Teatro
Giacomo
Desisto de mandar uma mensagem para Beatrice quando o carro para e percebo a chegada de mais alguns convidados para a viagem de volta com o Don, preciso conter a fúria colocando a melhor máscara no rosto descendo do carro para olhar o sorriso cínico costumeiro de Vincenzo. O que acende mais um alerta, eles não estavam na propriedade de Riina e Enrico não falou nada, então a primeira hipótese é que vieram para tentar algo na fazendo ou dois foram verificar algo diretamente para o Don.
O mais velho segue na frente subindo no avião ignorando completamente a presença de qualquer outra pessoa, a arrogância de todos os homens da organização vem de brinde com a hierarquia de poder, mas os irmãos acreditam ser os próprios filhos de Júpiter.
Seria um merda se não admitisse a boa genética dos irmãos, mas esses idiotas não enganam, por fora a fachada escondendo o esgoto.
É fácil reconhecer um semelhante.
Puxo os lados do terno abotoando um botão enquanto termino de subir as escadas, analisando a temática rígida e ensaiada dos dois que se sentam um ao lado do outro, a postura do mais novo sempre indicando a tendência de poder ao mais velho.
Desvio da aeromoça sentando no lado direito do avião em um assento no corredor, dando espaço suficiente para os quatro homens discutirem seus assuntos e ao mesmo tempo perto o suficiente para participar da conversa.
Existe uma tensão latente dentro do avião assim, que decola. Ignoro os irmãos fingindo mexer em algo no celular ao invés de tentar puxar um assunto, o que claramente o velho Sartori outra vez não suporta.
Quero uma limpeza nas contas de cada família. - Corta o silêncio com a ordem.
Senhor, deveríamos conversar sobre quando estivermos sozinhos. - Giovanni alfineta.
Troco um olhar silencioso com o Don, erguendo o corpo para sentar em outro lugar.
Continue onde está Giacomo. -Sento novamente analisando a fúria que passa pelo olhar deles. - Um fiel executor de longa data merece receber as honras da família, Giovanni.
É uma honra servir senhor. - Respondo calmamente.
O velho acena com um sorriso contido, qualquer que seja a merda que se passa na cabeça dessa raposa vai me colocar como um farol na mira de toda organização. Mantenho um sorriso forçado de realização para os homens analisando todas as reações. A aeromoça corta o momento servindo um copo de scotch para cada um, se retirando em seguida, guardo o celular no bolso do terno tomando um gole lento demonstrando calma e confiança para essas serpentes.
Com os últimos acontecimentos e a falta de resultado sobre o que aconteceu com Stefano precisamos de homens confiáveis nas cadeiras - Fala calmo, ressaltando a morte do idiota para relembrar o compromisso de buscar respostas.- Estou oficialmente passando o cargo e as posses dos Riina para os Costello.
Bernardi concorda com a cabeça lançando um olhar de respeito, enquanto Giovanni esconde a fúria e Vincenzo aperta com força o braço do assento. Seguro o sorriso mantendo a expressão blasé.
Acredito que com uma posição importante vem mais responsabilidades, já está com quantos anos Giacomo? - Bernardi pergunta.
Eu e meus irmãos estamos preparados para servir a Cosa Nostra, irei completar 36 esse ano.
O Don abre um sorriso de merda tomando mais do líquido âmbar fazendo o silêncio que permeia a curiosidade dos homens na sua frente.
A pressão pelo casamento conosco é menor, vocês dois são alguns anos mais novos mas por nenhum momento pensem que a hora de formar uma família não irá chegar. - Antes que Giovanni fala, Enrico ergue a mão silenciando tomando o restante da bebida. - Já Giulia está mais do que na hora de ser mãe, por sorte Giácomo não liga para a idade da sua irmã Giovanni.
Em nenhum momento fui consultado sobre isso senhor, além do mais a idade de Giulia não deveria ser um motivo para realizar um mau casamento.- O bastardo fala calmamente me lançando um olhar frio.
Que sorte então que a família Costello agora está mais do que alta estima com Don Sartori. - Bernardi corta. - Será um casamento grandioso.
