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Luiza narrando:
Eu me visto rapidamente assim que ele sai de dentro de mim e o mesmo me encara tomando um copo de whisky.
- Já estou liberada?
- Você tem muito que aprender ainda - ele fala se aproximando de mim e me pegando pelos cabelos -, da próxima vez não me faça relatar a sua malcriação - ele me solta - pode voltar para lá.
Assim que eu volto encontro Marta no bar, ela me olha e me chama em sua direção.
- Quem foi seu primeiro cliente?
- Marcos.
- Ele nunca vai para cama com nenhuma de nós - eu olho para ela - deve ser ele que a Carla falou lá no quarto.
- Ele é louco, um homem nojento, me dar vontade de vomitar.
- Tenho vontade de vomitar quando tenho que atender esses velhos, isso sim me dar vontade de vomitar.
Eu olho ao redor percebendo que tinha muitas meninas ali e saber que todas elas foram enganadas por eles chega a me arrepiar. Mais triste ainda, é saber que terão muitas que irão cair nesse papo deles. E pelo jeito isto estava longe de acabar, muito longe mesmo!
- Quarto 07 Luiza - Carla fala para mim.
Marta tinha me avisado que aqui chegamos a fazer 4 programas por noite, Carla não estava nem aí, ela queria ganhar dinheiro e muito dinheiro. Segundo Marta o chefe de todo o tráfico era muito rico e liderava muitas coisas, tinha até leilões de mulheres, aonde vendiam elas para um final de semana, uma semana, havia possibilidade ainda, de eles comprarem para escravizar as garotas.
Esse mundo era sombrio, agonizante, horrível, triste, dava medo, era um jogo a onde erámos as perdedoras e eles os ganhadores.
- Senta com vontade sua vagabunda - o cara fala me dando uma tapa no rosto e puxando o meu cabelo para trás, eu rebolava no seu pau, enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto. Era um homem nojento, deveria ter uns 40 anos, ele me dava nojo.
Assim que acabamos ele me joga algum dinheiro sobre mim.
- Gorjeta pela sentada que você deu - ele fala saindo do quarto, eu me deito na cama e me encaro no espelho do teto.
Eu sentia vergonha de mim mesmo, eu me sentia imunda.
- Ganhou gorjeta - Carla fala entrando no quarto enquanto eu me vestia - passa para cá - ela fala estendendo a mão.
- As gorjetas ficam com vocês também?
- É adicionado no valor final do programa – ela fala me olhando.
- Recebi elogios de você no seu primeiro dia, talvez você tenha vocação para isso - eu sorrio debochada para ela.
- Claro - eu falo penteando o meu cabelo.
- Controla o deboche Luiza - ela fala encostando-se ao meu ombro - você é muito bonita para morrer assim tão cedo, não me desafie - ela fala se virando e saindo do quarto.
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Luiza narrando:
Eu estava fazendo programa com um velho do pau mole e das bolas caídas, estava quase vomitando tendo que bater punheta para ele.
- Você é muito gostosa - ele fala agarrando a minha bunda -, coloca a sua boquinha gostosa aqui - ele fala puxando minha cabeça para o seu pau.
Assim que termina o tempo, eu corro para o banheiro e começo a escovar os meus dentes, escovo três vezes para tirar o gosto do pau fedido daquele velho patético.
- Estou exausta - eu falo para Marta -, foram três velhos nojentos.
- Eu também peguei dois horríveis.
- Tudo que eu queria era encher a cara, para ver se eu saio desse pesadelo - ela começa a rir.
Olho para o canto mais afastado vendo Marcos com um cara e os dois se pareciam bastante.
- Aquele lá é o irmão dele?
- O dono de tudo isso.
- Ninguém sabe o nome dele?
- Não, raras as vezes que ele aparece por aqui é um homem misterioso.
- O que leva esses homens a fazer isso com nós mulheres?
- Doença, Luiza, se eu pudesse matava cada um deles.
- Somos duas e eu ainda vou fugir desse lugar.
- Esqueça isso, pensa na sua família no Brasil.
Na mesma hora meus pais vêm na minha cabeça e se tudo isso que eles falaram seja apenas blefe, e se eles não forem fazer nada com eles? Eu poderia fugir e ir para bem longe aonde eles jamais iriam me encontrar.
Vou até o banheiro e abro a pequena janela que tinha ali, espio para o lado de fora vendo que tinha pouco movimento, eram mais de mulheres que faziam programas do que de seguranças. Eles deveriam está apenas aqui dentro e nos prédios.
- Demorou.
- Não tem uma janela que a gente possa sair deste lugar.
- Eu falei é difícil, quase impossível.
- Eu vou acabar me matando aqui dentro.
- Não faça isso, vamos ser o alicerce uma da outra - eu sorrio para ela.
A noite já estava acabando e eu estava organizando algumas coisas no bar junto com a Marta e a Patrícia, as outras meninas arrumaram outros cantos e outras ainda estão nos programas.
Fazia apenas alguns dias que eu estava aqui dentro e tudo isso já estava me deixando louca, eu precisava me manter firme, pois havia meus pais no Brasil que dependiam de mim e minha vida, eu precisava seguir firme. Isso era pior do que qualquer outra coisa, esse lugar era capaz de te matar aos poucos.