Capítulo 05
Robert
Depois do Baile Beneficente da Família Servantes, eu saí com a cabeça tumultuada e senti que meu corpo estava todo carente. Se era por causa dos drinks que tomei ou se pela torrente de sensualidade que a misteriosa Theodora descarregou em mim, eu não sabia dizer, contudo eu precisava urgentemente me desaguar em um corpo de mulher.
Infelizmente a linda companheira de Kaique não se mostrou à disposição. Eu nunca fui o tipo de homem que olha para mulheres comprometidas, porém aquela era uma situação particularmente diferente. Parece que eu havia encontrado minha "kriptonita". Bastou vê-la para entender que eu a queria e quando pude me aproximar do corpo dela, naquela pista de dança, me senti bêbado...
A bela Betina não me era uma opção imediata, eu a respeitava muito e esperava que as coisas entre nós acontecessem de maneira planejada e com tranquilidade, no entanto, naquela hora o que eu tinha era urgência.
Para minha sorte, Betina se ofereceu para levar uma amiga embriagada para casa e eu me vi livre para corresponder aos anseios de certa recepcionista da Festa que me mandou olhares libidinosos a noite toda.
E então ali estava eu, sentado no sofá da sala dessa tal Valquíria que, com desenvoltura, havia me arrancado as calças e se ajoelhava diante de mim como se eu fosse um rei a quem tinha o dever de servir.
Enquanto ela abocanhava com os lábios carnudos meu membro já rígido, eu pensava como podem existir mulheres tão imprudentes. Eu era um estranho e ela me levou sem pensar duas vezes para o apartamento dela. Mas talvez a moça morena apenas estivesse como eu: com uma bomba de tesão dentro de si pronta para detonar. Seja lá qual fosse o motivo dela, fechei os olhos e me deliciei com a boca experiente que arrancou de mim um jato denso e quente.
— Delicioso! — ela disse engolindo tudo, então partiu para cima de mim e eu a penetrei em retribuição.
Quando terminamos, a mulher correu para o banho. Eu suspirei por um instante percebendo com alívio que toda aquela onda de tensão sexual havia se esvaziado.
Qual a última vez que eu me senti assim? Aliás, já tinha ficado assim? Não tinha. Como eu possuía certa facilidade em encontrar moças bem dispostas comigo, nunca fiquei naquele nível de urgência de um homem que há tempos fica sem ninguém.
E aquela sensação de culpa me invadiu novamente. Nos últimos tempos estava sendo assim: eu dormia com uma mulher e depois um sentimento estranho de culpa me consumia, como se eu estivesse fazendo algo de muito errado comigo mesmo.
Foi aí que comecei a realmente pensar em Betina como alguém para a vida toda.
Eu sabia bem que a jovem cresceu ouvindo que seria a nora da família Servantes, já que uma união entre nós era considerada perfeita para os negócios, uma vez que o pai dela era o acionista majoritário do Banco Rupert. Se antes eu achava tudo aquilo de um nível muito medieval, agora, diante de um vazio cada vez maior dentro de mim, estava cedendo a todas as coisas que antes considerei tolice.
Já era hora de assentar a cabeça, formar uma família, ter uma vida sexual menos perversa. Minha amiga loira era meiga, bonita e de excelente índole.
Depois daquilo tudo fui embora sem dar adeus para Valquíria e quando cheguei ao meu próprio apartamento tomei um banho longo e adormeci por horas.
Acordei às onze horas com o som do alarme me lembrando do almoço com Betina. Me vesti de forma elegante e comprei flores no caminho até o restaurante italiano favorito dela.
Eu já estava na mesa do restaurante com uma taça de vinho na mão quando vi Betina entrando pela larga porta de vidro. Em seu vestido perolado na altura do joelho, ela era uma verdadeira princesa de contos de fada. A jovem mantinha as mesmas feições meigas de quando era criança, porém as curvas generosas denunciavam que ela havia crescido.
— Rob! — Ela abriu um largo sorriso ao me ver — Você está tão elegante, na verdade, você é elegante.
— E você uma princesa, como sempre. — Eu a cumprimentei com um beijo no rosto e na sequência entreguei as rosas vermelhas.
— Pra mim? — Ela abraçou o arranjo de flores — Minhas favoritas.
— Meu irmão soltou que você adora rosas vermelhas. Venha, sente-se.
— Faz tempo que não saímos sozinhos e estou surpresa pelo convite.
— Para ser sincero, tenho segundas intenções — eu disse, misterioso. — Mas vamos jantar primeiro. Ah, me conte também como está sendo o trabalho com seu pai.
— Rob, estou sofrendo para acompanhar o ritmo dele, mas não estou deixando nada a desejar.
Continuamos a falar de nossas rotinas e pouco tempo depois fomos servidos.
Betina era uma companhia agradável e muito neutra, como a de uma irmã...
