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ESTOU GRÁVIDA!

Karen

CORRO desesperadamente em direção a entrada da casa, jogo tudo o que encontro no meu caminho no chão na tentativa de me livrar daquele louco e impedir que ele toque em mim.

Com muito sacrifício consigo abrir a porta que sempre vivia aberta, porém justamente hoje decidem trancar a chave ainda por cima.

Entro e sinto um vento atrás de mim causado por um chute do Cauê tentando se desvencilhar dos obstáculos que tinham no caminho. Corro em direção a escada tentando ir até meu quarto, mas sou impedida pela desgraçada da Rayssa que surge do nada com àquela cara de puta.

- Socorro! Socorro! Alguém me ajuda! Para Cauê! Me deixa em paz. Já disse que não quero mais nada contigo e outra, não somos mais nada um do outro. Portanto eu converso e fico com quem eu quiser seu imbecil. - dizia aos gritos enquanto entrava esbaforida indo em direção a cozinha

- Volta aqui Karen! Tu é minha mulher e sempre será nessa merda. Tá se sentindo a fodona e no direito de andar por toda comunidade com o filho da puta do navalha a tira colo? Tá achando que sou otário porra?

- Cauê... Não acredito que você tá assim por conta desse estrupicio da Karen? É isso mesmo?

- Fica na tua Rayssa que o papo ainda não chegou no galinheiro... E outra vaza logo daqui porra que o assunto não é contigo. É com essa vagabunda disfarçada de santa da tua irmã. Mete o pé garota... Bora vaza logo porra! - Cauê gritava com a Rayssa e ela subiu as escadas aos prantos enquanto eu tentava a todo custo me proteger e principalmente a minha filha daquele louco e de repente ouço a voz da minha mãe bem atrás de nós

- O que tá acontecendo aqui Karen? - Preta gritou vindo da cozinha com uma faca na mão

- Te mete nisso não Preta! Isso é assunto nosso, meu e dessa safada da tua filha. - Cauê esbravejava furioso como se fosse um animal prestes a pegar sua presa

- Dona Lucinda pra você seu moleque sem vergonha. Se tem algum safado aqui pode ter certeza que não é a minha filha, mas você seu cretino.

- Perdão a noção do perigo mulher? — Cauê dizia com a arma em punhos

- Quem perdão a noção não só do perigo, mas do senso do ridículo é você moleque. Pensa que é o dono de tudo por aqui e pode sair invadindo e ainda por cima ofendendo os moradores? — minha mãe dizia com a faca apontada em direção do Cauê

- Dá um tempo Preta... Meu assunto é com essa puta da tua filha. — Cauê retrucou me encarando parada atrás do sofá da sala

- Já disse pra respeitar a minha filha seu desgraçado. Como você ousa invadir a minha casa desse jeito seu bostinha? Tá pensando que por ter um futuro título, se é que algum dia você será chefe de alguma coisa nessa vida né?! Porquê um bicho feito você nunca poderá comandar nada, nem mesmo um canil.

- Pode dizer o que tu quiser preta. Mas, só saio daqui depois de acertar meus ponteiros com tua filha.

- Quem tu pensa que é para exigir alguma coisa? Tá achando que por ser sobrinho do Jeremias pode sair invadindo e fazendo o que você quer na casa de morador? Baixa essa tua crista de galo rei seu merdinha, porquê esqueço minhas promessas e vou até aquela boca de fumo e entrego tua cabeça pro verdadeiro chefe dessa comunidade, o teu tio Jeremias. Ele vai adorar saber das merdas que o futuro sucessor dele anda fazendo por aqui.

- Coé coroa! Vai fazer isso comigo pô? Sempre te fortaleci lá no teu bar, gastava os tubos lá contigo e ainda te levava mais freguês. Tem certeza que vai querer briga justamente comigo Preta?

- Coroa e preta é o caralho seu merda. De hoje em diante DONA LUCINDA PRA VOCÊ! E fica ciente de que tua conta no meu estabelecimento acaba de ser cortada e igualmente a tua entrada por lá. Tenta aparecer pra ver se não te capo. - minha mãe mostrava a faca enquanto falava e eu toda trêmula atrás do sofá sem sequer conseguir dizer uma única palavra

— Dessa vez eu vou sair fora, mas ainda te pego na próxima curva Karen. Tu vai se ver comigo, logo vai ter notícias minhas sua vadia. — Cauê saiu empurrando a porta quase colocando a baixo

— Já te avisei Karen, larga esse louco do Cauê. Esse moleque ainda vai causar uma desgraça na nossa família. Segue o espelho da tua mãe e não comete o mesmo erro que eu cometi minha filha. Faz igual tua irmã Rayssa, que só estuda e pensa em ter um futuro melhor longe desse lugar.

— A Rayssa estuda e pensa ter um futuro melhor do que o meu? Tem certeza disso mãe? — perguntava irônica

— Você sempre com suas indiretas a respeito da tua irmã, se sabe ou desconfia de alguma coisa porque você não diz de uma vez por todas Karen?

— Tem nada pra dizer não mãe, o pior cego é aquele que não quer enxergar. Mas, algum dia você descobrirá toda a verdade sobre a sua filha perfeita. Só espero que a decepção não seja tão grande a ponto de não conseguir se levantar.

— Não tenho nada a dizer da tia irmã, ao contrário de você que desde os quinze anos de idade está amarrada nesse peso morto do Cauê. Ao invés de se livrar de uma vez por todas desse lixo você cria mais problemas se envolvendo justamente com o navalha.

— Mãe, eu não tenho nada haver com o navalha. Foi só um beijo até inocente por sinal. Não passou disso. O Cauê que não passa de um louco isso sim.

— Desde quando traficante pode ser tachado de inocente? Acorda Karen! Todos esses moleques da Kelson's não valem o chão que pisam e você trate de esquecer esses merdas, ou caso contrário teria que tomar atitudes que não gostaria.

— Eu não posso esquecer mãe, será que não entende?

— Porquê não pode esquecer? O que te impede? Por acaso ainda ama esse merda do Cauê? Se for isso Karen você é uma imbecil por amar um cara que só te faz sofrer, te humilha e até levantar a mão pra você foi capaz de fazer.

— Eu não o amo mãe. Pra dizer a verdade acredito que nunca amei ninguém em toda minha vida. Só me iludi e nada além disso.

— Só tenho uma coisa pra te dizer filha, quem ama não faz o outro sofrer ou chorar, há não ser por alegria. Tanto Cauê, quanto navalha ou qualquer outro moleque que ande metido com o tráfico não tem nada de bom para lhe oferecer, só podem arruinar sua vida. Você precisa se afastar de todos eles, principalmente do Cauê antes que seja tarde demais.

— Agora já é tarde demais para isso mãe! — disse cabisbaixa com a mão sobre minha barriga

— O que você está querendo dizer com tudo isso? — ela me olhava com os olhos marejados na certeza da minha resposta

— Agora já é tarde demais para voltar atrás. É tarde porque estou grávida de três meses do Cauê e vou ter esse bebê. — antes que pudesse dizer sequer uma única palavra sinto somente meu rosto arder com o tapa que recebo da minha mãe. Ela me olha com um olhar triste e decepcionado se retirando para a cozinha e lá permanece pensativa por um bom tempo. Não sabia qual atitude tomar e simplesmente permaneci sentada no sofá aos prantos, até sentir uma forte dor na barriga e ali desfalecer.

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