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Kaila Evans

__ Vamos começar de novo, pode ser?- pergunto e ele não me responde__ Me chamo Kaila Evans e serei sua nova especialista. Não quero que tenhamos uma relação hostil, quero uma relação bem leve e sincera para que eu possa te ajuda da melhor forma que eu conseguir e assim poderes sair daqui.

__ Quantos pacientes já ajudaste?- pergunta se mostrando interessado e sorrio para ele gostando do pequeno avanço.

__ Todos os pacientes que tive, eu consegui ajudar todos eles- digo ele me encara mais concentrado.

__ Como?, eram humanos como tu?.

__ Não, a maioria dos meus pacientes eram seres sobrenaturais como tu e eu consegui ajudar eles porque eles queriam ser ajudados, porque eles permitiram que eu os ajudasse- digo e ele me encara fixamente até que pergunta algo que não esperava.

__ Me confiarias sua vida?- pergunta bem calmo e minha mente começa a emitir sinais de alerta__ Sabes porque estou aqui?, o que fiz que deixou minha família tão chocada ao ponto criar esse lugar e contratar todos vocês para me concertar.

O que?

Do que ele está falando?, a família criou esse lugar?

__ Kane acho que ...- sou cortada por ele que me encara bastante sério.

__ Vai ler a porra dessa pasta em suas mãos e depois volta para dizeres se consegues concertar algo como eu, mas não sente de frente para mim como se não tivesses medo que eu quebre seu pescoço com um único movimento, como se me conhecesses, como se soubesses o que fiz e quem sou. VOCÊ NÃO SABE PORRA NENHUMA.

__ Kane eu..- tento falar completamente assustada mas ele me corta novamente.

__ Sai daqui e só volta quando tiveres a certeza que podes me ajudar e se não é melhor nem voltar- diz e se levanta indo para o seu quarto me deixando sozinha.

....

__ Quem é ele?, já leste a pasta?- pergunta e nego__ Porquê não?, sabes que ele teve razão em te mandar embora, a minha vontade é de correr até aí e bater essa cabeça até ver se acordas. Ele podia ser tão perturbado ao ponto de te matar, ainda bem que ele é sensato.

__ Não sei porquê te contei- digo já achando que foi uma má ideia falar com minha irmã sobre isso.

__ Porque eu também sou uma especialista e sou sua irmã. Vamos, leia o ficheiro agora estou curiosa- diz e reviro os olhos__ Kaila Evans, levanta desse sofá agora.

__ Sim senhora- digo sem nenhuma animação.

Ainda me sinto mal pela forma que Kane me mandou embora, apesar dele estar certo. Não podia sentar e falar com ele como se soubesse o que ele fez para estar ali.

Mais o que eu podia fazer se não senti medo e principalmente não senti que ele fosse me atacar.

Vou para o meu quarto e levo a pasta dele ainda fechada, estou curiosa demais e tenho muitas perguntas.

Volto para a sala e me sento de frente ao computador vendo minha irmã já aos beijos com Dorin.

__ Voltei então podem se separar- digo e eles riem se separando__ Onde estão meus anjinhos?

__ Dormindo como os anjos que são- responde Dorin se sentando ao lado de Sara.

Nós somos uma equipe, todos os casos trabalhos juntos, mas cada um observa uma área específica, eu quero saber mais sobre a mente, Sara é mais sobre a socialização e Dorin o comportamento, apesar de que eu sou especializadas e posso analisar tudo isso. Mas gosto de pedir a opinião deles nos meus casos e eles me ajudam muito.

Também há entre nós o sigilo profissional, não comentamos sobre os casos com ninguém.

__ Abre logo sua louca, quero saber quem é esse Kane- diz completamente agitada e abro a pasta vendo sua foto e seus olhos cinzas completamente frios me encaram como se soubesse o que estou fazendo.

__ Kane Vodmont, filho de Kayvrel Vodmont e...- sou cortada por Dorin que me interrompe.

__ Vodmont?- pergunta e concordo__ Caralho Kaila, você está ferrada.

__ Como assim?- pergunta Sara curiosa assim como eu.

__ Porquê?, conheces?- pergunto e ele concorda.

__ Ele faz parte da família mais poderosa do universo, seu pai é o ser mais poderoso do universo e ele era o rei de Vod. Tem histórias de Kane Vodmont pelas alcateias, depois de ele ter matado suas companheiras a sangue frio e ter desaparecido com seus corações, há quem diz que ele os comeu.

__ Isso não pode ser verdade- digo passando as páginas que falam sobre sua genética, histórico familiar até chegar na página que fala de seus crimes que não são considerados crimes nesse mundo.

__ Não acredito- diz Sara e me encara preocupada__ O que vem escrito aí?

Vejo as fotos dos corpos de suas companheiras, completamente machucados, com sinais de luta, de tortura e com o peito vazio.

__ Kaila- ouço Dorin me chamar e olho para eles ainda em choque.

__ Falo com vocês depois- digo e desligo a chamada fechando o laptop.

Me sento bem e volto a primeira página começando a ler tudo desde o início, como era seu comportamento antes de tudo acontecer e como tudo mudou, vejo tudo que ele fez e matar suas companheiras não foi o mais grave, ele agiu contra sua família e essa foi a gota de água e o mandaram para lá.

Leio tudo detalhado, seus traumas, suas conversas com outros especialistas e é horrorizante saber que em cinquenta anos nenhum deles fez um avanço, ninguém conseguiu o compreender e dar o tratamento adequando.

Eles só o mantinham dopado para não causar problemas e isso tem começado a dar efeito, por isso seu comportamento agressivo a não querer ser medicado, ninguém aceitaria ficar todo esse tempo dopado sem retralhar.

