04
Reino de Egiths
Amanda e Arthur ICE
Amanda, havia saído do reino de Wisdy junto a tribo Ice logo após sequestrar o herdeiro de Félix, o bebê foi arrancado dos braços de sua mãe sem que ela nem mesmo tivesse a chance de se defender, a loba nomeou o pequeno filhote de Arthur, o jovem cresceu forte entre meio as raças mágicas e humanos nos assentamentos comunitários de Egiths.
Amanda, por mais louca que fosse, amava o seu “filho” acima de tudo, e nunca deixou que nada de ruim acontecesse a ele, mesmo com as dificuldades que vinham enfrentando desde que saíram de Wisdy, a mulher se esforçava para manter o jovem bem.
Ela contava histórias de sua terra natal, sobre a neve e o frio, palavras que o garoto não sabia o significado. Arthur sempre era humilhado pelos Ices por ser um mestiço, o jovem nunca havia entendido o que tudo aquilo significava, e tentava ignorar, sua mãe sempre dizia mentiras a ele, fazendo com que o garoto acreditasse em tudo que lhe era dito.
A tribo ICE com o passar dos anos, foi perdendo as suas forças, vários rebeldes atacaram e assim, diminuíram a força da tribo, que por fim, depois dos longos 15 anos de resistência, permanecia apenas com alguns integrantes, cada um vivia em uma casa no assentamento, vivendo suas vidas quase que normalmente, o mundo não era mais o mesmo, e a cada dia, as coisas ficavam mais estranhas, deixando todos com medo do que poderia vir acontecer.
Amanda sempre dizia ao jovem Arthur para que nunca contasse a sua verdadeira identidade aos outros, pois alguns homens malignos queriam matá-lo, eles precisavam viver discretamente, e assim o jovem lobo fazia. Ele se mantinha coberto por tecidos a maior parte do tempo, por conta do sol e do trabalho pesado no deserto o garoto aparentava mais velho do que realmente era, isso fazia com que fossem poucos os que questionavam sua verdadeira idade.
Sua mãe Amanda, estava doente e fraca, a cada dia que se passava a mulher sentia mais dores em seu corpo, as vezes não conseguia nem mesmo andar, Arthur sabia o motivo, ela usava um tipo de pedra junto a magia para protegê-los, ela dizia que precisava fazer tal coisa para que os inimigos não os encontrassem. Aquilo consumia a saúde da mulher, e o jovem ficava desesperado sem saber o que fazer para ajudá-la, muitas das vezes o ódio consumia o seu coração e tudo que ele queria era matar esses malditos que faziam a sua mãe sofrer tanto.
Arthur não sabia que essas tais pessoas que Amanda se referia e difamava, eram na verdade sua verdadeira família, a loba falava horrores sobre dos Fires, que eles a aprisionaram como um animal e iriam executá-la, mesmo ela estando grávida. Amanda dizia que eles eram monstros sem coração, que impediram ela de ficar com o amor de sua vida, Félix, mas que ela lutou até o fim para que permanecesse junto a seu filho, tudo não passava dos delírios da mulher, que envenenava cada dia mais a mente do jovem inocente, ele acreditava cegamente nas palavras de sua amada e frágil mãe.
Como a queda dos Ices, toda a tribo se tornou nômade, eles se tornaram pobres, e Amanda estava doente, o jovem garoto era forçado a trabalhar para alimentar e sustentar a sua casa, os outros lobos o evitavam, até mesmo o tal “Alfa” que sua mãe tanto puxava o saco, ia até o jovem apenas pedir favores e dar trabalhos pesados.
O jovem havia se transformado em um garoto amargo, tudo que ele queria era sobreviver e vingar por sua mãe, muitas das vezes ele aceitava os trabalhos sujos de Drogon, o Alfa dos Ices, para poder ganhar algumas moedas a mais, somente dessa forma ele conseguia o suficiente para comprar os remédios de sua mão.
Arthur, muitas das vezes trabalhava ajudando os humanos e outros seres, tanto na cultivação de alimento quando no mercado negro, o garoto era bom em conseguir informações, e isso lhe rendia um dinheiro bom. Amanda sempre pedia para o garoto evitar tais trabalhos, mas eles eram os que pagavam melhor, era a única forma de colocar comida mesa.
Era mais um de seus dias comuns no assentamento, Arthur estava de vigia no centro fazendo um de seus trabalhos, ele estava de olheiro, tudo corria perfeitamente bem, até que um homem começou o perseguir. Ele sempre ouvia de sua mãe para ser discreto, que havia pessoas querendo o matar por ele ser diferente, o jovem lobo nunca esqueceu essas palavras.
Arthur então correu sentindo o seu coração bater mais forte, ele sentiu que o cheiro do homem que lhe seguia era diferente, mas ele continuou a correr assim mesmo, ignorando aquela sensação estranha, ele correu muito para distrair o homem, e quando conseguiu, ficou calmo.
Ele verificou se estava seguro e logo depois voltou para a sua casa, ele precisava tomar cuidado com sua identidade, ninguém podia saber sobre sua idade ou nome, era isso que sua mãe sempre dizia, eles corriam muitos riscos de acordo ela, talvez, esse fosse um dos inimigos… Arthur pensava no cheiro dele, era diferente, o jovem não entendia o que podia ser, enquanto ele entrava pela porta de sua casa, uma voz o chamava, o arrastando de seus pensamentos que prendiam tanto a sua atenção.
— Arthur?
Amanda perguntava ao ouvir a porta da casa bater, ela estava nos fundos preparando algo para o garoto comer, ela sempre fazia o almoço para os dois partilharem juntos.
— Oi mãe, sou eu!
O garoto chegava anunciando, e logo ia até a cozinha ver o que sua mãe preparava, o cheiro estava bom.
— Não suma assim do nada sem me falar. eu estava quase ficando louca...
Amanda chamava a atenção do jovem, ele sempre saía às escondidas para fazer um trabalho ou outro, ele sabia que sua mãe não conseguia dinheiro o suficiente trabalhando para o tal ‘’Alfa”, e por isso, sempre se arriscava pelas ruas de Egiths.
Arthur se sentava relaxando o corpo e dizia a sua mãe.
— Tá tudo bem… fui só ajudar o senhor Roberto com uns negócios, ele vai me dar algumas frutas depois.
Arthur falava sério, olhando para sua mãe, Amanda via a preocupação que o filho tinha por ela, mas se negava a aceitar que ele trabalhasse para outras raças para conseguir o que comer.