Capítulo 03
Robert
Eu sempre gostei muito de mulher, isso não é segredo para ninguém. Nunca passava muito tempo sem alguém para aquecer minha cama e quando vi Theodora a imaginei imediatamente deitada em meus braços.
Jamais uma mulher me atraiu tão rápido. Geralmente eu admirava a beleza em primeiro lugar e após uma conversa agradável conseguia avaliar o potencial de uma suposta parceira.
Com Theodora foi instantâneo.
Quando a vi já a quis na mesma hora e fui consumindo por uma certeza de que tê-la em minha cama seria glorioso.
Como não desejar aquela boneca de pele perfeita envolta num vestido tão tentador? Eu via as costas desnudas e tinha uma vontade enorme de descer minha mão pela carne macia até chegar ao quadril arredondado. E que sorriso!
Quando me cumprimentou eu pude observar de perto os dentes brancos e perfeitos, como pérolas em sua boca. Por um instante eu esqueci completamente de Betina. Se minha perfeita acompanhante percebeu minha agitação, não demonstrou qualquer sinal.
E quando Betina se enveredou numa discussão qualquer com meu irmão caçula, Cristian, aproveitei a oportunidade para buscar a mulher que atiçava minha curiosidade.
— Parece que gostou desse — eu disse, me aproximando sorrateiramente.
Ela se assustou e eu vi seus pequenos seios subirem e descerem rapidamente numa respiração agitada.
— Sim.
Enquanto conversávamos sobre os quadros não conseguia evitar admirar-lhe o corpo esguio. Eu sempre preferi mulheres mais fartas, com curvas insinuantes, seios que quanto maiores fossem, melhor. Theodora era o oposto. Mais alta que a maioria, magra como uma modelo e seios pequenos que deviam caber na palma da mão.
Eu ia convidá-la para beber algo na sacada, olhando as luzes da cidade, mas não deu tempo. Logo um rapaz se aproximou e a beijou de maneira possessiva.
Por que imaginei que ela estava só?
Obviamente que uma mulher espetacular daquelas não estava sozinha. O rapaz era o tal filho do Toninho e me surpreendi, pois meu pai disse que o rapaz era, digamos, diferente dos outros. Ele se enganou, suponho.
Logo me afastei, antes que minha decepção ficasse evidente. Me senti como um lobo afastado do galinheiro, com o estômago roncando de fome. Será que ela tinha um relacionamento sério ou seria só um caso? Se fosse a segunda opção, talvez houvesse um espaço para mim na agenda de Theodora.
— Aqui está ele! — Cristian disse, me entregando Betina. — Fique aí com seu cavalheiro perfeito.
— O que deu nele? — perguntei para Betina, pois meu irmão parecia zangado.
— O de sempre, ele zoa comigo, mas não gosta quando faço o mesmo com ele. Se não aguenta brincar, não desce pro play.
Não fiz questão de entender porque Betina e Cristian estavam se engalfinhando novamente. Logo o leilão começou e os quadros foram todos vendidos. Minha mãe ficou imensamente feliz, principalmente porque uma das telas foi disputada com bastante entusiasmo.
Todos os quadros foram retirados e logo os organizadores da festa liberaram o espaço para uma pista de dança.
Ninguém ousou dançar as três primeiras músicas, porém quando o ritmo mudou para uma batida latina, vi o tal Kaique arrastar Theodora para a pista de dança.
Apesar de certa relutância inicial, a misteriosa mulher se soltou rapidamente.
— Caramba, eles parecem profissionais! — Betina exclamou. Ela mantinha o braço envolto ao meu e estava realmente admirada.
O jeito como eles dançavam era muito sensual. Mesmo com o salto fino que calçava, a mulher de vermelho se movia com muita leveza. Os quadris balançavam de forma graciosa e parecia que a fenda do vestido revelava ainda mais das pernas a cada giro. Com certeza ela levava o namorado à loucura. Se uma mulher fosse capaz de se mover assim quando dança, como deveria ser então entre quatro paredes?
A dança terminou e todos aplaudiram. Theodora e o namorado voltaram para o lado de Toninho que parecia muito alegre por toda a atenção que seus acompanhantes desfrutavam. Eu conduzi Betina até eles.
— Que lindo vocês dançando! — Betina afirmou. — Quem me dera saber fazer só um terço do que vocês mostraram!
— O Kaique é ótimo em conduzir — Theodora disse, abraçando o namorado.
— Nós sempre dançamos juntos — Kaique confessou.
— Eu adoro dançar, mas não tenho muito talento.
— Meu filho é um excelente tutor — Toninho elogiou. — Filho, tira a moça para dançar.
