tranquila, estou ciente que tudo isso è errado, não que eu não tivesse tentando outras vias mais limpas de fazer dinheiro. Eu fui a escola, e os professores me achavam uma super dotada, mas quando eu chegasse em casa era um terror, as vezes, não tinhamos água ou luz, ou então a comida não era suficiente. Então ao invés de ir a escola eu tentava ganhar dinheiro, e comecei a perceber que a escola para a minha realidade não era uma solução.

Trabalhei honestamente, por dois meses, e o patrão me deve até hoje 2 salários, alega falência no negócio, enquanto esse dinheiro seria suficiente para desenvolver o meu negócio de flores, eu sei fazer arranjos bonitos, mas sem capital era bem difícil. Olha que escutei e levei ao peito sobre palestra motivacionais, e vi que também não se aplica a minha realidade.

Chego a casa com as notas de dinheiro bem pesadas, e minha mãe fica pasmada com tanto dinheiro a sua frente.

"Onde você arranjou Alina Priscila Gusmane?" ela me interroga, mencionando o meu nome completo para causar terror em mim.

"Fui exigir ao senhor Newman, implorei, falei da nossa situação e desta vez mãe ele decidiu me pagar o que deve". digo e vejo ela a ficar calma.

Eu não podia dizer que Nicole me deu, porque minha mãe conhece minha amiga, e nunca foi a favor da nossa amizade sempre achou que ela era uma má influência para mim, por isso fui expulsa da escola em que frequentava.

"Finalmente uma luz no fundo do poço, vou aproveitar pagar Luz também, e fazer umas compras para aqui em casa". Ela diz toda aliviada.

"Alina, pega uma parte, e começa aquela tua ideia das flores, tenho a certeza que será muito lucrativa ". ela acrescenta, mal sabia que eu tinha jogado os sonhos para o vento, e a esperança foi junta embora digam por ai no provérbio popular que é a última que morre.

"Não precisa mamã, eu separei uma parte do dinheiro, pega todo para nos abastecer ". digo e ela dá-me um abraço bem forte.

Ela sai com os rapazes para fazer compras, Kleber estava bem animado para finalmente sair de casa, ele ficava sempre em casa a implorar por uma oportunidade para poder passear. E as vezes gostava eu de voltar a puericia onde as preocupações resolviam com apenas choros, e agora que cresci entendi que as lágrimas não podiam fazer nada.

O resto do dia transcorreu em um turbilhão de atividades, como se os próprios deuses tivessem acelerado o tempo para chegar ao momento crucial. Com o coração inquieto, observei minha mãe se preparar para sair.Ela hesitava, dividida entre a preocupação com Kleber, que apresentava sintomas de gripe, e a necessidade de um breve refúgio. Decidiu ministrar antibióticos ao filho adormecido, observando com alívio a febre diminuir. Essa melhora a motivou a sair um pouco mais tarde do que o planejado.

"Fique de olho nele".ela pediu antes de partir, lançando-me um olhar carregado de apreensão. Assenti com a cabeça, mas a dúvida me consumia

não Seria este um sinal divino, um aviso sobre o perigo iminente que eu estava prestes a enfrentar? Tentei afastar esses pensamentos, lembrando-me da vida tranquila de Nicole, livre de problemas financeiros e sempre disposta a ajudar a família.

De repente, meu celular vibrou recebo uma mensagem que devo ir para uma loija de conveniência, deram-me a localização e instruções por meio de uma mensagem de texto longa, então decido ir ao local.

A curiosidade e a adrenalina me impulsionaram a seguir as instruções e me dirigir ao local indicado

lançando um manto de sombras sobre a cidade. O ar vibrava com uma tensão palpável enquanto eu, Alina, me esgueirava pelas ruas desertas em direção à pequena loja de conveniência.

Naquela noite, a lua estava escondida atrás de nuvens escuras, e o ar estava carregado de tensão. Eu, Alina, esgueirei-me pelas sombras até a pequena loja de conveniência. Era um rito de iniciação, um teste para provar minha lealdade à gangue.

As instruções eram claras: roubar o máximo possível sem ser pega. Vestindo roupas escuras e luvas, examinei as prateleiras, escolhendo cuidadosamente os itens mais valiosos. Peguei chocolates, cigarros e algumas garrafas de bebida alcoólica.

No dia seguinte, meu coração batia descompassado enquanto eu me dirigia ao local da reunião com os líderes da gangue. A ansiedade me consumia, misturada com uma estranha sensação de orgulho por ter superado o teste anterior. Sabia que o caminho que eu estava trilhando era perigoso e incerto, mas a adrenalina e a promessa de um futuro melhor me impulsionavam a seguir em frente.

Ao entrar no local, fui recebida com sorrisos e tapinhas nas costas. Os líderes me elogiavam pelo roubo bem-sucedido, enaltecendo minha capacidade de seguir ordens e executar tarefas com precisão. Suas palavras soavam como música para os meus ouvidos, alimentando a minha necessidade de reconhecimento e aceitação.

Mas logo a euforia deu lugar à apreensão quando me revelaram o próximo passo: um assalto grandioso, meticulosamente planejado e com a promessa de lucros exorbitantes. A grandiosidade da missão me aterrorizava, mas ao mesmo tempo me enchia de uma estranha empolgação. Era a oportunidade de provar meu valor, de me destacar e conquistar a admiração dos meus novos "colegas".

No entanto, antes de me integrar completamente à equipe, havia um último teste a ser superado. Um teste que me faria questionar meus próprios limites e me confrontar com os meus medos mais profundos.

Quando voltava a casa, Ao olhar para as crianças brincando despreocupadamente no parque, senti uma pontada de tristeza no coração. Sabia que jamais voltaria àquela fase da vida, onde a única preocupação era a próxima brincadeira. A puerícia, com seus dias ensolarados e noites estreladas, era agora apenas uma lembrança distante, um sonho que jamais se tornaria realidade. O peso da responsabilidade e a incerteza do futuro me oprimiam, enquanto eu me perguntava qual seria o meu destino."

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.