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CAPÍTULO 1= HEITOR CASTELANI

Ravi Castelani andava calmamente dentro daquele aeroporto lotado de transeuntes, com passos firmes e confiantes. O seu porte físico e a sua forma de vestir chamavam a atenção das pessoas, que passavam e olhavam para ele, especialmente as mulheres. Ele sentia os seus olhares e sorria de lado, não negava que gostava disso, gostava muito de saber do seu poder de atração sobre elas. Mas não era do tipo apegado por isso não tinha apenas uma na sua vida, mas várias, sabia que ainda era muito jovem e não pensava em se aquietar tão cedo.

Ele não era como o seu irmão Heitor, que apesar de também ser bem apessoado, parecia mais com um monge, vivia para o seu trabalho e sua noiva e nunca se ouviu falar que tinha uma amante. Porém, agora ele estava contente, pois o seu irmão abriu os olhos e percebeu que aquela sua noiva não era tão apaixonada assim por ele como pensava. Embora Ravi tivesse uma leve desconfiança que ele também nunca foi tão apaixonado por ela, como ele mesmo imaginava, e enquanto pensava nisso, olhava na direção das pessoas que desciam as escadas do aeroporto.

Lembrando-se do seu irmão a pessoa que tanto admirava, e era justamente ele quem estava esperando, e enquanto esperava, passava como se fosse um filme na sua cabeça, todos os momentos bons de sua infância, ao lado dele e suas irmãs Mariã e Luna. Elas assim como ele, também estava morrendo de saudade de Ravi, por isso saiu correndo no meio de uma festa, quando o safado ligou para ele avisando que estava chegando no aeroporto de Guarulhos.

— Como assim Heitor? Por que não nos avisou que viria hoje?

— Queria fazer uma surpresa a você, aos nossos pais e logicamente aquelas marrentas das minhas irmãs!

— Cara tu é um tremendo safado, sabia? Só você mesmo para fazer isso comigo, me fazer sair no meio da festa da minha gata, para ir te pegar no aeroporto!

— Qual é Ravi não, reclama faz de conta que estamos brincando de *jacarandá! Riu Heitor da cara dele.

— Safado! Vou te cobrar tudo isso, e com juro ouviu?

Disse Ravi, rindo, pois estava feliz ao saber que veria novamente seu irmão, e melhor amigo.

— É mesmo? Então vai pensando aí como me cobrar, porque estou chegando, e não gosto de esperar muito não, sabia?

— Engraçado isso, vou aí te pegar, já até imagino a cara que os coroas farão quando te verem!

— Não sabe a saudade que estou deles!

— E eles de você, na verdade todos nós estamos.

— Vivi aqui nesse país por muito tempo Ravi, fiz isso por Aline, mas a verdade é que senti sempre que esse lugar nunca foi para mim, sinto saudades do campo dos meus cavalos e da liberdade que eu sinto existir somente aí, tenho saudade de galopar todas as manhãs antes do café, assim como nos ensinou.

— Sei disso Heitor, sei que diferente de mim, você jamais se acostumou com a cidade, você é parecido com a nossa irmã Mariã um bicho do mato, ela vive para o Estrela, e se ficar longe do haras pode até ficar doente! É como uma planta exótica que se tira do seu solo de origem murcha!

— Você conhece-me muito bem, e infelizmente foi por isso que o meu relacionamento com Aline acabou, já não aguentava mais as suas exigências. Ela jamais aceitou o meu estilo de vida, quando fui para Dallas avisei-lhe que seria por pouco tempo, no entanto, ela conseguiu me fazer mudar de ideia, então comprei aquele apartamento por lá. Mas nosso relacionamento acabou de vez mesmo, quando eu a comuniquei da minha decisão de vender o apartamento e comprar uma fazenda no interior do Texas, ela não aceitou a ideia, embora soubesse que eu odiava morar em Dallas.

— Não imagina como os nossos pais ficaram tristes com a sua decisão, naquela época!

— Posso imaginar, mas isso já acabou, pois agora estou voltando!

— Que bom meu irmão, você vendeu seu apartamento, no Texas?

— Não, deixei o apartamento para ela, foi a melhor decisão!

— Se quer saber a minha opinião, fico feliz que tenha deixado ela, aquela mulher não era para você, sempre mereceu coisa melhor!

— Por que sempre implicou com ela, hein?

— Tenho os meus motivos, mas basta você saber, que ela nunca me inspirou confiança, nem mesmo minha mãe gostava dela, as gêmeas então nem se fala!