— Aí, será que eu levo jeito? — a loira fala, olhando para mim como se procurasse minha aprovação para dançar com outro homem.
— Acho que é uma grande oportunidade de aprender alguns passos — incentivei.
Logo Betina foi para a pista acompanhada de Kaique que parecia muito animado em ensiná-la.
— E você, vai me ensinar também? — perguntei a Theodora que ficou vermelha.
— Não sei se...
— Não seja boba, Tessy! Dance com o Sr. Robert — disse Toninho, quase a servindo numa bandeja.
Ela concordou e deixou que eu a conduzisse pela mão. Diferente da mão macia de Betina, a pele dela era mais áspera e seu aperto mais firme, como o de alguém que teve uma vida árdua.
Para minha sorte a música do momento era uma batida latina mais suave, eu não estava interessado em piruetas e coisas do tipo.
Uma das minhas mãos pousou sobre a cintura bem desenhada, mas meu desejo era de descer um pouco mais...
— Você sabe dançar, Sr Robert? — A voz dela era suave e baixa, saindo quase que num sussurro.
— O suficiente para não passar vexame.
Fui conduzindo minha parceira para uma área mais ao canto do salão. A apertei um pouco mais contra meu peito e ela não pareceu se importar. Pelo contrário, a mão antes firme estava agora tombada entre a minha.
— Seu perfume é muito bom, Theodora. Só não combina muito com você.
— Oras, por quê? — ela me perguntou surpresa.
— Eu esperava algo mais cítrico, exótico, no entanto, você cheira à flor.
— Não é perfume, é apenas um creme corporal que usei, você não gostou?
Olhei fixamente no rosto dela, observando os olhos intensos, a boca bem desenhada com aquele batom vermelho que me lembrava um tomate suculento. Segurei dentro de mim a vontade gigante de sugar—lhe os lábios e provar todo seu sabor. Me contive.
— Eu adoro.
Theodora continuava me olhando fixamente e eu quis adivinhar o que ela pensava enquanto me encarava. Será que ela sentia as ondas de desejo tanto quanto eu?
De repente ela ficou vermelha e se descolou de mim. Continuei segurando-a para que não saísse.
— Acho que minha pergunta foi bem sem noção. Tipo, eu te perguntei se gostou do meu perfume… Fui inconveniente. — Ela ficou embaraçada.
Se Theodora estava fingindo um falso pudor, eu entraria na brincadeira. Sempre gostei de brincar com as presas antes de devorá-las.
— Não se preocupe, mesmo que não tivesse perguntado eu iria expressar o quanto gostei do seu cheiro.
— Oh!
— Você é uma obra prima como um todo e deve estar acostumada com o interesse dos homens.
— Acho que está exagerando, penso que o mundo está cheio de mulheres bonitas e a aparência não é suficiente para determinar alguém. E quero ser mais do que isso, mais que uma mulher bonita. Quando encontrar alguém especial, espero que ele enxergue além do meu exterior.
— Você disse: "Quando encontrar alguém especial...", esse ser especial não é o Kaique?
— Nossa, eu...
— Esqueceu dele? — ri alto, quando ela se deu conta da gafe. — O que vocês têm é sério ou só um lance? Porque acho que está muito nítido que me interessei por você no instante em que a vi.
— Sério? Eu não...
— Não percebeu? É impossível Theodora, que você não sinta quando um homem está te comendo com os olhos.
A mulher ficou sem reação e então parou de dançar. Só então percebi que outra música tinha começado a tocar e enquanto todos sacudiam o corpo ao ritmo de um axé antigo, nós dois apenas valsamos.
— Eu já tenho namorado... — ela disse, mas não parecia muito segura de suas palavras. Por um instante achei que ela lamentava.
— E é algo sério mesmo? — Estávamos parados ainda na pista de dança e eu segurava o punho dela.
— Sim, muito sério.
— É uma pena.
Ela voltou a me olhar com seus olhos deslumbrantes, despertando algo dentro de mim. Aquele olhar me consumia.
— Estou com calor e acho que vou procurar um copo de água — ela disse de repente e arrancou a mão da minha, como se estivesse voltando a si depois de um transe hipnótico. — Obrigado pela dança, Sr. Robert.
Theodora partiu quase correndo para o lado do Toninho e permaneceu assim até o fim da festa.
Eu ri sozinho. Ah, fazia muito tempo que eu não conseguia o que queria, mas ia respeitar o fato de que ela já pertencia ao tal Kaique. Minha cabeça entendia a situação, mas meu corpo permanecia energizado, ansioso e frustrado