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Laços de Fuga e Amor

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vickyara
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Resumo

Cintia, uma mulher negra de beleza marcante, carrega consigo um passado enigmático e sombrio. vive fugindo de cidades, adotando novas identidades para escapar de algo que a assombra. Seu passado é um quebra-cabeça de segredos não revelados, traições e eventos que a forçaram a se esconder. As sombras que a perseguem são tão densas quanto a noite, e Cintia luta para manter sua verdadeira história oculta. Ela é astuta, resiliente e determinada a não ser vítima de seu passado. No entanto, quando Harris Davidson entra em sua vida, tudo muda, graças ao seu desejo obsessivo de tomar a presidência da Emperious. O contrato de casamento que ele propõe é mais do que uma aliança de conveniência; é uma oportunidade para desvendar os mistérios que a cercam. Os conflitos internos, as diferenças raciais e as armadilhas dos antagonistas tornam a jornada ainda mais desafiadora. Será que o amor verdadeiro pode florescer em meio a tantos segredos? Somente desvendando o mistério, eles encontrarão a resposta. Assim, a história de Harris e Cintia se desenrola, revelando não apenas o que está por trás das máscaras que usam, mas também a força que encontram um no outro.

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#####Prólogo

Cintia Sharapova

Chovia torrencialmente, as gotas grossas e implacáveis batiam no meu rosto, obscurecendo minha visão. O caminho à frente era um borrão de escuridão e lama. Minha perna latejava, o machucado inflamado dificultando cada passo. Não havia alternativa senão continuar correndo, a determinação me impulsionando adiante. As luzes distantes da taberna eram minha única esperança; precisava ser forte para alcançá-las.

Olhei para trás, mas não consegui mais avistar meus perseguidores. Segui as luzes que candeavam a estrada asfaltada, como faróis de salvação em meio à tempestade. A taberna se aproximava, um refúgio em meio ao caos.

Ao entrar, fui recebida por uma agitação abafada de pessoas. O som das vozes e risadas se misturava com o tamborilar da chuva no telhado de zinco. Luzes dançantes projetavam sombras nas paredes de madeira, fazendo-me estremecer. A atmosfera era densa, carregada de segredos e histórias não contadas.

Aproximei-me do balcão, minhas roupas encharcadas gotejando no chão de tábuas. O bartender, um homem robusto com olhos cansados, não demorou a atender meu pedido. "Uma garrafa de Tequila," murmurei, minha voz quase perdida na cacofonia do lugar. Ele serviu a bebida com eficiência, e eu a segurei com firmeza, como se fosse um amuleto de coragem.

Caminhei em direção ao balneário, seguindo as indicações que vi logo ao entrar. O corredor estava repleto de pessoas: marinheiros com olhos de ressaca, mulheres misteriosas envoltas em xales, e um grupo de bêbados ruidosos que quase me derrubou. O cheiro de tabaco e suor impregnava o ar, mas, surpreendentemente, o ambiente estava limpo, como se a própria taberna zelasse por sua reputação.

Despejei a tequila ardente no meu joelho ferido, sentindo o líquido queimar como brasas. Resmunguei de dor, mas não podia parar. Foi então que ouvi o barulho estranho: uma mistura de gritos abafados e objetos sendo arrastados. O que estaria acontecendo nos recônditos daquela taberna? Meu coração acelerou, e eu soube que, mesmo ali, sob a chuva e os olhares curiosos, estava prestes, Eram eles, meus perseguidores, tão próximos e ameaçadores quanto a tempestade lá fora. O que me aguardava nos recônditos daquela taberna?

A dor latejava em minha perna, mas não havia tempo para fraqueza. Tapei a ferida com um trapo sujo e decidi sair do balneário. O ambiente mudara drasticamente. A taberna, antes abafada e enevoada, agora fervilhava de confusão. Eram eles, os homens que me perseguiam. Precisava escapar dessa armadilha.

