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Capítulo II - Lorde Barrington

Amir parou o carro em frente a uma mansão no bairro mais seleto da cidade, e antes mesmo que batesse, a porta se abriu. Um homem de meia idade e aparência distinta o examinou e, parecendo aprovar o que via, chegou o corpo para o lado, dando passagem para que o jovem recém-chegado pudesse entrar.

— Boa noite, senhor Borislav, Lorde Barrington lhe aguarda na biblioteca. —Disse o antiquado mordomo ao fechar a porta atrás de si. — Me acompanhe, por favor.

— Boa noite, Jorge! Como está o humor do nosso Lorde hoje?

— Seu tio parece estar de bom humor, senhor.

Não era a primeira vez que Amir era recebido naquela mansão. Costumava frequentá-la muito quando criança. Lorde Barrington foi casado coma falecida irmã de sua mãe, o tornando seu tio por afinidade, embora Amir não tivesse nenhum título de nobreza. Lorde Barrington também era um dos integrantes do conselho dos Élderes, que era o grupo de líderes dos clãs mais poderosos, com o objetivo de regular, fiscalizar e manter a ordem e a paz.

O clã de Lorde Barrington era o AncientLords, o grupo mais antigo e nobre de todos. Os AncientLords atuavam na regência devido à morte do rei Bóris, traído e assassino por um LordeDarknighter, clã atualmente liderado por Ezequiel Vladmir. Como o rei não deixou herdeiros, o conselho de Élderes tomou a posição de liderança.

Há alguns anos houve uma reunião entre os mais importantes membros do conselho e Amir havia sido convocado. Fora escolhido devido as suas qualidades como cavaleiro para uma missão entre os humanos. Seu pai, um valente cavaleiro e bravo general, conhecido por sua honra e coragem nas batalhas, também frequentava tais reuniões e ficara muito orgulhoso do filho e honrado com a escolha dos Élderes.

Depois de formalmente anunciado pelo mordomo, Amir entrou na biblioteca e cumprimentou com reverência o idoso de comprida barba branca e olhos muito azuis, que, apesar das rugas ao seu redor, emanavam força de caráter e importância.

Lorde Barrington apontou uma elegante cadeira de espaldar alto para Amir sentar. Provavelmente aquela cadeira já existia antes que Amir tivesse nascido, embora sua aparência fosse de nova, como se acabada de ser construída por algum artesão perdido no espaço/tempo humano.

— Conseguiu aproximar-se dela? — Perguntou o idoso ansioso, com um forte brilho nos olhos azuis.

— Sim, Milorde! Hoje consegui me aproximar e falar com ela.

— E o que achou dela? — O velho encarava Amir e cofiava a espessa barba branca.

— Não faz ideia de quem é ou de onde veio, apenas uma jovem comum. A propósito, o doutor Rodrigues morreu.

— Eu soube hoje pela manhã... Grande perda, era nosso aliado.

— Achaque foi acidente?

— Acidente?— O idoso balançou a cabeça negativamente. — Escute, meu jovem, nesse mundo não há acidentes ou coincidências, tudo tem uma razão. Ezequiel Vladmir deve tê-la encontrado e eliminado o médico.

— Como conseguiu encontrá-la depois de todos os esforços do conselho?

— Temos muitos inimigos, jovem Amir, inclusive entre os nossos, lembre-se sempre disso!

— Não consigo entender o que ele quer com ela. Pareceu-me uma jovem ingenuamente comum.

— A inocência da juventude... Muito poético, mas uma ilusão. Está se esquecendo da profecia, meu jovem.

— Perdoe-me, Milorde ,sem querer lhe faltar com respeito, não entendo como o conselho de Élderes pode levar a sério essa coisa de profecias e lendas. Por que simplesmente não mandamos um exército até Vladmir e o exterminamos da face da Terra?

— Fala como se Ezequiel Vladmir fosse uma barata no seu caminho....

— Ele pode ser forte, mas somos em maior número!

— Amir Borislav... — Disse o idoso sorrindo.— Você é exatamente como seu pai era quando jovem. Impetuoso, corajoso e afobado. A juventude tem a força e a beleza que a maturidade não mais possui, para compensar, o tempo traz aos velhos experiência e paciência. Precisa entender, Amir, que a vida de todos nós é mais importante do que seu desejo de lutar.

Amir engoliu seco nada satisfeito com as palavras do lorde. se Ezequiel era tão perigoso, por que perdiam tempo atrás de uma humana em vez de simplesmente atacá-lo? Infelizmente era apenas um soldado e como soldado lhe cabia obedecer ordens.

— O que devo fazer agora, Milorde? — Perguntou contrariado, ainda acreditando que se eliminassem Ezequiel Vladmir, não teriam mais preocupações.

— Deve se aproximar dela, conquistar sua confiança, deve estar por perto caso Vladmir tente se aproximar e fazer alguma coisa.

— Devo aceitar o convite que ela fez e ir à casa dela?

— Então ela te convidou para ir à casa dela? Muito bom! Sim, vá, e tente ser um jovem "ingenuamente comum".

— E se algum capanga de Vladmir aparecer e tentar algo contra ela?

— Se alguém tentar algo contra ela...Bem, meu jovem guerreiro, seja apenas você mesmo e cumpra seu dever!

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