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05

Reino de Egiths

Amanda e Arthur ICE

O garoto estendeu os braços olhando para a mãe, a convidando para um abraço, mas ela estava irritada por conta de suas saídas às escondidas.

— Não mesmo, não quero você se misturando com aqueles humanos nojentos!

Amanda ainda continuava preconceituosa, mesmo sabendo que o seu filho era um mestiço, ela não conseguia se controlar.

— Está bom, está bom.

O jovem concordava, como todas as vezes, apenas para que sua mãe deixasse de lado por um tempo, ele sabia que era preciso fazer tais coisas para ter o que comer, sua mãe não conseguiria fazer tudo aquilo sozinha.

— E então... como foi o seu dia?

A mulher perguntava colocando comida no prato do jovem, ela suspirava fundo tentando relaxar, eles não tinham dinheiro e muito menos fartura, por isso geralmente comiam pouco, a mulher havia cozinhado batatas e alguns pequenos pedaços de carne salgada. Era tudo que eles tinham para aquele dia, ela sempre conversava com o filho, dava para ver o amor que ela sentia por ele, a mulher quase sempre ficava com o seu sorriso estranho no rosto, Arthur já havia se acostumado, para ele era o jeito dela.

— Foi bom… eu acho.

Ele falava cutucando a comida no prato, o jovem estava sem fome.

— O Alfa falou algo com você?

Amanda perguntava e se sentava na cadeira em frente seu filho, parecia que o clima não estava muito bom entre a tribo por conta de alguns integrantes de outro grupo, Amanda tinha medo de que algo acontecesse.

— Ele não tem falado muito comigo ultimamente, mas Leonardo me disse que ele está querendo tirar satisfação com o outro pessoal… eles andaram pegando uns trabalhos nossos, e ele não gostou nada disso.

Arthur dava algumas garfadas enquanto falava, depois de trabalhar tanto ele imaginava comer algo suculento e gostoso, todos os dias ele retornava para casa passando em frente às barracas e imaginava o sabor dos pães e guloseimas. Enquanto lembrava das deliciosas comidas sua barriga faz um barulho alto de fome, ele então começa a comer o prato que sua mãe havia arrumado, o cheiro estava bom de qualquer forma.

O garoto estava sujo por conta do trabalho braçal que havia feito pela manhã, sua aparência era mais madura por conta de tais coisas, ele aparentava cansado a maior parte do tempo, isso o ajudava a se misturar no meio das pessoas, ninguém acreditava que ele era apenas um adolescente.

Enquanto Arthur comia o prato de batatas e carne, Amanda roía as unhas nervosa, ela sabia que o maldito Drogon iria tentar enfiar o seu filho nas batalhas bobas dele, o homem já tinha perdido muitos de seus homens nessas brincadeiras sem noção, ela não iria permitir que ele mandasse o seu filho para o campo de batalha.

— Está tudo bem mãe?

Arthur perguntava preocupado, a expressão de sua mãe estava aterrorizante.

— Sim… me avise se ele falar algo com você, ok? E não faça nada que ele mandar sem antes falar comigo.

Amanda reforçava, ela não deixaria ninguém tirar o seu filho de seus braços, era tudo que ela mais amava e tinha na vida.

— Tudo bem, não se preocupe.

Quando Arthur respondia, era interrompido pela tosse violenta de sua mãe, a mulher estava ruim de saúde, e mal conseguia respirar em alguns momentos, era visível que a cada ano sua situação piorava.

O jovem se levantava assustado, correndo até sua mãe, ele colocava a sua mão apoiando o rosto da mulher e fazia massagem em suas costas.

— Droga, mãe! Você precisa parar de usar essas coisas. Essas pedras vão acabar te matando!

O jovem já estava estressado com aquela situação, ele queria achar esses inimigos e matá-los com suas próprias mãos, ele sabia que só assim ele e sua mãe poderiam viver em paz.

— Não se preocupe, eu já irei tomar o remédio, a tosse vai passar.

Amanda falava tossindo e cobrindo a sua boca, ela não queria demonstrar fraqueza para o jovem, ela sabia que ele ficaria preocupado e se arriscaria para ajudá-la, ele era assim.

— Apenas coma, sei que trabalhou muito hoje, deve estar cansado, meu filho.

Ela tentava mudar de assunto, a mulher sempre fazia isso, Arthur suspirava fundo e retornava para seu lugar para terminar a refeição, em seu rosto podia ver a seriedade, ele tinha raiva, e faria qualquer coisa para proteger sua mãe.

Os dois passam o resto da tarde e noite juntos, o jovem não queria deixar a sua mãe naquele estado, era perigoso demais, ele tinha medo de chegar em um dos dias após o trabalho e encontra- lá no chão, em choque, já havia acontecido uma vez, e ele não se perdoava por não conseguir fazer nada para ajudar.

À noite, antes do garoto se deitar para dormir, ele vai ao quarto da mãe ver como ela estava, a mulher dormia tranquila, o jovem se aproximou, sentando ao lado da cama de sua mãe, ele passava as mãos no cabelo da mulher fazendo cafuné, ela ainda era linda, seu cabelo estava mais curto e ralo, seu fios caíram com o tempo por conta da pedra Ônix que gastava a sua saúde, mas para seu filho ela ainda era linda.

— Boa noite mãe.

Ele falava vendo um sorriso brotar no rosto da mulher, aquilo fazia o jovem sorrir junto.

Arthur se levantava e ia até a porta do quarto, antes de sair ele olha para trás, vendo sua mãe pela última vez antes de ir se deitar.

— Eu prometo que irei matar os malditos que te deixaram assim…

O garoto falava com ódio em seu coração, ele não dizia mentiras, sua mãe era a única pessoa que ele tinha, a mulher o amava e todos os dias dava sua vida por ele, usando as drogas e magia, tudo para protegê-lo, pelo menos era isso que ela dizia ao jovem. As mentiras envenenadas da mulher enraizaram cada vez mais no coração do lobo, o fazendo se tornar em um homem amargurado e raivoso, ele parecia cada dia mais com sua mãe, Amanda.

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