Capítulo 5
Dante Pussent...
Suando feito um porco. Desperto após mais um pesadelo de merda com lembranças reais que insistem em me assombrar. Ainda posso sentir a dor da borracha chicotear o meu corpo. Ainda sinto o cheiro fétido de esgoto do porão que Sandra, a
vadia de merda da minha madrasta, me deixava por dias.
O prazo da minha agonia era o tempo que meu pai passa-se fora. Quando Nero chegava, estava limpo e jogando videogame no meu quarto como um garoto normal.
Quantas vezes tive vontade de contar ao meu pai. Entretanto, as palavras de Sandra dizendo que ele não acreditaria, e que quando Nero saísse iria ser pior, me faziam frear. Tinha as marcas da violência no corpo como prova. Eu era um menino, meu medo era maior que qualquer prova cabal.
Quando meu pai descobriu, vi um lado do Nero que não conhecia. Ele a surrou e me prometeu que nunca mais eu veria aquela vagabunda, e assim foi. Porém, nada era capaz de sanar minha consternação, mesmo sem ver a cara de bosta da Sandra. Os ressentimentos dentro de mim só aumentavam.
Psiquiatra, psicólogo, analista... Toda esta merda não servia para porra nenhuma. Pois acima de Sandra tinha a maior culpada.
A puta que me pariu. Me cuspiu e jogou fora.
Tenho que me focar em descobrir quem é a vaca que abriu as pernas para o meu pai. Cheguei aqui já saindo da minha trilha indo atrás de mulher. Isso não pode acontecer de novo.
Preciso de um banho.
Debaixo da ducha forte e super quente, deixo a água com pressão bater nas minhas costas como uma massagem, a fim de repor as energias.
Saio do banho me enxugo e sacudo meu cabelo, visto algo casual e me dirijo até o quarto de Lorenzo, mas o cretino já está na rua, espero que ao menos tenha ido ver a casa que pedi e não ter ido atrás de mais um "rabo de saia".
Filho da mãe, só quer saber de trepar.
Eu dormi a parte da manhã inteira, agora em pleno sábado, tenho que encontrar um estabelecimento aberto que tenha um repórter popular. Investigar a família Taranto. Minha tese é que existe uma tia ou quem sabe uma prima das irmãs Taranto com o nome de Antonella.
Pensei em ir até a praça, tem um comércio bem considerável por lá. No caminho uma barbearia me chamou atenção. Talvez fosse melhor lugar para parar.
O barbeiro era um libanês falante, um tipo rechonchudo com sotaque engraçado de nome Atalaia. Mal me sentei a cadeira, e o senhor Atalaia começou a me falar de toda sua vida. Cinco minutos após ele estava me interrogando. Foi aí que percebi que estava no lugar certo.
— Você estava me falando que veio a Província acompanhando sua primo. O que ele faz aqui?
—Negócios senhor Atalaia — aquele era o meu momento de atacar - por falar em negócios. O que o senhor sabe sobre a vinícola Taranto?
Eu fiquei até com medo de ganhar um corte na face. O barbeiro passava a navalha retirando os pêlos junto ao creme de barbear, se empolgou ao extremo quando balbuciei sobre a vinícola Taranto.
— Ah! Sua primo quer a prosecco? — o senhor bigodudo a minha frente, fuxica sem reservas.
— Não só ele, a vinícola inteira.
— Fala pra ele dessistir - proferiu balançando a navalha de forma negativa - perda tempo. Pela Bártolo venderia. Mas quem manda ali é Antonella.
— Bártolo é o dono?
—Já foi um dia. Gosta muito de uma bebidinha, de uma carteado e acabou perdendo a vinícola. A sorte é que Antonella recuperou.
— De qual das Antonellas o senhor fala?
— Como assim de quais?— enrola o extenso bigode — da Taranto não é dela que estamos falando!
— Mas tem outra? Na cidade, na família?