Não!
Tinha que me esforçar para enxergá-la como mulher e assim seguir com meus objetivos. Iria lhe propor um noivado, sem sentimentos avassaladores para atrapalhar o raciocínio, sem aquela urgência sexual que me levava a agir como um urso devorador na maioria das vezes. Com ela eu teria que ser gentil. Eu sabia que ela nunca fora de ninguém e agora, perante um passo tão importante, eu queria ser fiel, pois era o que ela merecia.
— Estou feliz que tenha vindo — eu disse à ela. — Sua presença sempre me transmite muita ternura.
— Sim, eu sinto o mesmo. — Ela corou — Nos conhecemos desde crianças e sempre admirei como você era forte e capaz de resolver todas as coisas.
— É que sou mais velho que você, crianças tendem a admirar as maiores.
— Talvez...mas não lembro de admirar assim os outros meninos.
— Você cresceu, está com vinte anos?
— Tenho vinte e dois, Rob.
— É a mesma idade do meu irmão?
— Não, o Cristian tem vinte e sete! — ela riu. — É sério que você não sabe a idade do seu irmão?
— Vocês não estudaram juntos?
— Em séries diferentes! E ele estava atrasado na escola, lembra?
— Tanto faz, estou me desviando do assunto.
— Certo, você falava do quanto eu cresci. Então você notou que agora já não sou uma menininha.
— Não tem como não notar — eu disse, encarando as curvas generosas dos seios. Ela corou novamente e eu sorri — Você, além de ter se tornado uma mulher lindíssima, é também muito nobre e especial.
—Obrigado. — Ela ficou repentinamente tímida.
— Betina, nossas famílias também são muito próximas, não são?
— Sim. — Ela bebericou um gole do vinho — Você está estranho hoje, Rob. As rosas, esse jantar elegante e os elogios...
— Espere! — Então tirei uma caixinha do bolso e entreguei para ela — Quero dar um passo importante com você.
Ela abriu a pequena caixa de jóias e ouvi seu exclamar surpreso diante do anel.
— Isso é um anel de noivado?
— Sim, quero que aceite. Acredito muito que juntos formaremos uma família perfeita.
— Eu… Estou surpresa...
— E feliz?
— Sim... — A voz dela era vacilante — Você sabe que nutro sentimentos por você desde sempre e confesso que imaginei esse momento por diversas vezes só que...
— Só que...
— Parece que estou pulando uma etapa — ela suspirou. — Não deveríamos namorar antes de noivar? Quer dizer, nós nunca nos beijamos, então é estranho...
— Eu resolvo isso.
Me inclinei para ela, que arregalou os olhos. Ao passar o braço pela sua cintura a percebi muito rígida e nervosa, porém a puxei para mais perto, sentindo os seios fartos comprimidos em mim. Então a beijei com carinho e suavidade até que a respiração dela se acalmasse. Aos poucos ela correspondeu ao beijo e quando a deixei o rosto de Betina estava vermelho como um pimentão.
— Você já foi beijada?
— Cla-claro! Rob, eu já tenho vinte e dois anos! — indignou-se. — Mas porque? Eu beijo muito mal? — Ela ficou repentinamente preocupada.
— Você parecia nervosa.
— Eu só não esperava...
— Enfim, a parte do beijo já foi resolvida.
— Ainda assim...
— Querida Betina, sempre foi um fato concreto de que uma hora ficaríamos juntos. Prometo ser um bom marido.
— Olha Rob, eu nem sei como reagir. — Pegou a aliança e colocou no dedo — Cabe direitinho.
— Sim.
— Façamos assim. Eu aceito, mas quero que nesse início tentemos ser namorados. Ir ao cinema juntos, andar de mãos dadas. — Ela foi citando tudo o que esperava de um namoro.
Sinceramente eu não tinha muita paciência para romance, queria algo descomplicado, porém a vida me ensinou que as melhores coisas deveriam ser conquistadas.
— Concordo.
Betina sorriu. Ela parecia ainda não ter acreditado em tudo que estava acontecendo, que logo estaria usando meu nome. Eu não queria um noivado longo, mas também não deveria ser tão curto a ponto das pessoas começarem a ter ideias erradas sobre minha pressa.
No final a levei para casa onde ela morava com os pais e nos beijamos novamente. Ela pareceu ansiar por mais, no entanto a deixei sã e salva.
Quando voltei para meu apartamento fiquei em dúvida se deveria dar a notícia imediatamente para meu pai. Ele ficaria imensamente feliz, disso eu tenho certeza. Deixei para contar no dia seguinte, na empresa.
— Pois é, agora sou um homem comprometido.
No mesmo instante a imagem de Theodora me veio à mente e um arrepio me percorreu o corpo todo. Por sorte eu não mais a veria, caso contrário seria muito difícil continuar bancando o cavalheiro.