Prólogo
Um casal em férias, perdeu seu destino e chegou a uma cidade que aparentava ser pacata. Essa cidade possuía uma rua central, com algumas lojas e casas de madeira, em ambos os lados. As poucas pessoas que andavam pela rua, olhavam para eles com as testas franzidas. Eles pararam e perguntaram onde estavam e se pediam informação de como saír dali. Indicaram que eles seguissem até o final da rua e perguntassem na casa grande.
Eles foram e um porteiro os recebeu e os indicou que parassem o carro em uma garagem lateral. Os conduziu até um escritório dentro da residência. Um homem imponente e bem vestido, os recebeu. Fez uma série de perguntas e insistiu que estavam mentindo, gritou, bateu os punhos na mesa, insistindo em que dissessem quem os enviou. O marido levantou-se aborrecido com o tratamento e enfrentou o homem, no que foi agredido sem piedade. Sua esposa foi defendê-lo e levou um soco que a derrubou ao chão.
Não satisfeito, a autoridade chamou seus guardas e os mandou prender e os torturar até que confessassem o que vieram fazer ali e como conseguiram chegar. Foram levados até uma escada, que descia para um corredor cheio de celas. O guarda os colocou em uma delas e quando fechou a porta de grade, uma gritaria lhes chamou a atenção e o guarda saiu correndo atendendo o chamado de seu líder. O casal não perdeu tempo e saiu da cela, subiu as escadas se escondendo e observou a grande confusão de homens e animais lutando. Ouviam muitos gritos e tiros, uivos e rosnados, dentro e fora da casa.
Quando o movimento de dentro da casa parou e os animais saíram da casa, o casal saiu de seu esconderijo e correu pelo salão em direção à porta lateral que levava à garagem. No meio do caminho, se depararam com uma mulher desacordada no chão e um bebe entre suas pernas. O bebê chorava muito e tinha acabado de nascer. A esposa pegou a criança e viu que ainda estava ligada no cordão umbilical. Achou um caco de vidro da janela quebrada e cortou-o. Arrancou a saia da mulher e enrolou a bebezinha. Aconchegou-a em seu colo e ela parou de chorar.
-Vamos querida, não podemos ficar aqui, eles podem voltar a qualquer momento. Vai levar o bebê?
-Sim, será nossa vingança pelo que nos fizeram.
Correram para o carro e deram graças a Deus por estar aberto e com as chaves na ignição. Saíram por trás da casa, pelo meio da floresta, rodaram até encontrar uma estrada e seguiram sem saber para onde, porém, conseguiram ajuda pelo caminho. Quando as pessoas olhavam para o bebê e escutavam sobre o parto na estrada, se moviam para ajudar. Chegaram em casa finalmente, assustados, feridos e com um bebê nos braços. Conseguiram registrar a menina com o nome de Betânia (significa casa da aflição em hebraico), por tudo que passaram no dia em que ela nasceu.
O que eles não sabiam, é que a cidadezinha é uma Alcatéia e o homem imponente que os tratou mau, é um homem/lobo e todos lá também são lobos, inclusive Betânia.