— Antonella tem de monte na Província, mas Taranto só uma.
"Há algo de errado nisso! Lorenzo pode estar certo, Gioconda deve ser minha mãe. Não mais Giuseppe, disse que era jovem. Não é possível! Meu pai saiu com uma fedelha!"
— E o marido de Antonella? Talvez ele venda. — sua empolgação aumentou mais o fazendo gargalhar.
— Marida! Antonella? Nenhum homem é o suficiente para essa mulher. Tudo nela foi precoce, dona Gioconda é primor de pessoa, mas não serve para os negócios. Bártolo é um inconseqüente. Sobrou para a menina cuidar do negócio da família desde muito jovem. Ela ia bem até dar um mau passo.
"Outra história que bate com a do Giuseppe."
— Prossiga — a conversa estava ficando bem interessante.
— Antonella se envolveu com um homem da cidade.
— Com um homem da cidade?! Quantos anos ela tinha quando isso aconteceu?
— Uns quinsse anos no máximo.— melhor eu começar a aceitar que Antonella é a irmã mais velha da Luna.
— Quinze! E o tal homem já era um adulto?
—Sim quinsse! Mas como disse Antonella já tocava o negócio da família e era um mulherão, nenhum ser poderia disser que tinha pouca idade.
—Ela se casou com o tal homem?
— No por mais que o ricaço Nero Pussent — quando ele citou o nome do meu pai, senti meu estômago ferver no mesmo momento —insistiu, Antonella não quis. Talvez se o bebê que esperava tivesse sobrevivido.
Levantei com estômago embrulhado. Puxei uma nota de dez euros e pus em cima do Balcão. Sai sem dizer nada em disparada. Senhor Atalaia ficou gritando sobre o troco, porém queria chegar na pousada, algo não estava bem dentro de mim.
Mal adentro na recepção da pousada e o atendente diz que tem visita para mim na sala de espera. Parece que quando a pessoa não está bem, a porra da vida faz de tudo para piorar. Mas, ela estava ali, com seu ar de supremacia. Sua pose de grande dama, então adentrei a sala de cenho franzido.
— Deve ter havido algum engano. Disseram que a senhora veio falar comigo.- despejo seco, demonstrando meu desprezo pela pessoa a minha frente.
— Não foi engano. Na verdade vim perguntar ao outro, porque foi interrogar sobre mim para minha irmã. Mas aí chego aqui e descubro que os dois homens de fora que estão rondando minha família, são parentes. Creio que não seja uma coincidência.
Meus punhos estavam cerrados de tanto ódio por essa mulher. Não interessa a idade que tinha, ela sabia muito bem o que fazia. E sim, a mulher que me pariu é uma vagabunda de merda. Mas tinha que fazer um esforço e me controlar
— Não rondei a sua família. - afirmo tentando controlar minha raiva.
O deboche em forma de sorriso, foi para tirar qualquer dúvida que a que estava em minha frente era a Antonella Taranto que eu buscava. Ela sorriu seu sarcasmo, e conforme havia falado Giuseppe, abriram-se duas covas em seu rosto. Aquela era a mulher que dizem ser minha mãe.
—Não vou discutir isso com você. Se mantenha longe da Luna, senão você pode sofrer as consequências... — ao ver seu rosto, ouvir a voz de Antonella, a queimação no estômago ficou aguda e curvei meu corpo sobre as mãos no abdômen. Senti minha pele queimar quando Antonella pôs sua mão direita em meu braço —tudo bem rapaz? Está pálido quer que chame alguém?
— Tira a mão de mim— vociferei — nunca mais ponha suas mãos em mim — seu olhar é confuso, ela tira a mão do meu braço completamente assustada— não creio que tenha consultado sua irmã antes de vir aqui se meter na vida dela. Pega sua falsidade de merda, junto ao seu egoísmo e vai para o inferno.
