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Capítulo 12 Garrafada de vinho na cabeça

Vitor queria ir à Sociedade dos Quatro Oceanos para cobrar a dívida mais cedo, mas foi obrigado a acompanhar Camila para almoçar. Ele podia sentir que, em comparação a antes, Camila estava lhe dando mais atenção e importância.

Era meio-dia quando os dois entraram no Restaurante Mar Egeu. Era o horário de pico, as mesas estavam repletas de clientes e o aroma era delicioso por toda parte. Do lado de fora, o luxo estava presente, havia vários carros de luxo estacionados.

Apesar da maquiagem bem elaborada das jovens presentes, a presença e o temperamento de Camila ainda se destacavam. Assim que entraram pela porta, muitos olhares impetuosos se voltaram para Camila.

Havia empresários bem-sucedidos, jovens filhos de famílias ricas com um histórico familiar de sucesso. Naturalmente, eram também jovens charmosos e confiantes. No entanto, Camila não olhou para nenhum deles, escolheu uma mesa no canto e se sentou, ela pediu dois bifes, uma salada e uma garrafa de vinho.

Camila estava vestida com um vestido no estilo urbano elegante, o que realçava ainda mais suas curvas sedutoras e graciosas. Suas pernas brancas e deslumbrantes, que por estarem sem meias aumentava ainda mais o nível de sensualidade, moviam-se e tocavam-se ocasionalmente, fazendo com que aqueles ao redor sentissem a boca seca com tamanha tentação.

— Depois de comer, não se esqueça, vamos ver a mamãe e voltamos para casa para jantar. — Vitor disse enquanto tomava dois goles de limonada para acalmar a fogo que estava dentro de si.

— Eu vou te ajudar a acalmar os ânimos da mãe. — Disse Camila, pegando o telefone de Lorena e olhando para Vitor. — Você não deve ir à Sociedade dos Quatro Oceanos cobrar a dívida.

Ela estava preocupada que, por influência da sua mãe, Vitor, acabasse se metendo em alguma confusão.

— Camila, eu ainda quero tentar. — Vitor respondeu após hesitar por um momento.

Ele havia deixado Lorena enfurecida na noite anterior e, se não conseguisse cobrar a dívida hoje, Lorena provavelmente o insultaria de todas as maneiras possíveis, e humilharia os seus ancestrais.

Mas claro que, o mais importante é que ele queria resolver logo a situação de Camila.

— Está me ouvindo? — Disse Camila num tom frio, o seu rosto se endureceu.

— Se eu não recuperar os dois milhões, a mãe vai me encher a paciência por um mês. — Vitor respondeu calmamente.

— Se eu disse para você não ir, você não vai. Por que toda essa insistência? — Camila estava impaciente. — Eu vou lidar com a situação, e mesmo que eu não consiga resolver, se ela quiser xingar e encher o saco, deixe-a fazê-lo. Ser xingado é melhor do que perder um braço ou uma perna. A dívida da Sociedade dos Quatro Oceanos é mais além do que você imagina, é muito perigoso lidar com eles.

Vitor ficou em silêncio, apenas continuou tomando a sua limonada.

— Está decidido. — Camila manteve sua postura firme. Ela perguntou friamente. — Quando você aprendeu as técnicas medicinais?

Se ela não tivesse visto com seus próprios olhos, jamais acreditaria que Vitor teria salvo Cecília. Até agora, Camila sentia que nada daquilo era real.

Um genro inútil que não fazia nada conseguir salvar Cecília de maneira tão eficaz e heroica. Ela temia que ninguém acreditaria.

— Quando fazia as tarefas domésticas, ligava a TV e assistia ao programa de ensino de medicina chinesa enquanto trabalhava. — Vitor explicou. — Com o tempo, e com as vezes que eu lia os livros de medicina dos meus pais, acabei aprendendo um pouco de medicina chinesa.

— Assistiu na TV? — Camila ficou surpresa e de repente se apercebeu que era o programa de medicina chinesa que seu pai havia participado uma vez.

Mas o programa era tão profissional e técnico, parecia um pouco entediante, quase ninguém da sua idade assistia.