Dormi tarde, fiz diversos apontamentos de aspectos importantes e minha mente não parava de analisar tudo.

Acordei disposta a começar o meu trabalho e não ser como nenhum dos outros especialistas. Pacientes assim precisam de paciência e muita atenção, qualquer pequeno passo é uma vitória e ele está ali para superar seus traumas e eu irei o ajudar a conseguir.

Mesmo achando que ele não merece.

Chego no trabalho coloco meu jaleco, levo meu caderno de notas e caminho até o elevador, cruzo com outro médico que me encara surpreso, um bem lindo por sinal.

__ Nova?- pergunta e concordo e ele caminha ao meu lado__ Me chamo Giani Verbi.

__ Kaila Evans- digo e estendo minha mão e ele a segura levando até seus lábios.

Giani é loiro de olhos castanhos forte e alto, bem lindo e eu não sou cega de o deixar passar.

__ Prazer Kaila, espero que tenham te recebido bem- diz e concordo.

__ Muito bem, apesar de ninguém ter me convidado para um café de boas vindas- digo e ele sorri entrando comigo no elevador.

__ Hoje no final da tarde- Diz e concordo com ele__ Venho a buscar em seu consultório.

__ Tudo bem- digo e pressiono o último andar e ele percebe.

__ O Vodmont- pergunta e concordo__ Boa sorte.

__ Obrigada- agradeço e ele sai de seguida e sigo sozinha no elevador até o último andar.

Chego lá e dessa vez na recepção está a secretaria em prontidão, agora entendo porque esse andar é somente dele. A família é dona de tudo isso, claro que iam querer o deixar mas melhores condições possíveis.

__ Doutora ainda bem que a senhora chegou- diz a mulher sabendo exatamente quem sou__ Ligaram para saber quando é possível vir visitar o seu paciente.

__ Quem ligou?- pergunto surpresa e ela olha em seu bloco.

__ Fanel, a irmã mais velha- responde e penso por um tempo.

__ Assim que eu sair da minha consulta com ele, eu respondo- digo e ela concorda.

Passo por ela e caminho até a porta quase no fim do corredor os vidros transparentes me mostram um Kane na cozinha completamente focado, levo o cartão de acesso que me foi dado e passo pela porta a abrindo.

Entro em sua casa e ele não me dirige o olhar, continua fazendo sua comida como se eu não tivesse entrado.

__ Bom dia Kane- o saúdo me aproximando__ O cheiro está muito bom.

__ É o meu prato favorito- responde e vejo ele mexendo algo bem estranho que não consigo identificar o que é__ Minha avó fazia sempre no meu aniversário.

__ E hoje é o seu aniversário- completo e ele concorda__ Quantos anos?

__ Hoje faço setenta- responde e nego me aproximando da sua cozinha.

__ Quantos anos que sua avó não cozinha esse prato para você?- pergunto e ele me encara pela primeira vez desde que entrei.

__ Cinquenta e dois anos- responde desligando o fogo__ Nunca consigo atingir o ponto perfeito, mas tem quase o mesmo sabor.

O observo servir seu prato e senta na bancada da cozinha, me sento de frente para ele que não se importa com a minha presença.

__ Podemos conversar?- pergunto e ele concorda__ Vou esperar terminares de comer.

__ Eu posso comer e conversar ao mesmo tempo- responde e concordo__ Vais me aceitar como um de seus pacientes?

__ Queres que eu aceite?- pergunto e espero ele me responder.

__ Não- responde completamente sincero.

__ Que bom que gosto de fazer completamente o contrário do que os outros querem- digo e ele sorri de leve__ O que foi?

__ Teimosa- diz e o encaro ofendida__ Mesmo lendo toda aquela pasta sobre mim, com o fracasso dos outros especialistas ainda queres tentar.

__ Eu não sou como eles e eu sei que posso ter sucesso- digo e ele afasta seu prato colocando as mãos em cima do balcão e me encara. Seus olhos cinza me analisam por completo.

__ O que no meio de toda aquela pasta te fez tomar essa decisão?- pergunta sem desviar o olhar__ Eu saberei se estiveres mentindo e eu tenho repúdio por mentiras.

__ O facto de não ter a sua versão dos factos, em nenhuma das tragédias tem a sua versão. Ninguém sabe o que aconteceu lá, o que sentiste?, o que realmente fizestes. Eles te acusaram e você aceitou cada acusação sem negar e nem nada.

__ Pode ser que tudo estava certo e não tive porquê negar ou acrescentar algo- diz e encaro seus olhos cinzas que me olham espectantes.

__ Só os tolos acreditariam nisso- digo e ele não reage a minha afirmação__ Vamos começar isso ou não?

__ Sim, podemos começar.

__ Então vamos as regras- digo e levanta a sombracelha surpreso__ para termos uma boa convivência precisamos de regras, eu dito as minhas e tu ditas as duas e os dois vamos respeitar os limites um do outro.

__ Eu realmente gostei disso, podes começar.

__ Nunca grite novamente comigo, eu fico em choque. Quando não estiveres a gostar de um

Determinado procedimento que formos a fazer tens todo o direito de o dizer, Em momento algum seja agressivo, eu sou uma simples humana e preciso que me respeites nesse sentido, terás de controlar sua força comigo e por último, todas as sextas iremos jantar juntos, aqui ou em qualquer outro lugar para te ajudar a socializar novamente e romper alguns dos traumas. Sua vez.

__ Nunca me toque sem minha autorização, não importa o que aconteça. Não minta pra mim e por último quero que me digas antes de qualquer outro ser quando decidires desistir de mim, quero ser o primeiro a saber.

__ Estamos de acordo então?- pergunto e ele concorda__ Termina de comer e assim começamos a nossa secção.