Saí da sala deixando aquela vaca plantada. Precisava tomar um antiácido e respirar. Desde pequeno sou assim, quando fico nervoso me ataca a gastrite.
Estava irado. Tenho que me controlar, senão irei jogar meus planos por água a abaixo - tem de se acalmar Dante, esta mulher não significa nada para ti. Seja frio. - após tomar um antiácido e a dor em meu estômago começar amenizar, batem a porta do quarto.
Abro a porta com total desânimo, sou informado de outra visita. "puta que pariu quando se está mal e não quer ver ninguém, a vida trata de te foder" Contra vontade e me rastejando ando até a sala de espera. Logo vi aquele par de pernas torneadas cruzadas na poltrona da salinha. Ao me ver, Luna dar um salto do pequeno sofá abrindo seu lindo sorriso.
— Oi! Desculpa vir sem avisar— expressa sua leve timidez.
—Oi! Tudo bem. O que quer? — pergunto com total frieza. Realmente ela não pareceu em um bom momento.
— É... pensei que talvez você gostaria de...
— Olha! Não tenho muito tempo para perder. Estou cansado, poderia ser rápida? — o azul vibrante de seus olhos se tornam acinzentados. O brilho do seu sorriso de apaga.
—Não é nada. Na verdade estava passando e vim lhe dar um oi. Desculpa por incomodar, garanto que jamais irá se repetir.
Virou as costas e foi saindo. Dar para saber o quão se irritou uma mulher, pelo balanço de seu cabelo enquanto anda.
Luna ficou decepcionada comigo.
Mas foda-se! Não quero nada com mulher alguma, ainda mais ela que é dessa família podre. Veio aqui para quê? - Ter um romance com um cara da capital? - Estou fazendo um favor a mandando pastar, acredite.
Luna Taranto...
Ao chegar na porta da pousada, me batia uma extensa dúvida se deveria ou não entrar.
Não queria parecer oferecida.
Porém, em nenhum momento me passou a cabeça que ele pudesse ter essa reação, fria, seca, com total languidez. O pior é ter de reconhecer que talvez Antonella estivesse certa. Agiu assim porque não quis transar com ele.
Não sou careta e nem faço o tipo puritana. E se quiser ter uma relação casual eu tenho. Mas naquele dia não estava afim. Ainda bem. Pois me sentiria mais usada do que agora.
Dante é um tremendo babaca.
Vim andando tão rápido pela rua que já estou na porta de casa sem perceber. Entro em me dirigindo a cozinha, necessitava de uma água. Me aproximo e vejo Antonella abraçada a nossa mãe.
"Chorando?! Antonella está chorando!"
Fico a entrada as observando. Na verdade escutando a conversa.
— Filha, não é a primeira vez que alguém fala ríspido contigo. Afinal sua personalidade forte contribui.
— É mãe. Mas esse rapaz tinha ódio no olhar. Ódio e desprezo por mim. Não entendo porque, mas me atingiu. Doeu.
— Está exagerando filha - insiste minha mãe enquanto põe uma chá para minha irmã - esse rapaz não lhe conhece para lhe odiar.
— Você precisava ver da maneira que ele falou. Eu só pedi que se afastasse da Luna. Foi só isso.
Nesse momento interferi na conversa.
— Não deveria Antonella. Falei para não se meter.
—Luna foi para... - a interrompi.
— Tudo bem Antonella, sei que fez pensando no meu bem. Não fica triste por causa de um babaca. E fica fria porque não o verei mais.
Quando iria para o meu quarto, minha mãe me entrega uma caixa de chocolate belga, já imaginava de quem era, Philipe o riquinho fazendeiro da província, cisma que irá me impressionar com esse tipo de coisa.
Junto a caixa de chocolate um convite para um luau, e a exigência que levasse meia dúzia de prosecco Gemelli. Até que não era má ideia, Phillipe era um riquinho presunçoso, entretanto é lindo e beija muito bem. Nada como uma boca para esquecer a outra. Então eu irei.