Inesperadamente, Vitor não só assistiu, como aprendeu algo. Isso realmente explicava como Vitor conseguiu profissionalmente salvar Cecília, mas também explicava por que quando Renata foi hospitalizada há um ano, ele havia sido imprestável. Por que salvar Cecília realmente foi pura sorte, um tiro no escuro.

— Você foi muito audacioso e imprudente, tentando salvar uma vida só porque viu algo na TV? — Ao se aperceber disso, Camila ficou ainda mais irritada. — Se Cecília não tivesse sobrevivido você seria comido vivo. — Ela disse muito zangada, passou a manhã inteira preocupada, e mesmo agora ainda estava assustada.

Sem qualificação médica, se algo tivesse acontecido com Cecília, Vitor certamente seria preso.

— Eu só parti para ação porque tinha certeza. Por acaso, vi um caso semelhante no programa. — Vitor explicou novamente, com paciência. — Além disso, Cecília já não poderia ser mais salva. Eu apenas tentei o meu melhor.

— Deixe para lá desta vez. — Camila fez questão de o avisar. — Da próxima vez, não tente salvar ninguém de forma imprudente. Não ultrapasse os seus limites.

Vitor permaneceu em silêncio e não respondeu.

— Não estou preocupada com você, nem tentando te dar uma lição. — Disse Camila, seu belo rosto transmitia frieza. — Estou preocupada que você machuque alguém e envolva a família Marinho na confusão.

Vitor sorriu amargamente por dentro. Ele chegou a pensar que ela estava preocupada com ele, mas, afinal era apenas preocupação com sujar o nome da família Marinho.

— Senhorita, olá. — Uma garçonete bonita trouxe uma bandeja. — Este vinho é um presente do Sr. Thales, ele pediu para que a senhorita provasse.

Ela colocou a garrafa de vinho Bordeaux, no valor de cinco mil reais, na mesa de Camila.

— Um vinho como presente? — Camila e Vitor ficaram surpresos e seguiram o olhar da garçonete até verem um jovem homem, vestido de Armani, acenando e sorrindo.

Jovem, bonito e rico, de primeira vista um homem de sucesso. Além dele, haviam vários homens e mulheres bem apresentados, observando Camila e Vitor com sorrisos irônicos.

— Desculpe, eu não o conheço. Pode levar o vinho de volta. — Sem hesitações, Camila recusou o presente.

— Mas, senhorita, o Sr. Thales raramente é generoso assim. Espero que você possa aceitar. Deveria se sentir honrada que alguém como o Sr. Thales, tão bonito e rico, está se interessando por você, muitas mulheres esperam por uma oportunidade como essa. — A garçonete insistiu, com um ar irritada. — Não consigo entender por que você está recusando.

Não havia dúvidas que Thales era um frequentador comum do restaurante, e que provavelmente já tinha um caso com a garçonete.

Vitor permaneceu em silêncio, abaixou a sua cabeça e continuou comendo o seu bife. Afinal, custava trezentos e oitenta reais só aquela porção, ele não podia desperdiçar.

— Você é surda? — A voz de Camila tinha tom de frieza e antipatia. — Leve o vinho embora. Você está atrapalhando a nossa refeição.

Ela olhou para Vitor, ele permanecia calado, e uma sombra de desapontamento passou por seu olhar. Ela pensou que Vitor havia mudado após aquela manhã, mas afinal ele ainda era o mesmo covarde. Seu sangue fervente esfriou e se acalmou um pouco.

— Senhorita, estou tentando ajudá-la. O Sr. Thales é excepcional, e está te dando a oportunidade se aproximar dele, você deveria aproveitar. — A garçonete disse em tom irritado. Ela desprezou a atitude e a fala de Camila, achando que a mesma estava apenas fingindo desinteresse. Afinal, como ela poderia não querer um homem como Thales?

— Ele é cem vezes melhor do que o homem que está ao seu lado. Lhe garanto que se perder essa chance, você vai se arrepender. — A garçonete olhou para Vitor com imenso desdém. Para ela, Vitor não podia ser comparado a Thales Pinheiro.

— Saia! — Camila respondeu sem rodeios.

— Senhorita, já chega, pare com isso, não adianta continuar fingindo. — A bela garçonete insistiu, e olhou para Camila de cima.