Tem razão Bernardi, quero dar tudo que minha noiva desejar, afinal, dizem que o casamento é o grande momento das mulheres, depois da maternidade claro. - Falo sem nenhum esforço para abrir um sorriso enorme.
Ao contrário dos irmãos que se esforçam nitidamente para não avançar.
Não autorizei nenhum casamento Don Sartori, com a minha irmã. - Giovanni frisou bem a frase.
A caro, todos esses anos você não autorizou nenhum casamento com sua Sorella, por outro lado poupei-lhe deste trabalho, espero não serem contra a minha ordem. - Sartori falou abrindo um sorriso indiscutível.
Não. - responderam juntos.
O silêncio reinou dentro do avião como uma bomba reinando no espaço pequeno, o desgosto palpável nos rostos dos futuros cunhados, defuntos.
Espero que seja rápido em organizar contas Giacomo, casamentos são caros, especialmente para quem recebia como um executor. - Vincenzo abre a boca.
Cruzo as pernas mantendo a postura calma, quando tudo o que quero é bater nesse ridículo que deseja humilhar a minha posição.
Não se preocupe cunhado, gostaria de firmar na frente de Don Sartori que irei custear todo o casamento, abusei do pedido de camarões, será por minha conta.
O garoto tem bolas Sartori.- Bernardi fala rindo.
Enquanto os irmãos abrem um sorriso forçado
É um homem de palavra. - A frase curta e baixa somada ao olhar firme do Don deixa claro as suspeitas.
Aceno com a cabeça buscando montar qualquer coisa na cabeça que possa ajudar e a única coisa que imagino é ter que esperar para agir depois do casamento. Isso vai atrasar todos os planos e talvez alguns deles vão acabar saindo fora do traçado, recostei na poltrona aproveitando alguns minutos, agora que a oportunidade surgiu não existe a menor possibilidade de abrir mão dela.
Achei que nunca fosse se casar, Giacomo, fico feliz que mudou de opinião. - Vincenzo cutuca cortando o silêncio fazendo a atenção de todos recair sobre mim.
Nada como a mulher certa, cunhado. - Falou calmamente observando a veia saltando do seu pescoço. - Por mim casaria em três dias.
Solto a verdade vendo o olhar curioso de Sartori, enquanto Bernardi corta o silêncio raivoso dos irmãos com uma gargalhada alta.
Não vá tão afoito para a coleira, garoto. - Falou rindo.- Elas costumam ficar muito bravas com uma toalha fora de lugar.
Continuou gargalhando para disfarçar acompanhei.
Um casamento seria ótimo para acalmar as mulheres, Anna adora festas e pode ajudar Giulia enquanto lidamos com os negócios. - Abro um sorriso para o Don.
Prestes a responder sou interrompido.
Senhor, três dias não acredito que dê para organizar o casamento que minha irmã merece. - Giovanni argumenta.
Não duvide das mulheres, meu caro. - Ele ri. - Pensei em quinze dias de noivado e um mês para o casamento, o que acha Giacomo?
Acredito que seja perfeito, principalmente para que as mulheres possam interagir enquanto organizamos os negócios. - Concordo com o Don em um sorriso.
Ele bate palmas pedindo champagne a aeromoça para comemorar o noivado que acontecerá no domingo, chegaremos ainda pela madrugada de quinta em Nova York, o que vai me dar tempo de conversar com minha irmã e descobrir se Hunter conseguiu alguma secretária.
Tomo a bebida gelada confraternizando com os homens mais velhos que demonstram ansiedade em levar as boas novas para as esposas, devem estar se planejando para ficar livre delas pelos próximos quarenta e cinco dias. Enquanto tudo o que quero são mais motivos para estar com Giulia.
Ignoro a raiva palpável dos dois idiotas que precisam engolir a subida e o parentesco com os Costello.
Depois de mais duas horas dentro do avião, finalmente pousamos faço questão de acenar para meus futuros cunhados caminhando até o carro encontro com o sorriso de Giuseppe pelo retrovisor.
Preciso concordar com o soldado, meninas crescem e a minha se tornou uma mulher estonteante,dona de um sorriso meigo e tímido sem a menor noção do quanto me afeta.