LAÇADA PELO BRUTO FAZENDEIRO

O sol já havia se despedido do horizonte, tingindo o céu com tons alaranjados e violetas, quando Júlio, exausto após um dia árduo na fazenda, decidiu que merecia um momento de descontração. A labuta diária tinha sido intensa, mas o rodeio na cidade era o lugar perfeito para relaxar um pouco. Mesmo sabendo que estava atrasado, ele não hesitou em se preparar rapidamente.

Antes de sair, Júlio fez questão de passar no quarto de suas irmãs gêmeas, Emma e Bella. Com passos leves, ele entrou no quarto, onde as duas meninas estavam deitadas, quase adormecendo.

— Boa noite, meninas — disse Júlio, com uma voz suave.

Emma, ainda meio sonolenta, abriu os olhos e sorriu para o irmão.

— Vai para o rodeio, Júlio? — perguntou ela.

— Vou sim, Emma. Vou trazer histórias emocionantes para vocês — prometeu ele, inclinando-se para beijar a testa de cada uma.

Bella, sem abrir os olhos, murmurou:

— Cuidado, Júlio. E não volte muito tarde.

— Pode deixar, Bella. Durmam bem.

Com um último olhar carinhoso para as irmãs, Júlio saiu do quarto. Ele colocou seu chapéu típico de vaqueiro na cabeça e calçou as botas de couro já gastas pelo uso diário. Enquanto caminhava em direção à porta, sentiu uma mistura de excitação e alívio. Precisava daquele tempo para si.

Ao chegar ao local do rodeio, notou que o estacionamento estava lotado. Carros e caminhonetes ocupavam quase todos os espaços disponíveis. Júlio suspirou, percebendo que a tarefa de encontrar um lugar para estacionar não seria fácil.

— Parece que todo mundo teve a mesma ideia — murmurou para si mesmo.

Depois de rodar um pouco, ele finalmente encontrou um espaço apertado entre dois carros. Com habilidade, conseguiu estacionar sua caminhonete. Desceu, ajeitou o chapéu e olhou ao redor. O som animado da música e o murmúrio das conversas enchiam o ar.

A cidade estava agitada com o fervor do rodeio, e todos queriam participar da emocionante competição. Joaquim Morate, um amigo de longa data, se juntou a ele na corrida contra o tempo.

— Vamos, Júlio! Não podemos perder a nossa vez! — disse Joaquim, apressando os passos.

— Estou indo, Joaquim! Só espero que a gente chegue a tempo — respondeu Júlio, com a respiração ofegante.

Os dois corriam, tentando chegar antes de suas respectivas apresentações. Contudo, o destino reservava uma reviravolta inesperada. Em sua pressa desenfreada, Júlio acabou trombando em uma jovem mulher, bela e surpreendentemente elegante. O impacto fez com que sua bolsa caísse no chão, espalhando seus pertences.

A mulher, visivelmente assustada, dirigiu um olhar furioso a Júlio e exclamou:

— Você está cego? Por que não olha para onde anda?

Júlio, surpreendido pela reação, imediatamente se desculpou:

— Desculpe, realmente não vi você. Estou atrasado para o rodeio, e...

Antes que pudesse terminar a frase, a mulher o interrompeu com um olhar penetrante e frio:

— Isso não é desculpa para sair atropelando as pessoas por aí.

Júlio abaixou-se rapidamente para recolher os itens espalhados. Ele pegou uma carteira, um espelho e alguns papéis, entregando-os de volta à mulher.

— Sinto muito mesmo — repetiu ele, olhando diretamente em seus olhos, tentando mostrar sua sinceridade.

A mulher suspirou, ainda claramente irritada, mas aceitou os pertences de volta.

— Está bem. Só tome mais cuidado da próxima vez — disse ela, sua voz ainda carregando uma ponta de irritação, mas também de resignação.

Joaquim, observando a cena, não pôde deixar de comentar:

— Júlio, vamos logo, ou vamos perder tudo!

Júlio assentiu, ainda um pouco abalado pelo encontro inesperado.

— Certo, vamos. Mais uma vez, desculpe — disse ele, dirigindo-se à mulher antes de se virar e seguir Joaquim.

O clima tenso pairava no ar, mas Júlio, sem paciência para prolongar a discussão, decidiu seguir seu caminho. No entanto, algo inusitado aconteceu: antes de se afastar completamente, ele tomou a decisão impulsiva de trombar propositalmente na mulher novamente. Dessa vez, a colisão foi diferente. Houve um instante de silêncio, onde seus olhares se encontraram.

O rosto de Júlio, inicialmente marcado pela irritação, transformou-se em uma expressão surpreendida. Naquele instante, algo mágico aconteceu: o coração de Júlio foi tomado por um sentimento que ele não compreendia completamente. Não sabia explicar, mas algo naquela mulher desconhecida havia despertado um amor sutil e intrigante.

Enquanto corriam em direção ao rodeio, Júlio não pôde deixar de pensar na mulher que acabara de encontrar. Algo naquele breve encontro o deixou intrigado, mas ele sabia que tinha que se concentrar na competição que o aguardava. Ele seguiu seu caminho com um sorriso no rosto, uma expressão que chamou a atenção de seu amigo Joaquim.

Assim que pararam diante da multidão, Joaquim comentou:

— É impressão minha ou você está sorrindo por causa daquela mulher?

Júlio mudou a expressão do rosto imediatamente e respondeu de forma grosseira:

— Tu ficaste doido? Nunca que uma mulher vai arrancar um sorriso meu.

Joaquim, com seu ar de brincalhão, retrucou:

— Sei, somente a Emma e a Bella que arrancam um sorriso teu.

Júlio não disse nada, apenas pulou a cerca e seguiu para o banco de competidores. Ele estava determinado a participar daquele rodeio e levar o prêmio de 100 mil. Enquanto se preparava, suas mãos ajustando as luvas e seu olhar focado no touro à frente, não pôde deixar de pensar na mulher. Havia algo nela que permanecia em sua mente, mas ele sacudiu a cabeça, tentando afastar o pensamento.

— Concentre-se, Júlio — murmurou para si. — Este é o seu momento.

Joaquim observava de longe, percebendo a mudança de atitude do amigo, mas sem dizer nada. Ele sabia que, quando se tratava de competir, Júlio não permitia distrações. No entanto, uma pequena chama de curiosidade e algo mais haviam sido acesas no coração de Júlio, e ele sabia que, de alguma forma, sua vida estava prestes a mudar.