Um dos homens me notou. Seus olhos, frios como aço, miraram-me. Ele estava pronto para disparar. Subitamente, alguém me puxou, e caí no chão, protegida pelo balcão do bar. Olhei para meu benfeitor. Seus olhos azuis cintilavam, e sua expressão era uma mistura de determinação e surpresa.

"Precisamos sair daqui," disse ele, como se eu fosse uma criança em perigo. Ele não sabia nada sobre mim, presumindo que seu ato heroico resgatava uma princesa em apuros.

Sem esperar por sua atenção, atirei uma bola de fumo, obscurecendo nossa posição. Virei-me para ele, puxando seu braço. "Vamos," sussurrei. Saímos correndo, sem rumo, pelo corredor. O instinto me guiou até uma porta de emergência, e descemos as escadas, emergindo do outro lado da rua deserta.

Minha ferida latejava, e ele notou. "Você está machucada, precisa ir a um hospital," declarou, preocupação evidente em seus olhos azuis.

"Eu dou conta," respondi, firme. "É aqui que nos separamos, príncipe." Ele sorriu torto, um riso de escárnio.

"Príncipe eu?" indagou, rindo. Seus olhos ainda me intrigavam.

"Adeus," murmurei, dando-lhe as costas. Manquei com o objectivo de chegar a uma pensão qualquer. Mas algo estranho ecoava no ar. Meu instinto insistia para continuar, mas

O ruído que se desenvolvia lá atrás me fez recuar

Volto atrás, tudo graças a esse coração. Não foi por acaso que me meti nessa confusão toda. Lá está ele, ameaçado por dois homens. Eles devem ter visto que ele estava comigo.

Enquanto estou escondida, tiro uma faca do meu bolso, e atiro em direção à um deles, e ele fica distraido em querer ver o machucado, e querer ver de que direção veio o ataque.

O outro homem parece confuso, tentando entender o que está acontecendo. É aí que saio do esconderijo e ataco: dou-lhe um pontapé no estômago. O príncipe, por sua vez, enfrenta o outro homem que já estava aleijado. Juntos, imobilizamos os dois.

"Vamos antes que venham mais", digo, e ele me segue.

"É espantoso o que você fez. Estou em dívida com você", diz ele. Eu o ignoro completamente. "Onde vamos? Eu tenho um quarto de hotel", acrescenta.

"Vá para lá, então", respondo, mancando.

"Não posso te deixar sozinha nesse estado, depois de você ter salvo a minha vida", insiste ele, com sinceridade na voz.

"Então me siga sem comentar nada", ordeno, e ele obedece. Entramos em uma pensão. O bom das pensões é que ninguém se mete na sua vida. Pouco se importam se você está aleijado ou não, ou como obteve o machucado. No hotel, seria diferente; eles nos descobririam.

A pensão, com sua atmosfera desgastada e paredes finas como papel, parecia um refúgio improvável para o príncipe Charme e eu. A atendente, com um sorriso cansado, nos informou: "Só temos um quarto disponível."

Olhei para o príncipe e, com um tom de sinceridade, disse: "Esse lugar não tem nada a ver contigo." Queria que ele abandonasse sua fachada heroica e buscasse o conforto que merecia.

Mas ele não hesitou. Olhou diretamente para a atendente e declarou: "Então queremos esse quarto."

Subimos as escadas íngremes, que pareciam se estender até o infinito, e entramos no quarto. Era típico de uma pensão: móveis desgastados, cortinas desbotadas e um cheiro de história impregnado nas paredes. Vi a expressão de desconforto no rosto do príncipe charme.

Enquanto ele se acomodava, eu fui direto ao banheiro para cuidar da minha ferida. Liguei meu celular e me deparei com a última mensagem de

Kovalenco:

"Não sairás viva dessa cidade. Entrega-te, Cintia. Colocamos a tua cabeça a prêmio."

Terminei de ler e joguei o cartão na pia. Fechei a ferida e, ao sair, encontrei o príncipe sentado em uma das camas, como se me esperasse.

"Ainda acordado?" perguntei.

Ele sorriu. "Queria ter certeza de que está tudo bem. Afinal, você é minha salvadora, e lhe devo por isso."