— Bem, as gêmeas sempre implicaram com todas as nossas namoradas, nenhuma delas nunca são boas o suficiente para nós! Falou rindo Heitor.

— É verdade! Coisa de irmãs!

Falaram eles em uníssono enquanto riam, depois de desligar o telefone André chamou Francisco o motorista e disse:

— Francisco vamos para o aeroporto de Guarulhos, o Lucas está chegando!

O motorista que estava com o cenho franzido, abriu um enorme sorriso e falou:

— O patrãozinho Heitor!

— Sim, o pilantra resolveu fazer-nos uma surpresa!

— E que bela surpresa não será para o Dr. Eduardo e a dona Diana!

Ravi sorriu, e entrou no carro, agora estava ali no aeroporto vestido com um belo terno de noite, esperando o seu irmão enquanto consultava o seu relógio.

Ele sorria ao lembrar da cara aborrecida da jovem Hanna, quando lhe comunicou que tinha outro compromisso bem mais importante, e que teria que deixar a festa, mas infelizmente as mulheres teriam que aprender que ninguém era mais importante que a sua família.

Quando levantou os seus olhos observou o seu irmão descendo a escada, e sorrindo foi ao seu encontro, de braços abertos.

— Que saudades meu irmão, que saudades!

Eles se abraçaram e começaram a por os papos em dias. Heitor passou sete anos no Texas, depois de estudar e se formar em veterinária e zootecnia, ele aprendeu novas técnicas de cuidado com o gado e com os cavalos. Porém, no Texas só exercia a profissão de veterinário, no entanto assim como Diana, ele havia ampliado a sua fazenda, e o seu Haras, e tanto o haras Vitória, quanto o Estrela ainda eram os maiores da região de Sorocaba, sua família era muito querida por todos da região, as fazendas e os Haras empregaram muitos ali.

Durante esses sete anos que passou longe do Brasil, Eduardo e Miriã tiveram um cuidado todo especial por seu haras, ele sabia que não poderia ter confiado em melhores mãos.

— Não te entendo Heitor, sete anos de saudade do campo, mas não esteve trabalhando em várias fazendas do Texas?

— Sim, mas cedo demais aos gostos de Aline, que sempre gostou muito mais da cidade e acabei-me deixando levar por seus caprichos, e só ficava nas fazendas, durante os dias de trabalho, mas sempre voltava para Dallas por ela!

Ravi revirou os olhos e disse:

— Viu o que eu lhe falei Heitor, a Aline nunca levou em consideração o que você realmente sentia, perdeu muito tempo ao lado dessa mulher caprichosa, agora é hora de aproveitar a vida e voltar para o que sempre amou de verdade!

— Tem razão Ravi, vou realmente seguir teus sábios conselhos, agora me diz uma coisa, você ainda sabe montar, ou realmente virou um manequim de Shopping?

Ravi riu e perguntou-lhe: — Como assim manequim de Shopping?

— Olha para você, tá igual um almofadinha!

Heitor falava isso, enquanto ambos se aproximavam do carro, onde Francisco os esperavam, quando ouviu a pergunta de Heitor para Ravi, ele riu bastante, quando Heitor o viu o cumprimentou falando:

— Francisco, quanto tempo meu amigo está tudo bem? Como vai a família?

— Estamos muito bem, patrão, e o senhor?

— Ótimo! Melhor ainda, agora que voltei para o meu país, e para perto dos meus familiares!

— Que bom patrão, não sabe como fico feliz, pelo Senhor e por seus pais, que tenho certeza ficarão super felizes também, ao vê-lo novamente, afinal nada melhor que o filho voltando para casa!

— É verdade, gostaria de pedir que me deixe dirigir, sabe que eu adoro dirigir não?

— Ok patrão, fique à vontade! — Francisco sentou-se atrás no banco do carona junto com Ravi que comentou:

— Fique sabendo que eu ainda sou Ravi Castellani! Aquele mesmo que te fazia comer a poeira das patas do meu cavalo!

— Quando isso filhote? Não me lembro disso não! Lembro somente de um bebê chorão, que chorava enquanto admirava as patas traseiras do meu cavalo!

Brincou Heitor, enquanto dirigia calmamente naquele trânsito de São Paulo, rumo ao aeroporto onde estava o jatinho particular do seu pai, que os levariam para Sorocaba.

*Jacarandá brincadeira brasileira infantil que consiste em:

Um grupo de cinco crianças ou mais escolher uma delas para ser o rei que dará ordens aos demais.

O rei diz: "Jacarandá".

Os outros respondem: "Dá".

O rei: "Quem não fizer apanha?".

Os participantes: "Apanha".

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