4- Meu baba me olha com aquele orgulho árabe.
Meu baba me olha com aquele orgulho árabe.
—E eu não admito que fale assim comigo! Eu sei o que é melhor para você. E agora, você deveria beijar meus pés. Está se casando com um homem excelente. Nunca te faltará nada, além disso o destino colaborou com você, Amina morreu e você será a primeira esposa.
—Allah! Que tragédia! E... o senhor nunca me falou isso!
Meu solta o ar, com certeza exercitando sua paciência comigo.
—Verdade, eu te preparei independente do que o destino iria traçar para a sua vida. Acho que, no fundo sempre achei que você seria a futura esposa de Zair, de uma maneira ou outra. É a realização de um sonho, meu e de sua mãe.
—Quanto tempo ela morreu? —Pergunto tentando entender tudo isso.
—Há seis meses.
Eu fico com raiva.
—Rahmatullah! (miserircórdia) Só isso? Esse homem não deve ter sentimentos, morreu a esposa e já quer colocar outra no lugar. Ela só estava ao lado dele para conceber?
Meu pai me dá um olhar cuidadoso:
— Na verdade quem quer esse casamento é o Sheik Omar Salim El Mustafá. Ele não vê a hora que esse casamento aconteça. Quer que a alegria volte ao rosto do príncipe Zair. E que isso fique entre nós: As pessoas estão comentando pois ele tem cultuado a morte da esposa por muito tempo e como sabe é haran(pecado).
Um nó se forma na minha garganta com essa revelação.
—Allah Ele, então, sofre por ela? Quanto tempo eles estavam casados? Ela morreu de quê? — Pergunto elevando minha voz, impaciente.
—Calma Aysha. Eles estavam casados há um ano e alguns meses. Ela morreu no parto.
—Parto?
Meu pai funga.
—Sim.
—Então ele é pai de um bebê de seis meses?
—Sim, uma menina, ela recebeu o nome de Samira.
Afasto os olhos do meu pai e encaro minha mamãe por um tempo. Ela ouve tudo calada. Sua expressão não é de espanto.
Sim, ela já sabia de tudo.
Na verdade, eles estão felizes por eu me casar com o príncipe e também pelo destino me tornar a primeira esposa.
Dúvidas se levantam e apertam o meu coração:
—E o casamento com a falecida Amina? Como foi? Arranjado como o meu?
Meu pai acena um não com a cabeça.
—Não.
—Não? — Isso é ruim, muito ruim...—Pelo jeito ele amava a esposa.
—Filha, isso não importa!
—Não? Pai, ele ainda chora pela mulher morta. E a filha deve fazê-lo lembrar mais e mais dela.
—Não pense assim. Você tem tudo para conquistar o coração do príncipe.
—E o meu coração? Você pensou nisso?
Meu pai fica sem falas e eu me levanto do sofá.
—Baba, tudo bem. Farei meu papel de noiva obediente para o bem de todos, farei o que esperam de mim. É só isso que tem a me dizer?
Meu pai funga alto.
—Só.
—Então, vou para o meu quarto. Vou gozar meus últimos dias sendo eu mesma e não a sombra de meu marido.