Brinquei: "Até mesmo me arranjar uma maneira de sair desta cidade?"

Seus olhos não desviaram dos meus. "Tenho um jato. Posso te levar para onde quiser."

"É mesmo? Então preciso sair amanhã cedo." Minha mente estava alerta, e a dor na perna me deixava trêmula.

Ele concordou: "Perfeito. Farei algumas chamadas pela manhã e encontrarei um celular."

"Fechado", respondi, deitando-me na cama ao lado. Tentei fechar os olhos, mas a ideia de homens me procurando me mantinha acordada. Olhei para o príncipe, que também estava desperto, e decidi tentar dormir novamente, ignorando a tensão no ar.

[...]

O sol incide diretamente na minha fronte, e ao abrir os olhos com cautela, percebo com maior nitidez que este quarto não é tão asqueroso como parecia ontem. Talvez eu já esteja acostumada. O ambiente está envolto em silêncio, e a pergunta surge: onde estará o príncipe charme? No criado-mudo, encontro um bilhete com uma caligrafia elegante, prometendo que ele voltaria e sairia em busca de um celular.

Decido lavar-me e cuidar da minha ferida enquanto espero por ele. Para minha surpresa, ele retorna mais rápido do que imaginei. A porta se abre, e, inicialmente, penso que poderiam ser meus perseguidores, mas logo lembro dele.

Ele está bem vestido, carregando sacolas. É um homem alto, com cabelos morenos lisos e olhos da cor dos céus. Sua presença é cativante, e me pergunto se será o efeito da ferida.

"Eu trouxe café, medicamentos para aliviar a dor e roupas. Temos pouco tempo; meu carro e o jato estão à espera", diz ele, olhando para o relógio.

"Muito obrigada", sussurro sem jeito. Ele é, de fato, meu príncipe charme, mesmo que não tenha chegado montado em um cavalo branco.

Visto as roupas que ele trouxe: uma camisa de linho e uma calça jeans da marca Mamacita. Surpreendentemente, o tamanho é perfeito, algo raro para minhas curvas. Olho-me no espelho, meu rosto negro oval sem maquiagem. Sinto-me horrível, mas tento arrumar meus cabelos cacheados e volumosos.

Saí do banheiro e encontrei-o dando voltas pelo quarto, falando ao celular. Ele fez um gesto com a mão, indicando a saída.

O céu estava nublado, e o vento soprava forte. À nossa frente, um Mercedes preto estava estacionado, e dele saiu um homem de terno para abrir a porta. Ainda no celular, ele parecia entediado e preocupado com algo.

Finalmente, chegamos ao heliporto, e ele desligou o celular. Entramos no jato, e percebi que ele estava desconfortável. Tentei quebrar o gelo:

"Aliás, qual é o seu nome?", perguntei, buscando mudar o clima.

"Eu confesso que gostei do apelido 'príncipe'", disse ele, finalmente sorrindo. Seus dentes eram perfeitos, como se tivessem sido esculpidos pelos deuses.

"Príncipe, o meu é Cintia", respondi, estendendo minha mão.

"Harris. Foi um prazer", disse ele, apertando minha mão com firmeza.

"Para onde você quer ir?", perguntou.

"Bongavielle", afirmei. Escolhi essa cidade calma, onde muitos emigrantes conseguem se destacar. Assim que estiver estável, pretendo ir para um lugar bem distante.

"Certo, estamos próximos", disse ele. Novamente, voltou ao seu laptop. Esse homem parecia triste. Acabei adormecendo, exausta pela noite difícil que havia mudado minha vida para sempre.

Acordei com alguém me agitando. Abri os olhos e deparei-me com o rosto angelical do príncipe Charme.

"Chegamos a Bongavielle", anunciou. Meu coração apertou, como se eu não quisesse ir embora, mas sim ficar com ele.

"Certo", respondi, levantando-me. Ele fez o mesmo. Fui surpreendida com um abraço.

"Até a próxima, minha salvadora", sussurrou.

"Até um dia, príncipe Charme", disse, enquanto ele sorria e me observava partir...