— Quero falar com o seu gerente, chame-o agora. — Camila disse impaciente, e levantou a sobrancelha.

Naquele momento, Thales Pinheiro, que estava observando toda a situação de longe, pegou uma taça de vinho e se aproximou. Ele estava confiante, determinado a ganhar. Seus amigos também se aproximaram, entusiasmados prontos para assistir à cena.

— O Sr. Thales está sempre com tudo. Ele vai tomar a mulher de outro homem em público?

— Nenhuma mulher consegue escapar de Thales. Elas sempre obedientemente se jogam nos seus braços.

— Da última vez, uma subcelebridade disse para o Sr. Thales deixá-la em paz, mas ele acabou convencendo-a com dois milhões.

— Hoje vamos assistir a outro show...

Vários clientes começaram a comentar com esperança de que o ambiente não se tornasse caótico.

A bela garçonete de um sorriso confiante e presunçoso, ela acreditava que Camila ainda iria ceder.

Camila olhou novamente para Vitor, vendo que ele permanecia sem reação, e a decepção era maior ainda. Embora os dois não tivessem um verdadeiro relacionamento, legalmente ainda eram marido e mulher, e um marido deveria defender sua esposa quando ela é assediada desta forma.

Que covarde, que incompetente, que irresponsável. Ela lamentou ter tido uma melhor perspectiva dele de manhã.

— Olá, bela, meu nome é Thales Pinheiro. — Thales disse com um sorriso gentil. — Que coincidência nos encontrarmos aqui hoje. Será que você me daria a honra de um vinho e uma boa amizade? — Ele disse com um ar confiante e relaxado. Obviamente ele ignorou a presença de Vitor.

Camila não olhou para ele, apenas perguntou a Vitor:

— Vitor, está satisfeito? Vamos embora assim que você terminar.

— O Sr. Thales tomou a iniciativa de vir até aqui, por favor seja educada. Você vai se arrepender se chateá-lo. — A garçonete estava furiosa.

— Seja gentil com bela dama. — Thales acenou para a garçonete, então olhou para Vitor e sorriu. — Senhor, gostei da sua mulher. Vá embora assim que terminar a sua refeição. Você não é capaz de proteger uma mulher tão bela. — Enquanto falava ele jogou uma chave de um Ferrari e um cartão de acesso à Mansão Apollo.

Seus amigos gargalharam. A garçonete também olhou para Vitor com desprezo.

Os outros clientes observavam a cena de longe, viam o entusiasmo de todos enquanto esperavam pela reação de Vitor.

Assim que Vitor terminou o seu bife, pegou um guardanapo e limpou o canto da boca devagar.

Ao ver que Vitor o ignorou, Thales cerrou os olhos, esticou a sua mão e bateu no rosto de Vitor.

— Não entendeu o que eu disse? — Thales disse com um sorriso no rosto.— Você tem sorte de poder ter quem quiser, eu tenho inveja de você, mas no fim de tudo, isso não é uma boa coisa. — Ele sorriu, arrogante e sinistro.

— Sabe quais são as consequências de me dar um tapa na cara? — Vitor respondeu calmamente.

— Consequências? Como você é atrevido. Quero ver que consequências são essas... — Thales riu sarcasticamente, e tentou bater em Vitor novamente.

Desta vez, a mão errou o alvo.

Vitor se virou, agarrou Thales pelo pescoço e bateu sua cabeça contra um prato.

Os pedaços de porcelana voaram, suco misturado com sangue vermelho espalhou por todo o lugar.

Vitor não parou, pegou a garrafa de vinho e bateu novamente. A parte de trás da cabeça de Thales explodiu em sangue.

— Ahhh! — Thales se apoiou com as duas mãos na mesa, gemendo enquanto sofria.

Várias mulheres começaram a gritar, e os homens estavam pálidos.

Camila subconscientemente cobriu a boca e gritou, o desenvolver da situação superou as suas expectativas. No mesmo momento que ela sentiu um aperto no peito, ela também sentiu uma sensação de segurança pela primeira vez.

— Saia! — Disse Vitor, no segundo seguinte, enquanto chutava Thales para longe.

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