Capítulo 6
Mesmo depois de dizer a Kim o que eu imaginava, ela permanece parada, não sei se está digerindo ou imaginou que eu estivesse maluca. E será que eu estava? Afinal, era uma mera coincidência a máscara, o mesmo modelo que foi encontrado no rosto da garota assassinada. Talvez eu estou. Lucas sustenta bastante o olhar no meu, e por estar distraída acabava respondendo a eles, me dava conta tarde demais para desviar.
— Acho que precisamos ir embora. - Kim fala de repente. Encarei seu rosto de perfil, mas ela evita olhar pra mim. Não a conheço o suficiente para saber o que se passa na sua mente.
— Mas já? - Gabi fez um bico, era nítido que estava muito bêbada. O lápis um pouco borrado era a prova disso.
— Posso levar vocês, já esta tarde, pode ser perigoso. - Lucas se ofereceu fazendo o resto da turma cochichar entre eles.
Estou ocupada demais com os meus pensamentos para responde-lo. O meu maxilar começa a doer de tão tenso que o meu corpo está.
— Estamos perto, mas, troquei telefone com as meninas talvez... - Kim começa.
— Claro. - Ele interrompeu. - Vamos marcar alguma coisa sim.
Com um breve aceno me despedi de todos e comecei a caminhar primeiro do que a Kim. Realmente estava muito assustada com a sensação de que alguém me observava o tempo todo. E eu não estava errada, as vezes percebia vultos entre as casas.
Ouço seus passos apressados e logo ela está andando do meu lado. Coloco a mão no bolso para mostrar a máscara, mas sinto sua mão evitando eu tirá-la.
— Aqui não. Não podemos confiar em ninguém. - Cochicha e aumentamos os passos.
Me jogo no sofá, sentindo os meus ombros pesarem. A dor se estende por todo meu corpo, até alcançar a minha cabeça e começar a latejar. Kim para na minha frente com olhos preocupados mexendo constantemente no cabelo.
— Deixe-me ver.
Retirei a máscara e entreguei a ela. Como eu já havia visto, não tinha nada, nenhuma pista ou mancha. Estranhamente cheirava novo.
— O que aquele homem falou? Me conta com detalhes, não podemos deixar nada escapar.
Ela sentou na mesa de centro, apoiando seus cotovelos na coxa, eu estava tendo toda a sua atenção.
— Pediu de volta. Falou que já era tarde, já que eu estava sendo observada. Não sei. Estou com medo.
— Ei, não precisa chorar! - Sua voz ficou suave e só assim percebi que lágrimas escorriam pelo meu rosto. - Não sabemos se isso é uma brincadeira, Rafa! De um péssimo gosto, mas é uma opção. Amanhã temos que ir ao campus, certo? Procuraremos esse professor e tiraremos nossas dúvidas.
Por mais que a Kim tenha passado horas e horas me confortando dizendo que tudo acabaria bem, eu não conseguia acreditar nisso. A sensação que aquele homem me passou foi de total desespero, ele realmente estava preocupado e estava longe de uma encenação, ele nem era tão novo para joguinhos.
Fechei os olhos e tentei relaxar, enquanto adormecia, encontrei os seus olhos autoritários.